LP PREMIO SHELL PARA A MUSICA BRASILEIRA MILTON NASCIMENTO E GUERRA PEIXE 1986

LP PREMIO SHELL PARA A MUSICA BRASILEIRA MILTON NASCIMENTO E GUERRA PEIXE
1986
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O Prêmio Shell chega a sua sexta edição. Único prêmio nacional para a música brasileira, distingue anualmente duas personalidades de nosso mundo musical que, por sua carreira e conjunto de obra, tenham trazido grande contribuiçao ao engrandecimento de nossa música nos gêneros popular e de concerto.
Júris compostos por figuras de alto conceito do mundo musical escolheram para recebê-lo, em 1986, o maestro Guerra Peixe e o compositor Milton Nascimento.
Esse álbum é composto por seleções das obras dos dois autores. Através dele, a Shell amplia o alcance de seu programa de estímulo a nossa música, dentro de sua política maior de apoio constante à cultura nacional.

MILTON NASCIMENTO
No final da década de 60, Milton Nascimento se abateu como um furacão sobre a música popular brasileira. A voz de timbre inaudito, as harmonias inusitadas, a singularidade rítmica de suas canções - tudo conspirou para fazer de Milton Nascimento uma explosão musical de impacto incomparável.
Desde a entrada em cena, o estilo Milton Nascimento passou a ser a referencia mais fecunda da música brasileira. Todos - ou quase todos - compositores do Brasil se alimentaram de sua seiva harmônica e melódica, de Ivan Lins a Djavan, de Egberto Gismonti a Luiz Gonzaga Júnior. As alegorias de suas canções, feitas de imagens rascantes e fragmentos quase indecifráveis de utopia, ajudaram a criar a gramática poética dos áureos tempos negros, em que os marginais eram belos e os heróis, malditos.
Se tivesse um país mais próspero, Milton provavelmente tería se convertido na eterna repetição de si mesmo. Mas, ao contrário da postura narcísia do CLÁSSICO, conseguiu equilibrar-se na corda bamba da invenção, entre o tacape de I-Juca Pirama e os punhos de aço do Capitão Marvel Jr. : sua imaginação ambiciosa incorporou elementos de LATINIDADE e ROCK'N ROLL, para espanto do conservadorismo militante dos defensores das RAÍZES.
Talvez a capacidade de fundir musicalmente contradições tenha feito de Milton o PRE A PORTER do figurino neo-republicano. Contrabandeadas para o proscênio político, suas canções abandonaram temporariamente a escuridão originária e se mudaram em profecias de luz. Pompas de circunstancias. Longe das luzes da ribalta oficial, a arte de MIlton ja começa a empreender o regreso a província das trevas, onde se rentempera o espírito da música.
Geraldo Carneiro.

1
CRAVO E CANELA
SAUDADES DO AVIOES DA PANAIR
MENINO
TRAVESSIA
SAO VICENTE
MARIA MARIA
CAIS

GUERRA PEIXE
Nascido em Petrópolis em 1914, filho de pai português, César Guerra Peixe viveu um destino artístico que podería ser comparado ao de Bela Bartok na dedicação a música "nacional", na consistencia e concisão da obra, na vocação de pesquisador. Estudou violino com Paulina D' Ambrosio e composição com Newton Padua. Em 1944, foi introduzido por H J Koellreutter na disciplina dodecafônica - e sua SINFONIA Nº 1, em 1946 foi executada pela BBC de Londres. Hermann Scherchen convido-o a morar na Europa, depois de ouvir e reger o seu NONETO.
Mas Guerra Peixe tinha outra idéia da vida e da música: assinou contrato com uma rádio de Recife, onde se aprofundou por três anos em manifestações folclóricas como maracatu. Rompeu, então, com o dodecafonismo e em 1953 mudou-se para São Paulo, onde prosseguiu em suas pesquisas folclóricas. A fixação no Rio de Janeiro (1962) corresponde à sua plena maturidade artística. Díscipulo intelectual de Mario de Andrade, ele defende a impregnação do compositor pelos modos "nacionais" de fazer música - até o dia em que essa identificação seja tão completa que o artista componha sem nenhum esforço num idioma que ja não sera a repetição das grandes escolas "internacionais". Assim chegou às suas obras mais características - como - CONCERTINO PARA VIOLINO E ORQUESTRA. Mas ele também se tornou, por necessidade profissional, um dos maiores arranjadores da música brasileira. Seu domínio da orquestra é absoluto. O Guerra maduro, entretanto, tanto se revela em partituras como o MUSEU DA INCONFIDENCIA, para orquestra, como na música de câmara, em obras corais do mais fino acabamento e em peças para violão. Sua produção, relativamente pequena, é das mais fortes e perfeitas da moderna música brasileira.
Luiz Paulo Horta

2
DUETO CARACTERISTICO (no estilo nordestino)
Cussy de Almeida: violino
Sergio Assad: violão
SUITE NORDESTINA Nº 2
Miguel Proenca: piano

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