sábado, 15 de setembro de 2007

LIVRO - CASCALHO – HERBERTO SALES




CASCALHO – HERBERTO SALES

Circulo do Livro
Edição integral
Capa: Natanael Longo de Oliveira

302 pags

POSFACIO
Sergio Millet
É de 1944 a primeira edição de CASCALHO. Chamando então, a atenção do publico para a bela estréia do escritor baiano, observei, a par das qualidades excepcionais do romancista, certos defeitos decorrentes de sua inexperiência. A obra carecia, em particular, de unidade. O documento precioso e as anotações realistas da primeira parte diluíram-se na expressão algo demagógica da segunda. A critica social esmagava a realidade humana dos personagens.
Na segunda edição do livro, mostrou Herberto Sales que não somente reestudara as falhas do romance como ainda o escrevera por assim dizer de novo, procedendo a profundas alterações de estilo e composição. Ao mesmo tempo que torcia o pescoço a grandiloqüência, fazia de seus heróis homens de carne e osso. Quanto a filosofia social da obra, surgia ela então menos do comentário, sempre perigoso pela condição moralizante, que da ação dos protagonistas. Não mais hesitei, a partir desse momento, em classificar CASCALHO, de primeiro grande romance da região diamantífera. Vinha ele completar o quadro realista do colonialismo econômico brasileiro e, tal qual os romances da cana e do cacau, os da seca e do cangaço, de Jose Lins do Rego, Jorge Amado, Rachel de Queiroz, confirmava. Acentuando-as, as cores negras dos demais painéis.
Há em CASCALHO, além do valor literário, uma importante contribuição ao estudo do vocabulário e da sintaxe de toda uma região brasileira. Do ponto de vista do estilo e da língua será talvez, esse, o melhor e mais sedutor aspecto do romance. Acontece ainda que, ao contrário do que fizeram numerosos escritores regionalistas, não se trata, no caso, de uma anotação erudita e morta, e sim uma penetração viva e aguda, de uma comunhão real do autor com o meio descrito. Seus garimpeiros agem e falam sem esforço dentro do desenvolvimento normal do tema. Não se sente a presença de um observado, de caderninho e mão a registrar palavras exóticas ou metáforas curiosas para, com a matéria prima colhida, contar historias falsas, artificiais em sua trama e na psicologia dos protagonistas. Não, essa gente do garimpo é mesmo do garimpo. Ela está cinematografada na sua existência cotidiana e o autor compartilha suas ocupações, seus anseios, suas dores e alegrias. A tristeza e a miséria da situação econômica e social da zona diamantífera ressaltam violentamente, sem que, para as entendermos, se necessite assinalar-lhes a autenticidade com interpretações a margem.
Grande romance, em verdade, e merecedor do êxito que vem alcançando.
1956

O AUTOR E SUA OBRA
Herberto de Azevedo Sales nasceu em Andaraí, Bahia, em 21 de setembro de 1917. fez o curso secundário em Salvador, no colégio Antonio Vieira, após o que voltou para sua cidade natal, na zona das lavras diamantinas, onde exerceu efêmeras atividades comerciais.
Aos vinte e dois anos torna-se titular do cartório de registro de imóveis e publica alguns trabalhos avulsos na imprensa do Rio. Seu romance de estréia – CASCALHO, escrito em 1941, mas só publicado em 1944 – inaugura o ciclo temático da mineração diamantífera, em que o autor fixa os aspectos da vida dos garimpos, como o coronelismo, a capangagem, as explorações dos garimpeiros pelos donos de lavras. O êxito de critica alcançado por este romance faz com que Herberto Sales decida abandonar o cartório e mudar-se para o Rio de Janeiro, para dedicar-se ao jornalismo e a literatura. Trabalha na Empresa Gráfica O Cruzeiro, onde se torna chefe do setor editorial.
Em 1945, Herberto Sales faz a segunda experiência romanesca, com “Alem dos marimbus”, também ambientado em Andaraí, mas focalizando as atividades madeireiras de beira-rio. Resolve, porem, destruir os originais, para começar a recompô-lo em 1947 e publicá-lo em 1961. Seu terceiro romance – “Dados biográficos do finado Marcelino” (1965) – é um estudo de caráter tendo como cenário a cidade de Salvador. Publicou depois, “O fruto do nosso ventre” (1976). Estes dois últimos já foram editados pelo Circulo.
No terreno da literatura infantil, Herberto Sales também fez sucesso com o livro “O sobradinho dos pardais” (1969) – premio Christiana Malburg, de Belo Horizonte, e diploma de mérito do Hans Christian Andersen Award, que vem alcançando sucessivas edições. No gênero, publicou ainda mais cinco livros, também com aceitação muito boa. Essas obras tem a naturalidade narrativa, o toque de fantasia e o tempero ficcional que transparecem igualmente em seus livros de contos: “Historias ordinárias” (1966) do qual o conto “A emboscada” inspirou a Bruno Barreto um filme de curta metragem; “O lobisomem e outros contos folclóricos” (1970); “Uma telha de menos” (1970); “Armado cavaleiro o audaz motoqueiro” (1980)
Trabalhos seus já foram traduzidos em vários paises, sendo que CASCALHO – que ora o Círculo edita – já foi na Tchecoslováquia, Romênia, Itália, Polônia, Argentina, Coréia, Japão, alem de também ter sido aditado em Portugal. Desse romance disse o critico Wilson Martins: “Em conjunto, CASCALHO alcançou a categoria de admirável interpretação romanesca de uma cruel realidade”. E Genolino Amando: “Um impacto na inteligência e na sensibilidade, o daquele mundo tão profundamente humano em sua rudeza e macheza, banhado por um humor patético, em seu realismo tão pungente, realçado pelo que há de heróico e bravio nas figuras no cenário, nos lances inesquecíveis”.
Consagrado como um dos nossos mestres da prosa, Herberto Sales é desde 1971 membro da Academia Brasileira de Letras, tendo assumido, em 1975, a direção do Instituto Nacional do Livro.


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Um comentário:

Anônimo disse...

Gostaria de agradecer pelo texto sobre o livro o cascalho que para mim e meu grupo foi de grande valia pois somos de andaraí terra natal de Herberto Sales e fazemos faculdade de Licenciatura em História, e mesmo sendo da terra natal do autor, sofremos com a carencia de relatos e estudos mais afundo do próprio romance, não sei se você sabe mais tem 2 anos que foi gravado o filme" o Cascalho" aqui e tenho o DVD se quiser é so entrar em contato.
Everton Santos Azevedo, meu e-mail é everton_cpd@yahoo.com.br