quarta-feira, 19 de setembro de 2007

LP / VINIL MARTINHO DA VILA – CANTA CANTA, MINHA GENTE 1974



LP – MARTINHO DA VILA – CANTA CANTA, MINHA GENTE

RCA VICTOR
110 0002

1974
SERIE SUPER LUXO


Assim como todo brasileiro entende de futebol, eu entendo de samba, o samba nasceu na Bahia e foi ficar adulto no Rio. Ora, ninguém nasce na Bahia e vem pro Rio – por terra – sem passar por Caratinga. Logo, eu estava na rota, daí essa minha segurança. Tenho também um razoável passado como juiz de festivais da canção e sempre perguntavam lá de baixo o que é que esse cara esta fazendo no júri, eu respondia com eficiência atuação de quem acerta o resultado todo, sem errar sequer a ordem de colocação. Sergio Cabral é testemunha. Isto significa que: ou eu entendo mesmo da música popular ou sou um monstro para influenciar o júri.
Tenho, como se vê, justificativas de sobra para estar aqui; o Martinho é que não precisa do meu aval. Não sou ou quem vai dizer ao seu publico o significado do seu samba ( o que torna minha capacidade de influenciador totalmente inútil neste papo). Também não sou eu quem vai falar da qualidade do seu trabalho – nessa altura do campeonato – pois seu êxito permanente e duradouro é a explicação que se poderia fazer necessária.
Explico: tem um negocio no samba do Martinho que eu gosto de falar dele. É que eu conheço a briga que o artista tem para conseguir sua marca. Há, em todos os sotores da criação artística, uma quantidade de gente da melhor qualidade, cheia de ardor e talento, que passa uma vida buscando o caminho, o toque que defina sua sorte, o sinal que marque de maneira inequívoca sua presença na obra criada ou na comunicação estabelecida. Essa busca danada – no sentido mesmo da danação – tem o terrível dom de, muitas vezes, tornar falsa a criação, marcada mais pela angustia da procura do que definida como uma linguagem própria. Muito bom mesmo é suficientemente original para, desde o começo, falar – com qualidade – sua própria língua, inventar – sem doer errado – seu próprio código.
Martinho conseguiu isso desde o primeiro samba seu que eu ouvi. Era uma fala nova em todas as suas dimensões – o jeito preguiçoso e dolente de cantar, quase debochado, maravilhosamente brasileiro; o tempo absolutamente original de sua intenção melódica, amarrada de maneira integra a cada intenção poética, a expressão verbal com o mesmo som da melodia, tudo muito coerente.
Eu ouvi seus primeiros sambas e – honestamente comigo mesmo – perguntei apenas:
“Que é que isso?”.
Fiz uma coisa correta: esperei.
Hoje, aceitei com grande prazer escrever notas porque posso falar com certeza: Martinho é uma das figuras mais importantes da historia do samba no Brasil. Na galeria permanente dos estilos e das marcas – “Este é um samba de Noel! Isto é Ataulfo. Parece um samba do Paulinho da Viola”, essas coisas que se fala quando se ouve – podem botar o retrato dele. E, se por algum momento alguém pode pensar que o Martinho estava se repetindo, ouça esse disco. Ele está aqui, inteiro, com todo seu jeito, com toda a suas MARCA.
Com um detalhe muito importante, sempre novo, como as coisas definitivas.
ZIRALDO

MÚSICOS: Rosinha de Valença (violão e viola), Rildo Hora (violão e gaita), Valdir (banjo), Jorginho (sax alto e flauta), Manoel da Conceição (violão), Mane do Cavaco (cavaquinho), Copinha (flautim), Celso (flauta baixo), Moacir (oboé), Formiga (piston), Zé Bodega (sax tenor), Manoel Araújo (trombone), Geraldo (barítono), Flamarion (trombone baixo), Toninho (trompa), Maria Célia (harpa), Jose Roberto (piano elétrico), Luiz Imaginário (baixo), Chiquinho (acordeon), e cordas do Petter, tendo Pareschi como spala.

RITMO: Papão (bateria), Geraldo Bongô (tumbadora), Jorginho do Império, Serginho, Zeca da Cuíca, Gilberto, Jorge Garcia, Neném, Chacal, Everaldo e Luiz Carlos.


LADO A

CANTA CANTA, MINHA GENTE
(Martinho da Vila)

DISRITIMIA
(Martinho da Vila)

DENTE POR DENTE
(Martinho da Vila)

TRIBO DOS CARAJAS
(Martinho da Vila)

MALANDRINHA
(Freire Junior)

RENASCER DAS CINZAS
(Martinho da Vila)


LADO B

PATRÃO, PRENDA SEU GADO
(Donga, Pixinguinha e João da Baiana)

NEGO, VEM CANTAR
(Martinho da Vila)

CALANGO VASCAINO
(Martinho da Vila)

VISGO DE JACA
(Rildo Hora – Sergio Cabral)

VIAJANDO
(Martinho da Vila)

FESTA DE UMBANDA
Adaptação de Martinho da Vila

COMPRAR
tiendacafeconche@gmail.com

Nenhum comentário: