domingo, 30 de setembro de 2007

LP/ VINIL ABILIO MANOEL BECOS E SAIDAS 1978



LP - ABILIO MANOEL BECOS E SAIDAS

Som Livre 408 6175
1978
Especial promoção Invendável

Há pouco mais de dez anos, o inicio. Dessa época uma musica diz muito de nós: Catavento, fala da volta às coisas simples, a mulher amada; o abraço, os amigos, o canto profundo do homem da terra.
Terra, país, continente. Milho verde, Peão & Viola, Los Pueblos, a mesma coisa.
Todos somos um pouco de onde nascemos e muito do que vivemos.
Acima de tudo uma idéia: a música como uma bandeira comum do homem latino americano. Aquele que faz da canção sua luta sua vida, como diz Pablo Milanês, compositor da Nueva Trova Cubana, em Pobre del Cantor.
Dedico este disco aos meus músicos, os de agora e todos os que passaram e participaram da idéia do grupo Terra Livre. Assim como dedico o tema Canto da Terra ao compositor chileno Victor Jará, vitima de setembro de 73, e, Peão e Viola a Geraldo Vandré e Zé Feição, peão lá de Barretos (SP).
Domingo, As Moças da Minha Rua, menina da Bahia, Reis & Folias: retratos do nosso interior. Do interior de quem anda pelos becos da vida. Na busca incontida da lua, da saída, da volta...quem sabe.
Abílio Manoel.

LADO A

DOMINGO
(Abílio Manoel)
MENINA DA BAHIA
(Abílio Manoel)
LOS PUEBLOS
(Abílio Manoel e Halter Maia)
PEÃO & VIOLA
(Abílio Manoel)
REIS & FOLIAS
(Adaptação do Folclore de Abílio Manoel)

LADO B
CATAVENTO
(Abílio Manoel)
AS MOÇAS DA MINHA RUA
(Abílio Manoel)
CANTO DA TERRA
(Abílio Manoel)
POBRE DEL CANTOR
(Pablo Milanês)
MILHO VERDE
(Folclore Português)
COLHEITA
(Abílio Manoel)


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sábado, 29 de setembro de 2007

OS 13 MISTERIOS DO RIO - REVISTA JORNAL DO BRASIL 1994



REVISTA JORNAL DO BRASIL
OS 13 MISTERIOS DO RIO

ANO 19 – Nº 946 – 19 DE JUNHO DE 1994

OS 13 MISTERIOS DO RIO
Os mais curiosos enigmas da cidade como o tesouro de piratas que estaria escondido na Praia de Botafogo.

As 13 HISTORIAS MAIS FANTASTICAS:

TESOUROS, BRUXAS, FANTASMAS, MILAGRES E LENDAS QUE MARCAM A HISTORIA DO RIO.

Jefferson Lessa

A Baia de Guanabara seria um imenso caldeirão de bruxa? O Pão de Açúcar, os pés de um gigante que se deitou por aqui e formou as montanhas da cidade? Poucos lembram que o Rio tem seus fantasmas, suas bruxas e muitas lendas capazes de deixar povos com tradição em mistérios e enigmas, como os ingleses, tremendo de inveja. Com a ajuda do historiador Milton Teixeira – descendente de uma das primeiras famílias a morar na cidade e profundos conhecedor de tudo o que se relaciona com o Rio, que ele estuda há mais de duas décadas -, DOMINGO selecionaram os 13 maiores enigmas cariocas. Alguns mais conhecidos, como a Cabeça do Imperador, na Pedra da Gávea – a formação geológica que o folclore carioca transformou em escultura deixada aqui pelos habitantes do Continente perdido, a Atlântida. Outros surpreendentes, como a historia da Santa de Mármore que, caindo da torre de uma igreja, não se quebrou. Milagre? Talvez. Mistério, com certeza.

1 TESOUROS; Os baús da praia.
Um mapa francês anônimo, do séc. 16, indica que, no subsolo do Rio, existem pelo menos três desses baús cheios de ouro. O mapa foi encentrado pelo colecionador de livros antigos Santos Guerra e estava dentro de um livro espanhol de mil quinhentos e tanto, comprado num sebo de Paris...

2 RUINAS, A cidade perdida.
Sempre pensou-se que Estácio de Sá fundara o Rio nos arredores do morro Cara de Cão. O historiador Milton Teixeira formou uma equipe – que contava com um especialista em porcelana antiga e arqueólogos – e descobriu que o “berço” do Rio, na verdade, era o alto do Cara de Cão. Eles encontraram ate tijolos da cidade primitiva. “No século 16, o Pão de Açúcar, o Cara de Cão e o morro da Urca formavam a Ilha de Trinité. Ali viveu a primeira comunidade carioca...”.

3 FANTASMAS; Vagando no Municipal.
É uma historia que dá ainda mais glamour ao Teatro Municipal do Rio. Por seus belos e suntuosos corredores, reza a lenda, vagam fantasmas. “De madrugada, já ouviram-se violinos tocando sozinhos na orquestra”...

4 GALEÕES; No fundo do mar.
Cidade voltada para o oceano, é natural que o Rio seja pródigo em navios naufragados. O Aeroporto Internacional, por exemplo, foi construído sobre os escombros de um galeão português afundado no sec. 16. “Daí o nome do Aeroporto...” Há ainda um navio que esta submerso na entrada da Baia de Guanabara. “Era o Madalena, um misto de vela e motor, que bateu no costão do Forte da Urca e afundou...”.

5 CEMITERIOS; Túmulos e prédios.
Mistério carioca de arrepiar mesmo é o cemitério esquecido no subsolo do centro da cidade. Quem anda pela Avenida Rio Branco pode estar correndo os mesmos riscos que os personagens do filme “Poltergeist”. Ali existiu um cemitério nunca removido. As covas iam alem: tomavam a área hoje ocupada pelo quadrilátero Rio Branco/ Rua São Jose/ Praça Melvin Jones / e Rua Rodrigo Silva...

6 O SANTO: As armas da fé.
Durante a invasão francesa ao Rio, em 1710, na luta contra os corsários liderados por Jean Fraçois Duclerc, deu-se a aparição de Santo Antonio de Pádua. O santo teria sido visto lutando ao lado dos nossos soldados, conduzindo-os, é claro, a vitória. Logo em seguida os frades franciscanos mandaram construir um oratório em homenagem ao santo no convento de Santo Antonio...

7 BRUXAS; Poção da juventude.
O movimentado Arco do Telles, junto a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, já foi lugar de outras mágicas, nada a ver com o truque de multiplicar o dinheiro. Foi no final do século 18, quando no Arco – então um prédio decadente, projetado pelo mesmo arquiteto do Paço Imperial – morava dona Bárbara dos Prazeres. Suas profissões: prostituta e bruxa. A fama dela era macabra. Mas não na hora de fazer amor. Diziam que Bárbara fazia poções com sangue de crianças escravas recém-nascidas. Magia negra servindo a objetivos um tanto fúteis: preservação da juventude.
Feitiços que eram requisitados por gente importante, da Corte. Se a jovialidade da bruxa foi preservada, ela talvez esteja ainda pelo Arco do Telles. Quem sabe travestida de especuladora, apostando em pleno pregão na bolsa.

8 MILAGRE; Dura na queda
uma das historias mais intrigantes da cidade aconteceu há exatos 100 anos. Em 1894 durante a revolta da esquadra brasileira, uma bala de canhão disparada pelo encouraçado Aquidabã atingiu em cheio o topo da igreja Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores, na esquina de Rua do Ouvidor com Travessa do Comercio. Lá em cima a bela estátua de mulher em mármore, que representa a religião, foi atingida e caiu de uma altura de 25 metros, teve apenas um dedo da mão direita quebrado. Desde então ela é apontada como milagrosa. Quem quiser vê-la de perto, pode visitá-la no interior da igreja. A bala de canhão – que ficou mais danificada que a imagem – também se encontra lá, em um nicho da parede, cercada por grades...

9 O GIGANTE; Corpo na montanha.
A topografia do Rio favoreceu um mistério geológico.Trata-se do chamado GIGANTE ADORMECIDO, a imagem de um corpo humano deitado que pode ser percebida na cadeia de montanhas.
A cabeça seria a Pedra da Gávea; o corpo, o Maciço da Tijuca; e os pés; formado pelo Pão de Açúcar. O mais interessante é que este detalhe curioso da topografia da cidade casa com a lenda egípcia da íbis. O mito egípcio fala de um gigante deitado que traz, que traz amarrada aos pés, uma ave sagrada.

10 IBIS; Pássaro encantado.
A mitologia do Íbis fala de um passaro aos pés de um gigante, e que quando a ave romper as amarras e voar, o gigante levantará e indicará os destinos da humanidade. No Pão de Açúcar – aos pés do gigante na face voltada para Botafogo, em certos momentos do dia os raios sol formam a figura de um pássaro alçando vôo...

11 TUNEIS; Passagens secretas.
O primeiro convento de freiras do Rio, construído em 1742 no Largo da Ajuda (atual Praça Marechal Floriano), tinha nada menos que três túneis subterrâneos. As passagens foram descobertas em 1911, na administração do prefeito Benito Ribeiro, quando o convento foi demolido. O primeiro túnel ia ate o Hospício dos Barbonos, na Rua Evaristo da Veiga, onde hoje se encontra um quartel da PM.
O segundo ia em direção ao mar.
O terceiro todo revestido com tijolos, atravessava a praça e terminava no Morro do Castelo, justamente no local onde havia um seminário de padres. Com a construção do metro em 1976. Os túneis foram soterrados...

12 O ROSTO; Olhar de Imperador.
Roberto Carlos já procurou por ali um diamante cor de rosa. Os mais místicos porem, podem encontrar outros motivos para venerar a Pedra da Gávea.
Do alto de seus 80 metros, um rosto sereno contempla a cidade. De acordo com a lenda, a Cabeça do Imperador – ponto culminante da imensa rocha – representa um homem de barba e com capacete. Ela teria sido esculpida por habitantes da Atlântida, aquele celebre continente perdido no mar. Na dita cabeça sulcos lembram inscrições caracteres fenícios. Em 1932, o historiador Bernardo Silva Ramos traduziu as inscrições. Tudo registrado no livro INSCRIÇOES E TRADIÇOES DA AMERICA PRE-HISTORICA. Depois disso só mesmo lançando aquela clássica pergunta: Eram os deuses astronautas?

13 O COFRE; Santuário bélico.
Há uma lenda que corre entre alunos e funcionários do Mosteiro de São Bento.
Na belíssima igreja barroca, toda revestida de ouro, as estatuas que tem a imagens de papas que tem os dedos no sinal “V” da vitória são, na verdade, armários onde estão escondidas armas. O motivo deste “arsenal” seria o fato de o Mosteiro ter sido usado em diversos momentos como fortaleza, devido a sua privilegiada posição estratégica...

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tiendacafeconche@gmail.com

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

CD CIRO MONTEIRO MEU SAMBA MINHA VIDA


CD CIRO MONTEIRO MEU SAMBA MINHA VIDA

ABW 81472

MOVIEPLAY BRASIL
1994

Este álbum foi produzido em duas etapas, com um espaço de um ano entre elas. Esta interrupção se deveu ao falecimento do talentoso orquestrador e excepcional trombonista Astor Silva, tão prematuramente desaparecido.
Quatro faixas já estavam gravadas sob a direção musical do saudoso Astor e com a participação dele próprio ao trombone, com o conjunto de Canhoto, Orlando Silveira em uma seção rítmica de respeito cujos integrantes são citados verbal e nominalmente por Cyro Monteiro na gravação de Rosa mandou. Essas faixas são: Deus me perdoe, Rosa mandou , Jambete e Moreninha boa
Canhoto está presente, também, em duas faixas da segunda etapa de gravações; ele, os violões de Dino e Meira e u ritmo de primeira ordem dão ao Cyro o clima perfeito para os sambas Tristezas não pagam dívidas e Saudade dela. Nessas duas faixas, dá gosto ouvir o trombone personalíssimo de Raul de Barros, contraponteando, forrando harmonicamente, improvisando e dando as clássicas deixadinhas, tão do agrado do cantor.
As faixas Saquinho de dinheiro, Cara ou coroa, São Paulo, Decisão, Como a vida é e Regra do sei lá, foram gravadas com o acompanhamento do conjunto de Chiquinho, cujos dedos mágicos fazem fluir sons de verdadeira orquestra do seu inacreditável acordeon elétrico.
Onde há o coro vocal, está sempre o Joab com o seu coro místico
ISMAEL CORREA


Certa vez, um poeta foi visitar um cemitério, e ficou muito impressionado com os epitáfios. Sôbre as pedras de granito, existiam frases assim: “Aqui jaz fulano de tal que viveu uma hora e vinte minutos”. Sôbre outro granito, mais um dizer: “Aqui jaz fulano de tal que viveu duas horas”. O poeta ficou um tanto preocupado e na saída do cemitério, perguntou ao porteiro: - Afinal de contas, qual é o significado dos epitáfios que existem neste cemitério? – O porteiro respondeu que aquêle era um cemitério diferente, que o número de horas impresso nos túmulos, era relativo ao tempo de vida que a pessoa desaparecida tinha praticado, de bem, ao seu semelhante. Assim sendo, o homem que tinha morrido aos 70 anos, tinha sôbre seu granito apenas uma hora e vinte minutos de amor ao próximo, o outro apenas duas horas, e assim por diante.

Agora vamos passar ao elogio da vida, ou seja, à justiça merecida. Cem anos seriam 876.000 horas. Eis neste disco um vivo beneficiente; um sobrevivente que já tem êsse montante de vida debitado ao bem. Se a existência dependesse dêle, todos nós seriamos ricos e imortais, seriamos pródigos e bons. E êle canta e empresta a sua amizade desconhecendo a tática dos juros. E êle alegra o povo e penetra no povo como a chuva penetra na terra castigada. Esquecendo os epitáfios e os granitos, vamos entrar no mundo real, otimista, amigo e rítmico através da estrada sólida e brasileira que é a voz de Cyro Monteiro.
REYNALDO DIAS LEME.


SAQUINHO DE DINHEIRO
(Cyro Monteiro/Lilian de Matos)

TRISTEZAS NÃO PAGAM DIVIDAS
(Ismael Silva)

DECISÃO
(Etinha)

SAUDADE DELA
(Alcyr Pires Vermelho/Pedro Caetano)

MORENINHA BOA
(Fardel/Estevão Camargo)
REGRA DO SEI LA
(Eduardo Souto Neto/Alberto Paz)

DEUS ME PERDOE
(Humberto Teixeira/Lauro Maia)

SÃO PAULO
(Ricardo Galeno)

CARA OU COROA
(Eduardo Souto Neto/Alberto Paz)

ROSA MANDOU
(Avarese)

JAMBETE
(Lu Monteiro/Sergio Bittencourt)

COMO A VIDA É
(Cyro Monteiro/Dias da Cruz)
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terça-feira, 25 de setembro de 2007

LIBRO MARIO BENEDETTI - OBRAS FUNDAMENTALES




MARIO BENEDETTI
Obras Fundamentales

Tomo 14
Geografias

Primeira parte.

EDICIONES
LA REPUBLICA

REG S A
Garibaldi 2579
Montevideo Uruguay

La nostalgia y las noticias de la región lejana, la comarca soñada, la patria perdida: en Geografías todo es recuerdo, sueño y conjuro.
El exilado invoca a su tierra y la proyecta en narraciones y poemas entrañables que rescatan el quehacer cotidiano de los hombres, sus experiencias intransferibles, sus rincones más íntimos, en la búsqueda minuciosa, obsesiva, de una identidad que es la propria, la individual y al mismo tiempo, colectiva.


ESO DICEN
Eso dicen
Que al cabo de diez años
Todo ha cambiado
Allá

Dicen
Que la avenida está sin árboles
Y no soy quien para ponerlo en duda

¿Acaso yo no estoy sin árboles
Y sin memoria de esos árboles
Que según dicen
Ya no están?

AY DEL SUEÑO
Ay del sueño
Si sobrevivo es ya borrándome
Ya desconfiado y permanente
Y tantas veces me hundo y sueño
Muslo a tu muslo
Boca a tu boca
Nunca sabre quién sos

Ahora que estoy insonme
Como un sagrado
Y permanezco
Quiero morir de siesta
Muslo a tu muslo
Boca a tu boca
Para saber quién sos

Ay del sueño
Con esta poca alma a destajo
Soñar a nada tiernamente
Así me llamen permanezco
Muslo a tu muslo
Boca a tu boca
Quiero quedarme en vos.

PATRIA ES HUMANIDAD
Patria es humanidad
José Marti

La manzana es un manzano
Y el manzano es un vitral
El vitral es un ensueño
Y el ensueño un ojalá
Ojalá siembra futuro
Y el futuro es un imán
El imán es una patria
Patria es humanidad

El dolor es un ensayo
De la muerte que vendrá
Y la muerte es el motivo
De nacer y continuar
Y nacer es un atajo
Que conduce hasta el azar
Los azares son mi patria
Patria es humanidad

Mi memoria son tus ojos
Y tus ojos son mi paz
Mi paz es la de los otros
Y no sé si la querrán
Esos otros y nosotros
Y los otros mucho más
Todos somos una patria
Patria es humanidad

Una mesa es una casa
Y la casa un ventanal
Las ventanas tienen nubes
Pero sólo en el cristal
El cristal empaña el cielo
Cuando el cielo es de verdad
La verdad es una patria
Patria es humanidad

Y con mis manos de hueso
Vos con tu vientre de pan
Yo con mi germen de gloria
Vos con tu tierra feraz
Vos con tus pechos boreales
Yo con mi caricia austral
Inventamos una patria
Patria es humanidad

COMO GREENWICH
- Usted no es mallorquín, ¿verdad? – dice la adolescente desde la mesa vecina.
- ¿Cómo? ¿Qué? – se sobresalta Quiñones y casi se atora con jerez seco.
- ¿Lo asusté? – La muchacha no parecía burlona sino divertida.
- Me tomó de sorpresa, lo reconozco. Aquí en Palma no me conoce a nadie. Estoy de paso.
- Así que no es mallorquín. Ni siquiera español.
- Quememos etapas en la investigación: soy argentino.
- Me parecía.
- ¿Por qué? – Quiñones se fija más detenidamente en la chiquilina, de pantalones oscuros y blusa blanca, poco formada aún pero con futuro.
- No sé, por la raya del pantalón, por la manera de encender el fósforo, por el modo de mirar a las mujeres.
- Todo un progreso. Antes sólo nos conocían cuando decíamos yuvia, caye, yorando.
- Yo diría que tiene cuarenta y tres.
- Cuarenta y uno.
- ¿Se quita años?
Las maneras descaradas de la muchacha tienen cierta originalidad. Quiñones se siente a gusto.
- Yo soy uruguaya. Tengo catorce.
- Está bien.
- ¿No le interesa?
- ¿Por qué no? Pero la verdad es que estos últimos años no es extraño encontrar rioplatense en Europa.
- Me llamo Susana. ¿Y usted?
- Quiñones.
Susana había pedido una limonada pero aún no la había probado.
- Se le va a calentar esa limonada. No olvide que estamos en agosto.
- No me caen bien las bebidas heladas.
Rodea el vaso con una mano para medir su temperatura, pero tampoco ahora se decide.
- ¿ Le gustan todas estas suecas y holandesas y alemanas que desfilan aquí en el Borne y usted contempla con fascinación?
- Bueno, depende. Hay holandesas y holandesas
- ¿Cuáles le atraen más? ¿Las de pechitos gráciles o las de celulitis?
Quiñones la mira intrigado.
- ¿Dónde aprendiste semejante vocabulario?
- Ah, nos tuteamos, qué bien.
- Sí, claro.
- Bueno, no soy analfabeta.
- Yo diría que más bien demasiada alfabeto para tus catorce.
Susana queda callad, mirándose los brazos delgados, como si examinara la piel poro a poro.
- Siempre que tomo mucho sol me salen pecas.
- A mí también – asiente Quiñones, por decir algo.
- El dúo los pecosos. ¿sabés cantar?
- Desafino como un gallo sordo, ¿y vos?
- Yo desafino como cualquier violín.
- Todos desafinan. Si lo sabré. Mi tío era violinista y maullaba todo el santo día. O sea que suspendemos lo del dúo.
- ¿Por qué decís era violinista? ¿Ya no lo es?
- Ahora es carpintero. Desafina con el serrucho.
Cosas del exilio
- Ah, sos exiliada.
- Claro.
- No tan claro. Hay uruguayos y argentinos que no son exiliados.
- La mitad por lo menos lo son.
- Pero la otra mitad…
- Hijos de exiliados. Yo en realidad pertenezco a esa segunda mitad. ¿Y vos?
- A la primera.
- ¿Cuánto hace que saliste de Buenos Aires?
- De Tucumán. Buenos Aires no es toda la republica.
- Ta bien.
- Cuatro años.
- ¿Y qué hacés en Palma?
- Ahora estoy de vacaciones, pero normalmente vendo. Vendo publicidad. En toda España.
- Qué interesante. Yo vivo en Alemania.
- ¿Y qué tal?
- Bien. Son alemanes.
Quiñones sonrió y aprovechó para tomar un traguito de jerez.
- Decime un poco. ¿por qué empezaste a hablarme?
- No sé. Quizá porque no te conozco.
- ¿Ganas simplemente de hablar?
- No exactamente. En realidad, tenía que decirle a alguien que pienso suicidarme. Es demasiada noticias para levarlas a solas.
De pronto a muchacha se había puesto seria.
Quiñones tragó de nuevo, pero sólo saliva.
- ¿Viniste sola a Palma?
- No. Con mi viejo.
- Menos mal.
- Y con una amiga de mi viejo. Dentro de un rato vendrán a buscarme.
- ¿Y tu mamá?
- En Alemania. Hace tiempo que no están juntos. Ella también tiene un amigo, un compañero, qué se yo.
- Es por eso que querés suicidarte?
- Ah, lo creyó.
- ¿Era una broma?
- Nada de broma. Pero pensé que nadie me lo creería. No nos es por eso
El volvió a mirar la procesión de turistas. Por lo general, se quedaba aquí, en las mesitas exteriores del café Miami, por lo menos has que veía llegar la camioneta con los periódicos de Madrid. Entonces cruzaba hasta el quiosco y compraba dos diarios y alguna revista, a fin de no perder contacto con el mundo.
- ¿Vas a contarme más?
- Puede ser. Parecés buen tipo. A pesar de ese nombre horrible. Quiñones.
- ¿No te gustas?
- Francamente, es asqueroso. Claro que lo importante no es el nombre. ¿Sos buena gente o no?
- Creo que sí.
- Entonces sos. Sí no lo fueras. Habrías dicho que estabas seguro.
- Tenés tus métodos vos.
- Y sí. Hay que revolverse.
El camarero pasa con la bandeja vacía y Quiñones aprovecha para pedirle otro jerez.
- Ese debe tomarme por un corruptor de menores.
- O a mí por una corruptora de mayores.
- Que también las hay.
- Seguro. ¿Estuviste preso vos?
Volvió a sobresaltarse. Para disimular se quitó los lentes y empezó a limpiarlos con el pañuelo sucio.
- Tres años.
- ¿Estás solo en España?
- Solo.
- ¿No tenés mujer ni hijos?
- Mujer. Pero acordarte de que la que quiere suicidarse sos vos y no yo.
- Tenés razón. Pero me parece que no me tomás en serio.
- Te lo digo de veras. Quisiera no tomarte en serio. Sería más cómodo. Pero no.
- ¿No te extraña que quiera suicidarme en edad tan temprana?
- Sí pudieras hablar en un estilo menos periodístico, te lo agradecería. No, no me extraña.
- Nadie lo sabe.
- ¿Cómo nadie? Yo lo sé.
- Pero vos no vas a traicionarme. Digo, me parece.
- ¿Por qué no hablas con tu padre?
- No entiende un corno.
- ¿Y yo entiendo?
- No estoy segura, estoy probando, nada más. Sos bastante viejo para entender, pero tenés ojos jóvenes. Así que a lo mejor.
- Gracia por ese margen.
- ¿Cómo tengo yo los ojos?
- De desconcierto
- Vos también tenés tus métodos.
- Y sí. Hay que revolverse.
Ella se pasa las manos por los pantalones, en un gesto no premeditado, casi ritual.
- ¿Alguna vez probaste drogas? – deja caer Quiñones con el tono más natural del mundo.
- Sí, pero no sirven. No se acostumbraron a mí, ni yo me acostumbré a ellas. Incompatibilidad de caracteres.
- Mejor para vos.
- O peor, no sé. Lo cierto es que no marchó.
Quiñones registra la llegada de la camioneta y la descarga de los diarios madrileños, pero no se levanta, más tarde habrá tiempo. Por ahora permanece aquí. Junto a la muchacha.
- ¿También tu padre estuvo preso?
- Ajá.
- ¿Lo pasó mal?
- Ajá. Además, no me llamo Susana.
- No me digas.
- Me llamo Elena.
- ¿Y eso?
- No sabía si podía confiar.
- ¿Y ahora?
- Ahora creo que sí.
- Pues yo, lo siento mucho, me sigo llamando Quiñones.
- Lástima. Con la esperanza que tenía de que también fuera falso.
- Sorry.
- ¿Nunca tomás precauciones?
- A veces sí. Pero no tenés pinta de agente de la CIA.
Quiñones se decide a inaugurar la segunda copa de jerez.
- ¿Qué tal? ¿Está bueno?
- Nunca he probado jerez.
- ¿Querés que te pida uno?
- No. El alcohol me da urticaria. El alcohol y los tangos.
- Decime, ¿tengo que preguntarte los motivos de tus ganas de suicidarte?
- No son ganas. Es una decisión.
- Una decisión se toma por alguna causa.
- ¿En qué quedamos? ¿Me vas a preguntar?
- Bien, ¿por qué tomaste esta decisión?
- Cóctel de causas. Mi viejo, mi vieja, la amiga de mi viejo, el amigo de mi vieja, lo que ellos y otros cuentan de allá, lo que yo y otros encontramos acá.
- ¿Dónde es acá?
- Alemania, Europa, todo este camping. ¿Te gusta leer?
- Sí, pero no soy fanático.
- ¿Música?
- Ídem. ¿Y a vos?
- Ídem ídem. Pero qué importa.
- ¿Por dónde vas a empezar?
- Por el principio como los clásicos. Cuando vinimos a Europa, rajados, rajadísimos, yo tenía ocho. Mi hermano en cambio sólo tenía dos.
- Así que tenés un hermano, qué sorpresa.
- ¿Por qué sorpresa?
- Habría jurado que era hija única.
- En realidad, tengo taras de hija única. Pero además tengo un hermano. El no se acuerda de nada. Era muy chico. Yo sí me acuerdo. Una casita de dos plantas, con jardín, en Punta Carretas. ¿Conocés Montevideo?
- Estuve sólo dos veces, hace mucho, pero sé donde esta Punta Carretas. El faro, y todo eso.
- Te aclaro que desde mi casa no se veía el faro. Sí se veía la carcel.
- Lagarto, lagarto.
- Cuando llegamos a Alemania los viejos todavía estaban juntos. Juntos pero nerviosísimos. Discutían por todo. Menos mal que de noche hacían el amor.
- ¿Te consta, lo imaginaba o lo espiabas?
- Me consta el ruido que hacía elástico de la cama. Para mí esa señal era importante, no como precoz curiosidad sexual, entendeme bien, sino como prueba de que se necesitaban. Soy una tipa normal, después de todo, y quizá por eso no me gustaba que aquello se rompiera.
- Pero se rompió.
- Discutían muchísimo, sobre todo sobre política. Son de Izquierda los dos, pero la cagada es que no militan en el mismo grupo. Así que se echaban mutuamente las culpas de las derrotas. Yo entendía poco. Era desagradable. A veces me tapaba los oídos pero igual los oía. En cambio mi hermano lloraba a grito pelado y al final tenían que callarse para que él se calmara.
- ¿Tu hermano también esta en Palma?
- No. Quedó con la vieja. Nos repartimos. Uno y una.
- ¿Y qué más?
- Así pasaba el tiempo, hasta que de pronto una noche la cama no hizo ruido y me di cuenta de que aquello estaba fatal. O sea que no me tomaron de sorpresa la tarde que consiguieron impulso para decirme mirá nena, tenés que comprender, son cosas de la vida, papá y mamá se van a separar, etcétera. Lo peor fue el etcétera.
Elena, ex Susana, toma por fin media limonada, mientras Quiñones sucumbe a un bostezo incontenible.
- ¿Te aburro?
- No, muchacha, es el calor.
- Mirá que si te aburro, dejamos. ¿Sabés por qué te cuento toda esta historia patria? Porque nunca más nos vamos a ver.
- ¿Tan segura?
- Sacá la cuenta. Pasado mañana nos vamos y yo acabaré dentro de unos días. No lo hago aquí, porque los trámites serían más complicado para el viejo, y además no quiero arruinarle la vacación. Así que esta conversa es un chao al mundo.
- Primera vez que me siento mundo.
- Después el viejo se arregló con esa amiga, o compañera, que sé yo, que es compatriota, no faltaba más, y la vieja se arregló con su amigo o compañero, también compatriota, qué te crees. Todo queda en casa. La patria o la tumba. Ellos la patria y yo lo que sigue.
- ¿Y ahí hay muchos compatriotas?
- Unos cuantos. Se visitan y hablan todo el tiempo de allá. Que allá hay miseria y desempleo, qué allá clausuran diarios, que allá prohíben canciones, que allá confiscan libros, que allá persiguen, que allá torturan, que allá matan.
- Así es.
- Ya lo sé. Pero es como una noria, sobretodo para los que no vivimos todo eso, sino que simplemente lo escuchamos. Y de a poco vamos odiando aquel allá. Digo nosotros los que venimos chicos. Pensá que en Alemania mi viejo puede trabajar tranquilo, mi vieja también, y no los matan ni torturan, y los jóvenes estudiamos y tenemos amigos.
- ¿Y esas bellezas que tiene que ver con tu proyecto?
- Paciencia, Quiñones.
- Escucho.
- Un día mi hermano, que ahora tiene ocho años, o sea lo mismo que yo tenía cuando vinimos, se paró frente al viejo y le dijo que nunca más iba a volver al Uruguay, ¿qué te parece? El viejo case se cae de culo. Ya antes que le preguntaran por qué, mi hermanote dijo que aquel país era un país de mierda, y ahí el viejo perdió el casi y se cayó de culo. Te sintetizo las conclusiones para no aburrirte: quienes lo habían convencido de todo eso eran precisamente el viejo y la vieja y los demás de la tribu oriental. ¿Sabés lo que pasa? Hablan y hablan, discuten y gritan como se no existiéramos, como si fuéramos rocas y no esponjas. Pero somos esponjas. Absorbemos.
- ¿También vos sos esponja?
- Sí, pero un poco distinta. Vine más grande que mi hermano, así que pelo menos me acuerdo del jardincito de la casa de Punta Carretas. Pero entiendo a mi hermano y creo que su argumento tiene fuerza.
La muchacha habla con rapidez, se ha animado, y a Quiñones le gusta el brillo inquieto de aquellos ojos verdes. Se siente en la obligación de decir algo alusivo.
- ¿Querés que te diga una cosa? Si por casualidad no llegas a suicidarte, cuando tenga cinco años más vas hacer estragos en la juventud masculina.
Ella resopla, divertida.
- ¿En la juventud masculina de la RFA?
- En cualquier juventud masculina.
- Ahora me doy cuenta de que es un piropo.No te estarás enamorando de mi ¿eh?
- no, mija, quédese tranquila. Seguí nomás.
- Aunque recuerde el jardincito, eso no alcanza. No soy tan categorica como mi hermano. Pero yo tampoco pertenezco realmente a lo de allá. Puede ser que a Punta Carretas, pero no a todo el país, ni siquiera a toda la ciudad.
- Eso quiere decir que te sentís alemana.
- Ni pensarlo. ¿Me ves asimilada a la Kartoffelnsalat?
- Perdón a mí me gusta.
- Los porteños son distintos.
- Tucumanos.
- Son distintos.
- ¿Y por qué no te sentís alemana? ¿No hiciste aún buenos amigos, amigas?
- Jawohl. Buenos amigos, buenas amigas, buenos perritos, buenos gatitos, pero hasta los gatitos saben que no soy alemana.
- ¿Hablás con acento?
- Hablo un alemán mejor que el de Willy Brandt. Pero me falta el otro acento.
- ¿Cuál? ¿El del espíritu?
- Por Dios, no sea tan cursi, me da nauseas.
- Perdón, perdón. Pero ¿cuál es entonces ese otro acento?
- El otro, y chau. ¿Acaso hay necesidad de ponerle nombre? Ves, ese es un síntoma de que, pese a los ojos jóvenes, tenés efectivamente cuarenta y pico. Pertenecés a una generación que a todo le pone nombres.
- Exactamente. La generación del diccionario. ¿Y?
- La historia no es tan simple.
- Ya lo veo.
- A veces vivo con la vieja y su amigo. Me cae bien el ciudadano. Paternalista pero honrado. Otras veces vivo con el viejo y su Rosalía. Digamos que ella me cae menos bien. Admito que son prejuicios, nada más.
- Y nada menos.
- Pero entre medio hogar y medio hogar, me siento algo así como deshogarada.
- ¿Y ése es finalmente el motivo?
- Paciencia, Quiñones. Cuando se van los unos, me quedo en casa de los otros y viceversa. Pero una vez se fueron los cuatro, más bien los cinco, porque también viajó mi hermano. Dos hacia el Este, tres hacia el Oeste. Y yo quedé en el medio, como Greenwich. Toda una gran ciudad a mi disposición. Primera vez. Y entonces ocurrió.
Quiñones percibe que la muchacha ha perdido algo de su postura de Diana siglo XX.
- ¿Qué ocurrió?
- Poca cosa – dijo ella con voz opaca – Me violaran
- ¿Qué decís?
- Me violaran, Quiñones. Venía sola, de noche, y un tipo enorme salió de pronto de las sombras, igual que en las películas. Un clásico. Me llevó a los tirones hasta una obra en construcción. Con su manaza me tapaba la boca. Un gesto inútil. Porque yo estaba muda de panico, ni siquiera entreví la posibilidad de pedir auxilio. Cumplió su trabajo, se ve que tenía experiencia. Para mi fue un estreno jodido. Y fíjate lo que son las cosas. Mientras duró aquella porquería, de lo único que me acordara era, del ruido del elástico en la cama de los viejos. Ridículo ¿eh? Además, el tipazo decía cosas que yo no entendía.
- ¿Qué era?
- Imposible saberlo. Hablaba como en gorgoritos. Pero unos gorgoritos roncos. No sé explicarme. Bastante horrible.
- Te explicas perfectamente. ¿Y qué hiciste después?
- Cuando el señor se dio por satisfecho, me dio un golpe bastante duro y salió corriendo. Me levanté como pude, estaba toda magullada y sangrante, pero nada grave, así que pude llegar hasta mi media casa, la de la vieja, que estaba sólo a dos cuadras, y claro, no había nadie. De modo que nadie se enteró. Nadie se ha enterado todavía. Bueno, vos. Sos el primero.
- Pero ¿cómo no se lo contaste ni siquiera a tu madre?
- ¿Para qué?
- Debía haberte visto un medico.
- Quizá. Pero no me gustan esas revisaciones. Durante un tiempo tuve la preocupación de haber quedado embarazada. Y fui entonces que lo decidí. Quiero decir el suicidio.
- Pero si no quedaste.
- Claro que no. Por eso lo decidí. Si quedaba embarazada, tenía que vivir. Por el niño y todo eso ¿entendés? Y en ese caso no me habrían importado los problemas familiares, sociales. Ah, pero si no quedaba, tenía que liquidarme.
- No entiendo nada.
- Me imagino. Por eso es que no le he contado a nadie. Pensé que vos, por aquello de los ojos jóvenes. Me equivoqué.
- Pero Susana, Elena, qué se yo. Escúchame un poco.
- No sé si te habrás dado cuenta de que no lloro. Nada más para que no te lleven preso. Por molestar a una niña.
- Gracias. No sabés cómo aprecio el gesto. Pero escúchame.
- No es tan complicado. Allá no pertenezco. Aquí no pertenezco. Y encima me ataca y me viola alguien que no es de aquí ni de allá. A lo mejor era un marciano. Y ni siquiera me hace un hijo, que por lo menos sería de aquí. O de allá. O de samputa, para llamar de alguna manera la desconocida patria de bestia. Me hago un nudo, como ya te habrás dado cuenta.
- ¿Y sí empezamos por deshacer el nudo?
- No se puede. O quizá, a esta altura no quiero.
- Se puede probar por lo menos.
- ¿Pero no entendés? Desde aquella noche, estoy fuera de todo, como al margen. ¿Ves a todos esos suecos, holandeses, alemanes, que desfilan aburridos y rojos, frente a nosotros? Bueno, me importan un pito.
- Tampoco a mí me importan. Y no me violaran.
- Sí, reconozco que fue un argumento flojo. Pero también veo a mi madre y al compañero de mi madre, a mi padre y a la compañera de mi padre, y hasta mi hermano y a mis amigos uruguayos y a mis amigos alemanes, y tampoco me importan. Porque estoy afuera. Como se deja un objeto. Un objeto usado, averiado, para el que no hay repuestos.
- Acordate que dijiste que no ibas a llorar.
- Para que no te lleven preso. Tendrías que apreciar el sacrificio, porque en realidad tengo unas ganas bárbaras de llorar.
- Sin embargo, hay una cosa que para vos tendría que ser reveladora. El sólo hecho de que estés haciendo pucheros, de que tengas esas bárbaras ganas de llorar, eso significa que no estás fuera, que no estás al margen. Sí realmente estuvieras al margen, te sentirías seca, más aún reseca.
- ¿Y vos como lo sabés?
Quiñones ha tomado un cigarrillo y trata de encenderlo, pero la operación demora un poco porque al fósforo le ha dado un inexplicable temblor.
- ¿Cómo lo sé, eh? Porque yo sí he estado seco. Reseco.
Ella hace otro puchero, pero ya no de catorce sino de cinco años. Se domina otra vez y por fin acaba con la limonada. Va a decir algo, pero Quiñones percibe cómo de pronto cambia de expresión. Cómo se pone una mascara.
- Ojo, ahí vienen.
Todo un anticlímax. Porque el viejo y una mujer que seguramente es la Rosalba, se acercan con dos grandes e inútiles pasos de la gente que llega tarde a una cita.
- Ah, qué suerte que estás aquí – dice Rosalía respirando fuerte – Teníamos miedo de que hubieras cansado de esperarnos.
- Se nos hizo tardísimo – aclara el viejo – No podemos ni siquiera sentarnos a tomar algo fresco. Estamos citados en el hotel con los Elgueta, aquellos chilenos ¿te acordás? Que conocimos la otra noche en Barcelona.
- Papá, Rosalba – dice la muchacha mientras va recogiendo sus cosas – Les presento al señor Quiñones. Es un argentino de Tucumán.
- Encantado – dicen al unísono Quiñones, el viejo y la Rosalba.
- Ha sido muy amable el señor Quiñones – agrega la muchacha – No sólo me ha hecho agradable la larga espera, sino me ha convencido de que no me suicidase
Rosalba sonríe, un poco desorientada, pero el viejo lanza una risotada.
- Señor cómo dijo…
- Quiñones.
- Señor Quiñones, le pido disculpas por esta hija. Las cosas que dicen los jóvenes.
- Yo la encuentro inteligente y simpática.
- Es usted muy amable – agrega el viejo – pero ahora la llevamos y usted verá que paz.
- Gracias. Quiñones – dice la muchacha.
Como el viejo y Rosalba están ahora atentos a la aparición de un taxi , aprovecha a llevarse dos dedos a los labios y soplarle a Quiñones un beso clandestino.
- Por favor, tenemos que irnos – insta el viejo, esta vez con cierta angustia.
- Sí – dice Rosalba – Tu padre tiene razón. Vamos, Inés.

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segunda-feira, 24 de setembro de 2007




150 ANOS DE VIDA REPUBLICANA NA VENEZUELA

J.M. SISO MARTINEZ

2º Edição

Esta segunda edição da obra: 150 ANOS DE VIDA REPUBLICANANA VENEZUELA, de autoria de J. M. Siso Martinez, consta de 2.000 exemplares, todos fora de valor comercial. Terminou-se de imprimir aos 19 de junho de 1969 nas oficinas gráficas do Atelier de Arte, Rio de Janeiro, Brasil. C.G.C 33.212.689

Publicações da Embaixada da Venezuela no Brasil – n 3
Tradução de Regina Célia colônia

Sumario

A Revolução de 1810
O Dezenove de Abril
O Congresso de 1811
A Reação Realista
A Reação Republicana e a Guerra Mortal
Expedição de Morillo
Libertação da Nova Granada e Criação da Colômbia
O Congresso de Cúcuta
Vida Constitucional
A Terceira Republica
A Oligarquia Liberal e a Revolução de Março
A Guerra Federal
Governo Federal
A Autocracia Guzmancista
A Restauradora e o Século XX
Período Posterior a Gomes

A REVOLUÇÃO DE 1810

Os movimentos revolucionários do século XIX são um fato americano. Polarizam a atenção dos historiadores e sociólogos pela semelhança e homogeneidade com que ocorrem em todas as colônias. Suas causas são complexas, tais como o espírito de liberdade que atingiu sua mais alta expressão nos CABILDOS e os dedos sociais e econômicos ulterioresque, inseridos na grande evolução ideológica do século XVIII, deflagram o turbilhão revolucionário.

Na integração política e social da Colônia Venezuelana avulta uma nítida diversidades de interesses entre os CRIOLLOS e os iberos. Isto porque a Espanha concebia suas colônias como centros exclusivamente a serviço de sua fechada economia monopolista, que limitava o interesse comercial dos hispano-americanos. A metrópole exercia monopólio tanto no que respeitava as mercadorias, transporte e portos, quanto na proibição as colônias em estabelecer determinadas industrias ou mesmo manter comercio entre si.

No campo político, não era menor a repressão. Em conseqüência, os descendentes dos conquistadores, donos das grandes propriedades territoriais e, portanto, interessados em tomar parte na direção da coisa publica, afastam-se cada vez mais da Coroa.

Sobre este contexto histórico vai lavrar o grande incêndio revolucionário do século. As idéias dos enciclopedistas franceses, de outra parte, contribuem para acelerar a evolução ideológica, não só nas colônias americanas mas na própria Espanha. Propiciam as classes mais cultas uma doutrina a que vincular seus propósitos separatistas e chegam, de forma vaga, a contagiar as próprias classes subjugadas, como no caso da insurreição de Coro, protagonizada por José Leonardo Chirinos. Por outro lado, a Revolução norte-americana representa um exemplo que serve de incentivo aos colonos, pois se dão conta de que seus irmão do Norte tinham sido capazes de levar avante uma guerra de libertação nacional e criar o primeiro Estado filho dos princípios revolucionários de seu tempo.

Entretanto, as causas que determinam e aceleram o processo serão de ordem interna, aproveitando a conjuntura internacional determinada pela invasão napoleônica da Espanha. São testemunhos disto as series de inumeráveis agravos que as colônias apresentaram a Metrópole, compendiadas em 1817 pelo venezuelano Manuel Palácios Fajardo...

A intrincada política européia que resulta da expansão napoleônica será a determinante do movimento emancipador americano. A renuncia de Carlos IV em favor do Imperador dos franceses e a ascensão ao trono espanhol de Jose Bonaparte, deflagra a tormenta, na Espanha e na América. A nação espanhola não reconhece o usurpador e, no dia 2 de maio, o povo madrileno se levanta em armas e um poderoso movimento se alastra por toda a Espanha, organizando juntas que se encarregam do governo e da resistência. Entre as demais adquire singular importância a de Sevilha, que proclama os direitos de Fernando VII, o filho de Carlos IV.

Os acontecimentos da Península repercutem profundamente na Capitania Geral da Venezuela. Paul Lamanon, enviado com a missão de fazer reconhecida a autoridade de Jose Bonaparte, é ignorado e, como conseqüência de sua vinda, é jurada lealdade a Fernando VII. Os mantuanos aproveitam-se deste fato para propor ao Capitão General, Juan de Casas, a formação de uma junta similar as constituídas na Espanha. Apesar das evasivas de Casas, os nobres CRIOLLOS, tendo a testa Antonio Fernandez de Leon, se decidem a concretizar a idéia.....


O DEZENOVE DE ABRIL

O dia 19 de abril é a conseqüência lógica de todo o processo. O AYUNTAMIENTO venezuelano assume o controle político da situação, contando também com representantes dos pardos, do povo e do clero, o que lhe confere um caráter verdadeiramente revolucionário. A ata de 19 de abril é documento genésico da emancipação venezuelana. Consagra a separação política ao ignorar o Conselho da Regência e ao constituir-se em Junta Suprema, depositaria do povo em orfandade....

A Junta Suprema adotou sua própria política exterior. Enviou Simon Bolívar, Luiz Lopez Mendez e Andrés Bello a Corte da Inglaterra; Telésforo Orea, Juan Vicente Bolívar e Jose Rafael REvenga aos Estados Unidos; Mariano Montilla e Vicente Salias a Curaçau e Jamaica; e o cônego Jose Cortes Madariaga a Nova Granada

A Regência espanhola, no entanto, dava-se conto do exato significado do dia 19 de abril. As províncias que haviam seguido o exemplo de Caracas, estabelecendo suas próprias juntas, foram declaradas em rebeldias e sobre elas se abateu o bloqueio econômico. Os venezuelanos foram declarados vassalos rebeldes....

O CONGRESSO DE 1811

Congresso de 1811 – a 2 de março de 1811 reune-se em Caracas o primeiro Congresso venezuelano. Os deputados representavam as províncias de Caracas, Margarita, Cumuná, Mérida, Barinas, Barcelona e Trujillo. Sua reunião coincide com um extraordinário movimento revolucionário cuja extensão pode ser aquilatada através das paginas dos periódicos de então como “El Semanario de Caracas”, “El Mercúrio Venezolano”, “El Patriota Venezolano”, “La Gaceta de Caracas”. Neles se propõe uma analise sem rodeios da sociedade colonial, defende-se a liberdade de culto, a tolerância religiosa, o estabelecimento do estado laico, o problema da igualdade social, introduzindo assim elementos desagregação até então estranhos a vasta maioria da sociedade colonial. ...

A REAÇÃO REALISTA

A Constituição promulgada e o advento do novo Estado não trouxeram a Republica ideal anunciada pelos revolucionários. Pelo contrario, deram largas as contradições sociais, políticas e econômicas que o regime colonial havia estruturado e mantido. A reação realista não se fez esperar, decorrente de motivos mais profundos que os de uma simples fidelidade monárquica. Abrange estímulos religiosos, políticos e profundos sentimentos sociais, que acabarão por subverter a aparentemente estável estrutura colonial...

A REAÇÃO REPUBLICANA E A GUERRA MORTAL

O não reconhecimento da capitulação alijou toda possibilidade de convivência entre republicanos e realistas. Assim o confirmam escritores de um e outro partido. Urquinaona considera que a causa da verdadeira sublevação foi “o ver infringidos os tratados, violadas as leis e aviltada a razão e a justiça, por meio de repetidos confiscos, detenções e desterros arbitrários”.O mesmo diz Bolívar em seu Manifesto de Cartagena: “Ao ver cumprir-se à capitulação nos termos em que o foi, quem não haveria de ter esperado a paz, o bem do povo, o esquecimento do passado, tantas vezes prometido?” Mas, quando Monteverde estabelece “a lei da conquista” abre caminho à guerra...
Com esta campanha, que a historia batizou de ADMIRAVEL, Simon Bolívar faz sua aparição política. Daí em diante ate o ano de 1830 a historia da Venezuela e de grande parte da América se confunde com a sua. Quando da capitulação de Miranda, dirige-se a Curaçaue dali a Nova Granada, onde oferece seus serviços militares ao governo nacional. Na cidade de Cartagena publica o célebre Manifesto de Cartagena.
Este é o primeiro dos grandes documentos políticos do Libertador. Nele realiza uma alentada e perspicaz análise das causas que determinam a queda da Primeira Republica venezuelana. Nele se revela um pensador político de primeira água. Nele se encontram as características que farão de Bolívar um dos maiores escritores políticos de seu tempo...

Conseqüências da guerra – em 1815, Bolívar atribuía a Boves a morte de mais de 80.000 pessoas. José Domingo Dias, o historiador realista calculava em 131.847 os mortos entre 1813 e 1816. um oficial da Legião Britânica orçava em mais de 200.000 os mortos da GUERRA E MUERTE. Afirma: “não é arriscado afirmar que nunca houve um período, em nenhuma idade nem país, de que a historia recorde mais premeditada carnificina, maior crueldade na aplicação de torturas, piores que a própria morte.”...

Toda a economia venezuelana é destruída. Nenhuma das cidades conta com recursos. A única riqueza que é o gado, começa a desaparecer na voragem coletiva. Só algumas regiões como Guayana, onde não chegou a guerra, podem constituir alguma reserva. Os documentos da época, tanto os oficiais como os privados, testemunham uma situação estarrecedora.

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domingo, 23 de setembro de 2007

LIBRO - SHAKIRA OJOS ASI - ESTHEBAN REYNOSO




SHAKIRA – OJOS ASÍ

ESTHEBAN REYNOSO

DISTAL

ISBN 987 502 050 8

2000 by Editorial Distal

Impreso en Argentina – Printed in Argentina

“OJOS ASÍ” pretende mostraren forma rápida, por una cuestión de espacio, y amena, por una cuestión de estilo, la ascendente y a la vez sorprendente trayectoria musical de Shakira, esta exitosa cantante colombiana que trepó a los primeros lugares de los ranking de todo el mundo. Desde su comienzo hasta su explosión en el mercado latino con el multipremiado álbum “Pies descalzos”. Shakira mostró un estilo personal basado en su arrollante carisma, dominio escénico y en sus letras viscerales e inteligentes. El suceso que causó su cuarto disco“¿Dónde están los ladrones?” la convirtió en la nueva reina del pop latino, un mercado dominado exclusivamente por hombres.

Si bien Gloria Estefan la comparó con Janis Joplin y varios periodistas la llamaron “la Alanis Morissete latina”, Shakira es hoy mucho más que una promesa. Es la unica mujer capaz de competir de igual a igual con artistas de su misma generación como Luis Miguel, Rick Martin y Enrique Iglesias, y animarse a realizar el llamado “crossover” para ingresar en el mercado americano, tan difícil y cerrado para los artistas latinos, donde solamente un grupo de selectas estrellas dominan los charts.

Con sólo veintitrés años se convirtió en una sex-symbol que tiene miles de chicas imitando su look en todo el planeta y miles de hombres deseándola; es la artista más exitosa salida de la tierra de García Márquez y el café, además de ser la mujer latina que más discos vendió en todo el mundo (Ocho millones de copias suman sus cinco trabajos editados hasta la fecha)

“Ojos Así” descubre una mujer que le canta a la vida, al amor y a sus problemas, desde un punto de vista actual y propio. Su carrera, sus mejores fotos, la letra de sus mejores canciones, sus pensamientos y toda su discografía, en un especial dedicado a todas aquellas personas fanáticas de “la Diosa de la Luz”, este huracán llamado Shakira.
Estheban Reynoso

“Tengo muy buenos recuerdos de mi infancia. Recuerdo que comencé bailando la danza del vientre a los cuatro años. Lo hacía todos los viernes, en el acto cívico del colegio, y ya tenía aburridas mis compañeras de clase…Recuerdo a unos padres amorosos, con la que siempre tuve una gran comunicación. Recuerdo que le oraba a Dios cantando.”
Shakira

“Para mí siempre va a haber tres misterios indescifrables: cómo despegan los aviones, cómo se procesa el sonidoa traves de una consola de grabación y cómo nacen las canciones, porque creo no soy yo la dueña de mi energía creativa”
Shakira

“No tengo novio. Y no lo tendré al menos por este año. Es que los hombres distraen mucho y necesito máxima concentración”
Shakira

“Eran unas monjas vanguardistas, dentro de lo que su ambiente les permite. La educación religiosa reforzó mi inquietud por las cosas de tipo espiritual y me llevó a reflexionar sobre mis actos.
Reforzó también la austeridad en cuanto a los lujos materiales, que no son lo prioritario. A pesar de que vengo de una familia de joyeros, nunca uso prendas. Todas las joyas que me regala la familia se las paso a mi mamá…”
Shakira

“Aunque puede ayudarme, no me siento parte de esa explosión. Yo siempre hice pop/rock, mi sonido no es latino, no se limita a una geografía.
Además, después de una explosión quedan cenizas…
Espero no ser yo la que quede reducida a cenizas.”
Shakira

“Tengo lecturas variadas. Yo no admiro a los argentinos, sólo por el tango. Porque no había leído a García Márquez, pero sí a Oliverio Girando, o a Borges, me gustan ese tipo de poetas”
Shakira

“Soy una contradicción ambulante un cóctel de elementos de mundos diferentes y distantes que coexisten. Soy etérea y soy terrestre. Yo acepto todas las contradicciones. Y ellas se aceptan las unas a las otras.”
Shakira


“Se gastan millones y millones en una película para distraerlo a uno por hora y media. Absurdo ¿no? Pero de eso vivimos, de distracciones. Y me preocupa: ¿será que en mis conciertos pasa lo mismo? Yo me esfuerzo para dar algo más.
El arte es un poquito más que entretenimiento.”
Shakira

“Quiero hacer música por mucho tiempo, porque es lo único que sé, no sé hacer otra cosa”
Shakira


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sábado, 22 de setembro de 2007

LP / VINIL FEDERICO GARCIA LORCA - PACO DE LUCIA E RICARDO MODREGO



LP FEDERICO GARCIA LORCA
12 Canções para 2 violões

PACO DE LUCIA E RICARDO MODREGO

PHILIPS
6328 099

1973


“Cuando yo me muera
Enterradme con una guitarra
Bajo la arena” (1931) Federico Garcia Lorca

Sabemos que Federico Garcia Lorca desejou ser sepultado com uma guitarra. Como o poeta, a guitarra nasceu na Andaluzia e, por enganoso que possa parecer tal paralelismo cronológico nada nos impede de meditar sobre o fato de que Lorca havia consagrado a música e a guitarra suas primeiras confidencias artísticas.
Sabemos que a pintura e o desenho foram sua segunda paixão antes que a poesia escrita não arrebatasse completamente os recursos expressivos desse filho de Granada. Todos os biógrafos, enfim, insistiram na amizade muito viva que o unia a Manuel de Falla: talvez esteja aí o segredo do abandono muito precoce da música, pois, malgrado uma cortesia legendária, a vida, a obra e a ética do maior dos musicistas espanhóis tinham tudo para intimidar a vocação ainda malafirmada do estudante (Lorca se licenciou em Direito em Granada em 1923; Falla oferece então ao publico seu Ratablo de Maese Pedro. O concerto para o cravo só apareceria três anos mais tarde, Falla sería, a parti daí, de uma exigência tal que, pouco depois, só o silencio restou.)

Freqüentemente se insistiu no caráter terreno da poesia de Lorca, aos seus anos de juventude (passado sob o domínio familiar), o autor do ROMANCERO GITANO deve, entre outras coisas, uma rara faculdade de encerrar numa poesia, ao mesmo tempo direta e erudita, tanto a vivacidade andaluza quanto o seu “sentimento trágico da vida”.

O sucesso de Lorca junto a toda categoria de leitores não tem outras razões, não mais que o sentimento de autenticidade que ele procura, permanecendo sem cessar na vanguarda e atento as correntes mais avançadas da criação artística.

Este enfoque por certo esquemático da obra literária parecia necessário para uma justa apreciação da musica deixada pelo poeta pois esta, embora em grau de menor afirmação, revela exatamente as mesmas dosagens. Não se trata aqui do abandono de um “violino de ingres”, logo deixado por uma lira melhor, mas precisamente de um primeiro estado do pensamento criador de Lorca e quase uma primeira definição (musical, mas porque levantar barreiras entre as diferentes artes?) dos fins que ele pretendia tanto no lirismo escrito quanto em sua obra teatral.
Trata-se, com efeito, de harmonizações de cantos populares ouvidos desde a infância mas os quais o jovem musico (e aqui a influencia de Falla é muito sensível) se esforçará para dar uma feição em que o conhecimento e a precocidades do pormenor serão menos ornamentos superacrescentados que uma maneira refletida de lhes designar a crueza essencial, a universalidade expressiva. Quando a maneira dos dramaturgos do Século de Ouro (e de Shakespeare), nosso autor dramático entrecorta seus diálogos com adaptações novas de canções comparáveis características, ele não procede de maneira diversas, usando ornamentos cênicos (um ator cantarolando) para melhor fazer sentir o núcleo dramático. Nos poemas do mesmo modo, as precocidades da linguagem como as metáforas expressivas herdadas por vezes do CULTISMO de Gongora, não apenas não excluem mas ainda avivam a intensidade da evocação, liberando o sentido em vez de o dissimular sob o que chamamos, não raro por antífrase, as “flores de retórica”.
Retórica florida, justamente, como a de Lorca, paradoxo que por si só justifica e torna agradável, por exemplo, esta improvisação sobre os famosos CUATRO MULEROS (no começo da segunda face), no curso da qual o tema conhecido só aparece no final, depois de muitos acordes e outros tantos meandros melódicos, como de surpresa, de uma maneira de humor satisfeito profundamente espanhol (em graus diversos, a absorveção vale para todos os motivos celebres que aqui ouvimos: ANDA JALEO, SEVILLANAS DEL SIGLO XVIII, EL VITO, CAFÉ DE CHINITAS).

Por certo, todos estes motivos populares são andaluses. Nenhum outro seria suficientemente ajustado com a alma profunda de Lorca: aqui, ainda, a diferença se assinala diante das pesadas harmonizações que eram a regra de muitas escolas do começo de este século. Não são obras de aprendiz, mas musica de estética já madura, que sabe perfeitamente que campo deve ser cultivado, com exclusão de qualquer outro.

Sabemos que antes da morte de Lorca numerosos de seus poemas haviam tornado, por assim dizer, a sua origem, propagados pelas ruas anonimamente, ou eram ditos, espontaneamente, como expressão nova do mundo do qual haviam fixado a quintessência. Cumpre ver uma simplicidade menor nestas harmonizações sinuosas e confiadas a duas guitarras? Admiraremos, como nos poemas de maior vida, a finura da escrita e esta faculdade muito impressionante de ter, apesar de tudo, o ar de ser despojado ou pelo menos LÍMPIDO.

Notemos, enfim, que num desenho freqüentemente publicado, como num poema famoso, Lorca se refere à antiga guitarra, a de antes do século romântico, instrumento que só tinha cinco cordas. O futuro poeta havia aprendido musica (ele era também pianista) com sua mãe e sua tia; mal podemos crer que essa pratica familiar tenha sido preocupação da antiga tradição a ponto de não admitir senão um instrumento do século XVIII. Temos ai a simples preciosidade arcaica ou cumpre ver um efeito desse despojamento e desse gosto de sonoridades mais contidas dos instrumentos antigos, de que Falla se faz apóstolo? Eis um detalhe da legenda de Lorca que nem os musicólogos espanhóis nem os numerosos admiradores do poeta pensaram, parece, em esclarecer.
MARCEL MARNAT

Face 1:

Zorongo gitano
Sevillanas del siglo XVIII
Las Morillas de Jaen
Anda jaleo
Los mozos de Monleon
Los reyes de la baraja

Face 2:

Los cuatro muleros
Nana de Sevilla
Café de Chinitas
El Vito
Los peregrinitos
Las tres hojas

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LP / VINIL MERCEDES SOSA HOMENAJE A VIOLETA PARRA



LP MERCEDES SOSA - HOMENAJE A VIOLETA PARRA

PHILIPS

6347035


INDUSTRIA ARGENTINA


Chillán, la tierra de la arcilla alfarera, del hacha enterrada, del canelo y la diuca y de las más antiguas tradiciones autóctonas fue la cuna de Violeta Parra. Su poesia y su música o mejor, su palabra cantada, abrevaron en la fuente perenne del pueblo donde, como ella mismo dijera, "está la raiz de todo". Y esta verdad profunda ilumina toda su obra. Porque Violeta Parra fue poeta en el remoto y noble sentido del juglar: recorrió su tierra adentrándose en la realidad inmediata de su gente desde el pampino del norte ardido del salitre, pasando por el campesino de la zona central, hasta el sureño chilote, habitante de la selva y de la lluvia. Su música y su poesia, volcados en los ritmos de los viejos cantores populares, enriquece con precisa y honda autenticidad al Chile musical folklórico. Desaparecida por propia y trájica determinación, esta mujer extraordinaria, cuya sensibilidad le permitió transformar en canto las más intimas vibraciones del alma popular chilena, ha dejado una obra tan grande y rica como digna de difusión. Es por eso que ahora otra mujer, Mercedes Sosa, hija de nuestro pueblo, pone las excelencias de su voz para interpretar, recreándolas con su insuperable sensibilidad y calidez humana, una selección de canciones de la compositora chilena desaparecida. Hermanadas así, en el canto dos voces de la tierra, Violeta Parra y Mercedes Sosa, categorizan con su arte el sustrato telúrico del folklore para sumarse al canto original de América que desde el fondo sin nombre de los pueblos, rescata las clases que "se perdieron o se inundaron de silencio o sangre"
IVERNA CODINA













Arreglos: Kelo Palacios


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quinta-feira, 20 de setembro de 2007

LP / VINIL ARTHUR MOREIRA LIMA INTERPRETA ERNESTO NAZARETH

Lp - Arthur Moreira Lima Interpreta Ernesto Nazareth

Discos Marcus Pereira

MPA 2009

Duplo

1975

O poeta francês Blaise Cendrars quando esteve no Brasil, em 1924, disse a Mario de Andrade – tão logo se inteirou da excelência da nossa cozinha – que nós tínhamos cultura própria. Exultamos, não porque a Europa se tivesse curvado mais uma vez, ate porque os continentes não se curvam inclusive por impossibilidade física, mas porque a Europa aplaudiu. E Mario de Andrade comentou: teríamos, se quiséssemos. A tese do grande poeta lhe vinha da experiência e garantia que jamais conhecera um povo que, possuindo cozinha nacional, não possuísse cultura própria também. O fato é que uma realidade cultural que não existe dinamicamente, parece não existir e tende a desaparecer, principalmente depois que a cultura passou a ser objeto de consumo, produzindo lucro como as margarinas e os aviões F 5E. Por isso, não basta termos uma cultura própria, pois – na verdade – para a termos, é preciso, antes de tudo, que a queiramos ter, como disse Mario de Andrade, a quem imagino comentando “alem do povo, não estou vendo muita gente querendo, não”. Realmente, neste “Brasil estrangeiro”, (J.R Tinhorão), a cultura nacional é mais uma potencialidade do que uma realidade. E potencialidade, como se sabe, não agüenta desaforo.
Perguntaram-me, recentemente, se o modelo brasileiro de musica de exportação não seria o modelo Sergio Mendes – e a pergunta se apoiava no seu sucesso no mercado norte americano. Respondi, firmemente apoiado no som do “Quinteto Armorial”, que o exemplo apresentado era um exemplo de capitulação não a uma cultura mais rica, mais a uma cultura mais poderosa.
Estes discos representam a mais genuína cultura brasileira, como a goiabada-cascão das irmãs Alves, de Tietê. E nasceram de um encontro que tive com Arthur Moreira Lima, na casa de Sergio Cabral quando – para espanto dos nossos paladares – nos foi servido um bobó de camarão absolutamente inacreditável. Combinamos a gravação deste discos, sugestão que Sergio havia feito a Arthur, quando entrevistara para o “Pasquim”. Eles revivem Ernesto Nazareth, na interpretação magistral dos “ágeis dedos de feltro” de Arthur Moreira Lima, como diz Eurico Nogueira França no texto que acompanha estes discos, cuja leitura recomendo, com veemência. Revive também o piano, através de Arthur Moreira Lima, pianista patrício conhecido no mundo inteiro. Afinal (glosando Ferreira Gullar) o piano não foi inventado para humilhar o Brasil...
MARCUS PEREIRA

NAZARETH POR ARTHUR, ARTHUR POR NAZARETH.
Se ERNESTO NAZARETH e ARTHUR MOREIRA LIMA fossem contemporâneos, não tenho a menor duvida, seriam amicíssimos um do outro Arthur freqüentaria diariamente o cinema para ouvir o Nazareth tocando na sala de espera, e Nazareth não perderia uma apresentação de Arthur no Teatro Municipal. De vez em quando mudariam, Nazareth tocaria no Municipal e Arthur na sala de espera do Cinema Odeon.
Foi pensando nisso que sugeri ao Arthur e ao Marcus Pereira a edição deste álbum. Por que não formalizar de uma vez o tal encontro? Na definição do próprio ARTHUR MOREIRA LIMA, a musica de ERNESTO NAZARETH é “popular na intenção e erudita na forma, conteúdo e profundidade” A mesma coisa se pode dizer do interprete ele também é popular na intenção, um cara capaz de comprar um aparelho de radio potentíssimo somente para ouvir, em Viena, onde mora, com mais nitidez, o programa do Adelson Alvez que passa as madrugadas cariocas a transmitir musicas dos sambistas das escolas de samba e dos sanfoneiros nordestinos.
ERNESTO NAZARETH, nascido no Morro do Pinto (então Morro do Nheco) em 1863, era aquele camarada de classe media mais para baixa do que para alta, que não pode aperfeiçoar seus estudos de piano na Europa porque não tinha dinheiro, que perdeu o emprego de terceiro escriturário do Tezouro Nacional (salário 83$333) porque não sabia inglês, que vivia de vender suas musicas para as casas editoras da época, de dar aulas particular de piano, de tocar em casas de famílias, clubes, cinemas e nas próprias casas editoras (naquele tempo, essas casas tinham sempre um pianista a disposição da distinta clientela a fim de mostrar as musicas postas a venda)
Na sua cabeça, no seu coração e nas suas mãos de pianista, misturavam-se Chopin, Quincas Laranjeiras, Beethoven, Satyro Bilhar, Liszt, Anacleto de Medeiros, etc. Enfim, era um artista que, depois de executar a mais sofisticada musica erudita, metia-se numa roda de tocadores de choro, naquele mundo de ferroviários, soldados, carteiros, guardas municipais e operários do Arsenal da Marinha – tão bem descrito por Alexandre Gonçalves Pinto em seu livro “O Choro”. A propósito desse livro – hoje, uma preciosidade pelas informações e pela raridade – é bom que se saiba que Alexandre Gonçalves Pinto era um humilde funcionário publico e tocador de cavaquinho, que um dia, não se sabe como, conseguiu recursos para publicar tal livro, feito na base de pequenas biografias de quase 300 instrumentistas de choro do fim do século passado e do principio deste. Alexandre não era propriamente um escritor e por isso o livro é aberto com uma carta de Catulo da Paixão Cearense: “O prefácio que me pediste para teu livro fica para uma outra vez. Não te posso ser útil nas correções dos erros, porque só uma revisão geral poderia melhorá-lo, o que é impossível depois de o teres quase pronto”.
Por tudo isso, é interessante que se transcreva aqui o que disse Alexandre Gonçalves Pinto de Ernesto Nazareth: “As harmonias feitas por ele eram um hino ao céu. Tocou em grandes salões (o livro é de 1936 e ERNESTO NAZARETH morreu em 1934), onde sabia portar –se como “gentleman” dotado da família, onde tocasse fazia logo camaradagem, ficando logo intimo, como se fosse um conhecimento longo. Tocou em muitas festas, em que se achavam os grandes chorões como ele, que também fizeram seus esplendores nos bailes desta capital como sejam J. Christo, Costinha, Chiquinha Gonzaga, Paulino do Sacramento, e todos os outros que não me vem a mente, pois foram em grandes quantidades destes chorões da velha guarda, que infelizmente já não existem”.
ARTHUR MOREIRA LIMA, irmão de ERNESTO NAZARETH no amor a musica e as coisas do povo, também, onde toca, faz “logo camaradagem, ficando intimo, como se fosse de um conhecimento longo”. E discute futebol e conta a ultima anedota, e fala da musica popular etc e tal.
E que coisa maravilhosa ouvir ARTHUR MOREIRA LIMA tocando ERNESTO NAZARETH! Só um cara como ele, que faz do piano uma extensão do corpo e da alma e que guarda dentro de si aquela saborosa e genuína bossa carioca, poderia proporcionar a emoção que causam esses discos. Porque – que me desculpem as pessoas mais sizudas – para se tocar ERNESTO NAZARETH, a técnica é importantíssima, mas a bossa é fundamental.
SERGIO CABRAL



LADO A
FON FON! – tango
CONFIDENCIAS - valsa
RETUMBANTE - tango
FACEIRA - valsa
TURUNA -tango
AMENO RESEDA - polka

LADO B
BATUQUE -tango
CORAÇÃO - valsa
DUVIDOSO - tango
TURBILHÃO DE BEIJOS - valsa
LABIRINTO - tango
APANHEI TE CAVAQUINHO - polka

LADO C
FAMOSO -tango
FIDALGA - valsa
FLORAUX -tango
NENE -tango
MERCEDES – mazurca de expressão
ODEON - tango

LADO D
BREJEIRO - tango
EPONINA - valsa
ESCOVADO - tango
PASSAROS EM FESTA - valsa
SARAMBEQUE - tango
VEM CÁ BRANQUINHA - tango
VOCE BEM SABE – polka lundu


Estes discos foram gravados em maio de 1975, no BISHOPSGATE HALL, pelo estúdio “SUTTON SOUND” em Londres.

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quarta-feira, 19 de setembro de 2007

LP / VINIL MARTINHO DA VILA – ORIGENS - PELO TELEFONE 1973



LP MARTINHO DA VILA – ORIGENS
PELO TELEFONE
(A ERNESTO DOS SANTOS – DONGA)

RCA VICTOR
103 0080

1973

PELO TELEFONE é o 1º samba gravado no Brasil (1916). A letra aprendi com o velho Donga. Ouvi o Almirante, também. Tirei as minha conclusões.
Depois do Dia dos Namorados (1973): TÃO BONITO O ANTONICO, eis a miscigenação.
Tudo começou no Alem Mar. Foi lá que saquei o som africano, em dileto quimbundo. A jogada é mais ou menos assim:

MUNAMI ZECA: “Meu filho Jose, não saia de casa, há muito perigo nas ruas. Se você ficar, sei que vamos amanhecer juntos. Mas sei que quando adormecer você vai sair, peço a Nizambo, Deus, para trazê-lo de volta inteiro”.

MARIMBONDO: “O menino foi ao museque (favela de lá). Os maribmbondos incharam-lhe a cara. Ai, ai, ai, messunguê, polonguê: minha cara empolou. Ele volta correndo pra casa, certo que vai levar uma surra da mãe, e mais tarde, talvez outra do pai”

MAMA LALA “Rainha dos Invejados”, é um bloco de rua, inimigo do grupo Cidrália (espécie de Cacique de Ramos versus Bafo da Onça no Rio)

Ta tudo aí, neste quinto Lp, feito com muito amor.
Abraços amigos
MARTINHO DA VILA

VIOLÕES: Rildo Hora, Rosinha de Valença e Manoel da Conceição
CAVAQUINHO: Mane do Cavaco
BANJO: Tico Tico
CONTRA BAIXO (DE PAU) Claudio Monjardim
ACORDEON: Caçulinha
PIANO: Raul Mascaranhas
RITMO: Papão, Carlinhos do Pandeiro, Zeca da Cuíca, Jorginho do Mano Décio, Serginho, Uracy, Everaldo, Rafael e Baldo
CORO: As Cigarras, La Vai Samba

LADO A

TRIBUTO A MONSUETO
(Monsueto e seus parceiros)

A HORA E A VEZ DO SAMBA
(Gemeu, Paulinho e Ailton)

NÃO CHORA MEU AMOR
(Martinho da Vila)

ANTONIO, JOÃO E PEDRO
(Martinho da Vila)

TUDO MENOS AMOR
(Walter Rosa e Monarco)

REQUENGUELA
(Martinho da Vila)


LADO B

PELO TELEFONE
(Donga e M. de Almeida)

O CAVEIRA
(Martinho da Vila)

BETO NAVALHA
(João Nogueira)

A FEIRA
(Murilão e Martinho da Vila)

SOM AFRICANO
(Folclore de Angola)

FIM DE REINADO
(Martinho da Vila)

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LP / VINIL MARTINHO DA VILA – CANTA CANTA, MINHA GENTE 1974



LP – MARTINHO DA VILA – CANTA CANTA, MINHA GENTE

RCA VICTOR
110 0002

1974
SERIE SUPER LUXO


Assim como todo brasileiro entende de futebol, eu entendo de samba, o samba nasceu na Bahia e foi ficar adulto no Rio. Ora, ninguém nasce na Bahia e vem pro Rio – por terra – sem passar por Caratinga. Logo, eu estava na rota, daí essa minha segurança. Tenho também um razoável passado como juiz de festivais da canção e sempre perguntavam lá de baixo o que é que esse cara esta fazendo no júri, eu respondia com eficiência atuação de quem acerta o resultado todo, sem errar sequer a ordem de colocação. Sergio Cabral é testemunha. Isto significa que: ou eu entendo mesmo da música popular ou sou um monstro para influenciar o júri.
Tenho, como se vê, justificativas de sobra para estar aqui; o Martinho é que não precisa do meu aval. Não sou ou quem vai dizer ao seu publico o significado do seu samba ( o que torna minha capacidade de influenciador totalmente inútil neste papo). Também não sou eu quem vai falar da qualidade do seu trabalho – nessa altura do campeonato – pois seu êxito permanente e duradouro é a explicação que se poderia fazer necessária.
Explico: tem um negocio no samba do Martinho que eu gosto de falar dele. É que eu conheço a briga que o artista tem para conseguir sua marca. Há, em todos os sotores da criação artística, uma quantidade de gente da melhor qualidade, cheia de ardor e talento, que passa uma vida buscando o caminho, o toque que defina sua sorte, o sinal que marque de maneira inequívoca sua presença na obra criada ou na comunicação estabelecida. Essa busca danada – no sentido mesmo da danação – tem o terrível dom de, muitas vezes, tornar falsa a criação, marcada mais pela angustia da procura do que definida como uma linguagem própria. Muito bom mesmo é suficientemente original para, desde o começo, falar – com qualidade – sua própria língua, inventar – sem doer errado – seu próprio código.
Martinho conseguiu isso desde o primeiro samba seu que eu ouvi. Era uma fala nova em todas as suas dimensões – o jeito preguiçoso e dolente de cantar, quase debochado, maravilhosamente brasileiro; o tempo absolutamente original de sua intenção melódica, amarrada de maneira integra a cada intenção poética, a expressão verbal com o mesmo som da melodia, tudo muito coerente.
Eu ouvi seus primeiros sambas e – honestamente comigo mesmo – perguntei apenas:
“Que é que isso?”.
Fiz uma coisa correta: esperei.
Hoje, aceitei com grande prazer escrever notas porque posso falar com certeza: Martinho é uma das figuras mais importantes da historia do samba no Brasil. Na galeria permanente dos estilos e das marcas – “Este é um samba de Noel! Isto é Ataulfo. Parece um samba do Paulinho da Viola”, essas coisas que se fala quando se ouve – podem botar o retrato dele. E, se por algum momento alguém pode pensar que o Martinho estava se repetindo, ouça esse disco. Ele está aqui, inteiro, com todo seu jeito, com toda a suas MARCA.
Com um detalhe muito importante, sempre novo, como as coisas definitivas.
ZIRALDO

MÚSICOS: Rosinha de Valença (violão e viola), Rildo Hora (violão e gaita), Valdir (banjo), Jorginho (sax alto e flauta), Manoel da Conceição (violão), Mane do Cavaco (cavaquinho), Copinha (flautim), Celso (flauta baixo), Moacir (oboé), Formiga (piston), Zé Bodega (sax tenor), Manoel Araújo (trombone), Geraldo (barítono), Flamarion (trombone baixo), Toninho (trompa), Maria Célia (harpa), Jose Roberto (piano elétrico), Luiz Imaginário (baixo), Chiquinho (acordeon), e cordas do Petter, tendo Pareschi como spala.

RITMO: Papão (bateria), Geraldo Bongô (tumbadora), Jorginho do Império, Serginho, Zeca da Cuíca, Gilberto, Jorge Garcia, Neném, Chacal, Everaldo e Luiz Carlos.


LADO A

CANTA CANTA, MINHA GENTE
(Martinho da Vila)

DISRITIMIA
(Martinho da Vila)

DENTE POR DENTE
(Martinho da Vila)

TRIBO DOS CARAJAS
(Martinho da Vila)

MALANDRINHA
(Freire Junior)

RENASCER DAS CINZAS
(Martinho da Vila)


LADO B

PATRÃO, PRENDA SEU GADO
(Donga, Pixinguinha e João da Baiana)

NEGO, VEM CANTAR
(Martinho da Vila)

CALANGO VASCAINO
(Martinho da Vila)

VISGO DE JACA
(Rildo Hora – Sergio Cabral)

VIAJANDO
(Martinho da Vila)

FESTA DE UMBANDA
Adaptação de Martinho da Vila

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domingo, 16 de setembro de 2007

LP / VINIL MARIA BETHANIA – RECITAL NA NOITE BARROCA


LP MARIA BETHANIA – RECITAL NA NOITE BARROCA
GRAVADO A VIVO

SMOFB 3545

1968
ODEON

Se uma cantora aprende a cantar e passa cantar bem, muito bem, ela corre o perigo de cantar bem demais: ela corre o perigo de se tornar uma maquina da cantar, precisa e fria. Isso não acontece apenas com o cantor, mas com todo tipo de artista – pintor, poeta, musico. Gauguin Dizia: “Quando aprender a pintar com a mão direta, passarei a pintar com a mão esquerda, e quando aprender a pintar com a esquerda, passarei a pintar com os pés”.O cantor não tem tantas opções: seu risco é maior. Mas não entenda errado o que eu digo. Não estou dizendo que só quem não sabe cantar canta bem. Estou dizendo que cantar bem não é cantar correto, segundo se afirma que é correto. Cantar bem é cantar como Bethânia canta: com o calor da vida. É por isso que ela diz: “Sei que desafino às vezes. Mas eu também desafino na vida”.
Bethânia é daquele tipo de cantora que não deixa duvida. A gente ouve e já sabe: uma intérprete excepcional. O que alguns discutem é se ela é ou não a maior cantora brasileira de hoje. Mas isso é uma discussão ociosa. O que é indiscutível é que algumas de suas interpretações, de musicais atuais ou do passado, atingem aquele ponto definitivo que as torna insuperáveis. Ninguém jamais esquecerá a Bethânia do Carcará, como ninguém esquecerá também a Bethânia de Anda, Luzia. A estas se somariam varias outras interpretações e neste disco mesmo podemos citar, apenas como exemplo, SE TODOS FOSSEM IGUAIS A VOCE, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, ou a irônica recriação de CAFÉ SOCAITE, para não falar em BABY, de Caetano Veloso, ou em ELE FALAVA NISSO TODO DIA, de Gilberto Gil.
Isso define uma grande cantora: a capacidade de criar a interpretação definitiva, dentro de determinada época, das canções nacionais. Bethânia é uma cantora nacional, deste país, enraizada nele, e na multidão de vozes e cantos que exprimem a nossa vida destaca-se a sua bela, já turva, já iluminada, que canta por todos nós.
FERREIRA GULLAR

LADO UM



MARGINALIA II
Gilberto Gil – Torquato Neto
CARINHOSO
Pixinguinha - João de Barro
SE TODOS FOSSEM IGUAIS A VOCE
Antonio Carlos Jobim – Vinicius de Moraes
ULTIMO DESEJO
Noel Rosa
CAMISA LISTRADA
Assis Valente
MARINA
Dorival Caymmi
O QUE TINHA DE SER
Antonio Carlos Jobim – Vinicius de Moraes

LADO DOIS



MOLAMBO
Jayme Florence – Augusto Mesquita
LAMA
Paulo Marques – Aylce Chaves
PANO LEGAL
Billy Blanco
CAFÉ SOCAITE
Miguel Gustavo
PÉ DA ROSEIRA
Gilberto Gil
ELE FALAVA NISSO TODO DIA
Gilberto Gil
BABY
Caetano Veloso
MARIA, MARIA
Caetano Veloso –Capinam

Diretor musical: Lyrio Panicali
Acompanhamento: Terra Trio
Ao violão Otto Gonçalves Filho




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LIVRO / LIBRO JORGE LUIS BORGES EL HACEDOR



JORGE LUIS BORGES EL HACEDOR

Emecé Editores en
El libro de bolsillo Alianza Editorial

“De cuantos libros he entregado a la imprenta – declara JORGE LUIS BORGES en el epílogo escrito en 1960 para EL HACEDOR – ninguno, creo, es tan personal como esta colecticia y desordenada silva de varia lección, precisamente porque abunda en reflejos y en interpolaciones”. Homero y Dante alternan con Rosas y Facundo; las observaciones de la vida cotidiana, con especulaciones sobre el tiempo y el espacio; la singularidad privilegiada de un instante, con las repeticiones y simetrías del curso histórico; la fantasía que inventa laberintos inéditos, con la crónica de sucesos triviales a los que una mirada atenta carga de insospechadas significaciones; el particularismo criollo, con una universalidad histórica y geográfica que abarca tanto la simbología oriental como la cultura europea. Los retratos incluidos en el volumen podrían figurar sin la menor violencia en las páginas de “El Aleph” (nº 309 de “El libro de Bolsillo”) “Historia universal de la infamia” (nº 353) o “Ficciones” (nº 320); los ensayos y digresiones intercalados se emparentan con los textos reunidos en “Historia de la eternidad” (nº 338); la ontología de versos sirve de anticipo al volumen de “Obra poética” que se publicará próximamente en esta misma colección (nº 420). Ese intencionado cruce de géneros y esa voluntaria diversidad temática no hacen sino poner una vez más de manifiesto el amplio espectro de intereses conocimientos y pasiones del gran escritor argentino.


ARGUMENTUM ORNITHOLOGICUM
Cierro los ojos y veo una bandada de pájaros. La visión dura un segundo o acaso menos; no sé cuantos pájaros vi. ¿Era definido o indefinido su número? El problema involucra el de la existencia de Dios. Si Dios existe, el número es definido, porque Dios sabe cuántos pájaros vi. Si Dios no existe, el número es indefinido, porque nadie pudo llevar la cuenta. En el tal caso, vi menos de diez pájaros (digamos) y más de uno, pero no vi nueve, ocho, siete, seis, cinco, cuatro, tres o dos pájaros. Vi un número entre diez y uno, que no es nueve, ocho, siete, seis, cinco, etcétera. Ese número entero es inconcebible; ergo, Dios existe.

DELIA ELENA SAN MARCO
Nos despedimos en una de las esquinas del once.
Desde la otra vereda volví a mirar; usted se había dado vuelta y me dijo adiós con la mano.
Un río de vehículos y de gente corría entre nosotros; eran las cinco de una tarde cualquiera; como iba yo a saber que aquél río era el triste Aqueronte, el insuperable.
Ya no nos vimos y un año después usted había muerto.
Y ahora yo busco esa memoria y la miro y pienso que era falsa y que detrás de la despedidita trivial estaba la infinita separación.
Anoche no salí después de comer y releí, para comprender estas cosas, la última enseñanza que Platón pone en boca de su maestro. Leí que el alma puede huir cuando muere la carne.
Y ahora no sé si la verdad está en la aciaga interpretación ulterior o en la despedida inocente.
Porque si no mueren las almas, está muy bien que en sus despedidas na haya énfasis.
Decirse adiós es negar la separación, es decir: HOY JUGAMOS A SEPARARNOS PERO NOS VEREMOS MAÑANA. Los hombres inventaron el adiós porque se saben de algún modo inmortales, aunque se juzguen contingentes y efímeros.
Delia: ¿alguna vez anudaremos junto a qué río? Este diálogo incierto y nos preguntaremos si alguna vez, en una ciudad que se perdía en una llanura, fuimos Borges y Delia.

AJEDREZ

I

En su grave rincón, los jugadores
Rigen las lentas piezas. El tablero
Los demora hasta el alba en su severo
Ámbito en que se odian dos colores.

Adentro irradian mágicos rigores
Las formas: torre homérica, ligero
Caballo, armada reina, rey postrero,
Oblicuo alfil y peones agresores.

Cuando los jugadores se hayan ido,
Cuando el tiempo los haya consumido,
Ciertamente no habrá cesado el rito.

En el oriente se encendió esta guerra
Cuyo anfiteatro es hoy toda la tierra
Como el otro, este juego es infinito.

II

Tenue rey, sesgo alfil, encarnizada
Reina, torre discreta y peón ladino
Sobre lo negro y blanco del camino
Buscan y libran su batalla armada.

No saben que la mano señalada
Del jugador gobierna su destino,
No saben que un rigor adamantino
Sujeta su albedrío y su jornada.

También el jugador es prisionero
(La sentencia es de Omar) de otro tablero
De negras noches y de blancos días.

Dios mueve al jugador y éste, la pieza.
¿Qué Dios detrás de Dios la trama empieza
De Polvo y tiempo y sueño y agonía?

LA TRAMA

Para que su horror sea perfecto, César, acosado al pie de una estatua por los impacientes puñales de sus amigos, descubre entre las caras y los aceros la de Marco Junio Bruto, su protegido, acaso su hijo, y ya no se defiende y exclama: ¡Tú también, hijo mío! Shakespeare y Quevedo recogen el patético grito.
Al destino le agradan las repeticiones, las variantes, las simetrías; diecinueve siglos después, en el sur de la provincia de Buenos Aires, un gaucho es agredido por otros gauchos y, al caer, reconoce a un ahijado suyo y le dice con mansa reconvención y lenta sorpresa (estas palabras hay que oírlas, no leerlas): ¡Pero, che! Lo matan y no sabe que muere para que se repita una escena.
Quiera Dios que la monotonía esencial de esta miscelánea (que el tiempo ha compilado, no yo, y que admite piezas pretéritas que no me he atrevido a enmendar, porque las escribí con otro concepto de literatura) sea menos evidente que la diversidad geográfica o historia de los temas. De cuantos libros he entregado a la imprenta, ninguno, creo, es tan personal como esta colecticia y desordenada silva de varia lección, precisamente porque abunda en reflejos y en interpolaciones. Pocas cosas me han ocurrido y muchas he leído, mejor dicho: pocas cosas me han ocurrido más dignas de memoria que el pensamiento de Schopenhauer o la música verbal de Inglaterra.
Un hombre se propone la tarea de dibujar el mundo. A lo largo de los años puebla un espacio con imágenes de provincias, de reinos, de montañas, de bahías, de naves, de islas, de peces, de habitaciones, de instrumentos, de astros, de caballos y de personas. Poco antes de morir, descubre que ese paciente laberinto de líneas traza la imagen de su cara.
J.L.B
Buenos Aires, 31 de octubre de 1960.


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