LP ARNALDO REBELLO: PIANO RECITAL
FJA 004
Entre dois tempos de valsa
Angelo Nascimento, maranhense como eu, viveu grande parte de sua mocidade, de pintor, ilustrador e jornalista, atuando nas páginas do matutino O ESTADO do PARÁ e de algumas revistecas , mundanas e literárias dalí.
Nunca lhe esqueci a delicada figura humana, dona de incomum inteligência e aguda sensibilidade, manifestas, para além da palheta e dos pincéis, através de caricaturas e epigramas eu numa simples conversa de esquina.
Dele é a caracterização de uma época da vida provinciana daquele trecho geográfico da Amazônia, O TEMPO DA VALSA, da qual participamos e outros, antes de nós, também.
Para Angelo Nascimento a um personagem coberto de sarna literária a idade que se lhe podia atribuir era a do TEMPO DA VALSA; e a outros, com pretensões a poeta, filósofos e mesmo políticos a mordacidade daquele artista lhes atribuía a mesma idade.
Mas essa expressão caracterizava, igualmente, outros personagens que se notabilizaram pelas idéias, atitudes e obras de indiscutível apreço...
Considerando a expressão O TEMPO DA VALSA de uma precisão singularíssima. Porque como se lê no PRONTUÁRIO DO ESTUDANTE DE MÚSICA, da autoria de Mauricio MURST e Radamés MOSCA, elegantemente apresentado por LUIZ HEITOR, professor catedrático da Escola Nacional de Música da Universidade do Rio de Janeiro, a VALSA não teve, como se crê, geralmente, origem na Alemanha, porque desde o século XII, era conhecida na Provença, pelo nome de VOLTA. A música era designada com o nome de Balada. No reinado de LUIZ XII foi da Provença para Paris, esteve em moda durante todo o século XVI, fez as delicias da côrte dos Valois, e, mais tarde, a VOLTA DA PROVENÇA, veio a ser a WALZER germânica. E, antes mesmo dessas datas, acrescentarei, discordando, em parte.
Acompanhando as sucessivas etapas da carreira artística de ARNALDO REBELLO, legítimo amazônida, com compositor e intérprete das suas creações, bem como intérprete de outros autores nacionais e estrangeiros, acredito que, a partir do lançamento, neste dias, de uma seleção de valsas de sua própria singular criatividade, vai suceder a expressão NO TEMPO DA VALSA, do maranhense ANGELO NASCIMENTO – cuja palheta era, sem dúvida, um original e fascinador instrumento, donde as cores explodiam, para a tela, como semitons – será substituída pela expressão consagradora NO TEMPO DAS VALSAS, sim, mas de ARNALDO REBELLO...
e isso porque, em todas as partituras, por ele assinadas, foram registrados os diálogos e os monólogos de amor, os hinos de fé e esperança da Natureza e do Homem da Amazônia, da sua História e do seu Destino.
16-08-76
Nunes Pereira.
J.OCTAVIANO
O grande e saudoso pianista, professor e compositor a quem o Brasil tanto deve em vários setores da vida musical, na sua variada obra de compositor muito se destacou pelas harmonizações para piano de melodias brasileiras, das quais as mais famosa é a da “Casinha pequenina” que Arnaldo Rebello interpreta neste disco.
BABÍ DE OLIVEIRA
“Compositora bahiana que divulga e engrandece os ritmos nacionais, suas criações têm algo de mérito e raro, constituindo-se em verdadeiro patrimônio da nossa música.” - palavras do Ministro Alvaro Dias, Presidente da Academia Guanabarina de Letras.
CARLOS DE ALMEIDA
Nasceu no Rio a 7 de julho tal como Arnaldo Rebello. Recebeu com ele na mesma data o 1º prêmio (medalha de ouro) do Instituto Nacional de Música, na classe de violino do prof. Francisco Chiaffitelli. Carlos de Almeida, violinista, professor, compositor começou suas atividades tocando piano e isso fica patente na maravilhosa qualidade instrumental das composições que Arnaldo Rebello acaba de gravar.
ARNALDO REBELLO nasceu em Manaus, em 1905, no dia 7 de julho. Muito cedo iniciou os estudos de piano, e, transferindo-se para o Rio de Janeiro, ingressou no Curso Superior de Piano do então Instituto Nacional de Música, na classe do Prof. Godofredo Leão Vellosos. Laureado por unanimidade com om 1º prêmio (medalha de ouro) do Instituto Nacional de Música, viajou para a Europa com bolsa de estudos concedida pelo Governo Brasileiro.
Em Paris, estudou sob a direção de Robert Casadeus, eminente pianista que mais tarde lhe escreveria: “V. Merece lugar de destaque, como artista e como professor, e desejo que o seu país lhe acolha como tal”.
Em 1953, tornou-se docente livre, e em 1958, Professor catedrático da Escola de Música da Universidade do Brasil, por concurso de títulos e de provas, obtendo as notas mais altas.
Doutor em música pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Tem atuado como solista de várias Orquestras Sinfônicas de todo país.
Compositor nacionalista, suas obras são editadas pela casa Ricordi Brasileira e pela “Edições Guanabara” e adotadas nas Escolas de Música do país.
LADO A
ARNALDO REBELLO
Dez Valsas Brasileiras
EVOCAÇAO DE MANAUS Valsa Amazônica nº 1
VITORIA REGIA Valsa Amazônica nº 2
LUCIA Valsa Amazônica nº 3
CORAÇAO DE OURO Valsa Amazônica nº 4
LEONORA Valsa Amazônica nº 5
TARDE NO IGARAPE Valsa Amazônica nº 6
IGAPOS AO LUAR Valsa Amazônica nº 7
VALSA DE PAQUETA
VALSA DE PETROPOLIS
VALSA GAUCHA
LADO B
J. Octaviano CASINHA PEQUENINA
Babi de Oliveira TU, DOCE POEMA
Carlos de Almeida
CHOROSO E VALSA CARIOCA (da 1º Série de Ritmos Cariocas)
IV SERESTA
MEXIDINHO, CANTIGA DE RUA, FEITIÇO (IIº Série de Ritmos Cariocas)
DIVERTIMENTO
SERENATA A BRASILEIRA
GOSTOSO
Tienda Cafe Con Che
Porque é Imprescindível Sonhar
Nenhum comentário:
Postar um comentário