LP THE JUILLIARD QUARTET DEBUSSY RAVEL
1973
CBS MASTERWORK 160192
THE JUILLIARD QUARTET
Robert Mann e Earl Carlyss, violinos.
Samuel Rhodes, viola; Claus Adam, violoncello
Engenharia de som: Fred Plaut e Raymond Moore
Sempre se corre o risco da supersimplificação e, frequentemente, da inteira distorção ao se aplicar a terminologia geral de uma arte a outra, a menos que isso seja feito com uma clara apreciação dos limites de cada meio. Descrever a música de Claude Debussy (1862/1918) tomando por empréstimo, da pintura, o termo “impressionismo” de maneira define o todo da realização artística revolucionaria desse compositor e implica em maior fecundação entre as artes do que provavelmente tenha existido de fato. Não obstante, há aspectos da arte de Debussy que garantem essa designação popular, desde que seja aplicada dentro de uma perspectiva adequada.
Os artistas criadores podem absorver tanto em seu próprio elemento de trabalho que se tornam relativamente insensíveis a atividade artística contemporânea desenvolvida a sua volta, mas Debussy, apesar de toda absorção em seu próprio trabalho, demonstrou uma apreciação mais do que mediana das novas diretrizes em literatura e nas artes visuais de seu tempo. Contudo, nele a principal preocupação artística era encontrar sua própria linguagem musical. No meado do século XIX os compositores franceses estavam tentando desenvolver um estilo nitidamente francês, em oposição à força quase esmagadora da musica germânica posterior a Beethoven, alguns como César Franck, Camille Sant Saens e Vicent d`Indy, procuram aplicar os princípios Wagnerianos à sua música; outros entre eles Charles Gounod, Georges Bizet e Gabriel Fauré, rejeitaram Wagner e tomaram um curso mais conservador. O problema central do jovem Debussy tornou-se sua atitude perante Wagner: após sucumbir, quando muito jovem, as seduções artísticas do mestre de Bayreuth, rebelou-se violentamente – mas por fim reteve mais da influencia de Wagner do que frequentemente procurava admitir.
Debussy nem poderia abraçar de maneira total a tradição mais estritamente francesa de Gounod e Fauré, embora, neste caso também elementos dessa tradição continuassem a influir nele por muitos anos. A descoberta que fez da música russa – Tchaikowsky e, mais tarde, Mussorgsky – revelou-lhe as possibilidades de um estilo musical, o qual, embora não inteiramente de maneira subserviente ao alemão, possui ainda uma intensidade expressiva que faltava a tradição francesa. (Berlioz, parece, neste esquema, ter sido um aberrante caminho sem saída).
O quanto o estilo Debussy foi influenciado pelos grandes pintores impressionistas é difícil de definir, mesmo em retrospecto. Certamente, o uso revolucionário da luz pelos impressionistas tem seu paralelo no tratamento que Debussy dá ao colorido instrumental e à harmonia. Possivelmente mais importante, a rejeição por parte dos impressionistas da perspectiva visual a seu conceito de uma pintura como um objeto em si mesmo, em vez de um retrato de um objeto, tem sua contrapartida na fragmentação que Debussy faz das formas musicais.
Nem todas essas tendências estão ainda desenvolvidas no Quarteto em sol menor de Debussy, embora muito do seu posterior estilo revolucionário, esteja aqui pela primeira vez lançado ou fortemente implícito. Composto quando Debussy tinha trinta e um anos, esse quarteto foi juntamente com o quase contemporâneo Prélude à I`Après-Midi d`un Faune, a obra em que pela primeira vez ele se expressou com uma linguagem musical inteiramente distinta. (É bastante interessante notar que aqui ele escolheu o meio que havia sido, grandemente, o território dos compositores alemães não wagnerianos).
Mas já neste quarteto Debussy havia rompido totalmente com as normas estabelecidas da musica puramente instrumental. Embora haja grande variedade melódica em seus quatro movimentos, a maior parte do material é derivado do tema inicial, de maneira bem diferente do esquema “cíclico” de compositores influenciados por Wagner, como Liszt, Franck e d`Indy. Alem disso, o esquema harmônico de Debussy de cromatismo alterado e o emprego de modos medievais destruíram as perspectivas tonais da forma sonata que haviam sido as bases da música de câmara alemã de Haydn em diante.
Em sentido muito real, o Quarteto é uma obra experimental – uma tentativa de adaptar os impulsos revolucionários a um meio tradicional -, e embora Debussy falasse na época de escrever um outro quarteto de cordas, mais “normal”, este permanece sendo não apenas seu único esforço através desse meio de expressão, mas também sua única peça em escala desenvolvida de música puramente instrumental não-descritiva. Após este Quarteto, as idéias mais ambiciosas de Debussy foram tão fortemente descritivas que ele só pode molda-las em forma orquestral mais elaborada, e seu retorno a musica de câmara, bem mais tarde, produziu obras muito mais modestas.
Desde mesmo seu inicio com uma melodia moldada no antigo modo frigio, o Quarteto renuncia tanto a tradição alemã quanto ao estilo conservador francês de Fauré. A medida que a música se desenvolve, suas harmonias e coloridos atingem por puro efeito local – em oposição à modulação tonal e ao contraste – uma extraordinária intensidade expressiva. Em certo grau, o impacto desse efeito deriva de uma subsistente influencia wagneriana e pode ter também algum debito para com o exotismo da música russa. Mas essas influências são transcendidas e purificadas na incandescência do fogo criador de Debussy no sentido de produzir uma linguagem musical bem nova.
O segundo movimento que exerce o papel do tradicional Scherzo emprega disposições rítmicas e de colorido que chegam, em sua síntese final, a um caminho inteiramente novo de composição. Sob muitos aspectos, este movimento é o que mais merece o epíteto “impressionista”. Aqui, como em todos os outros movimentos deste Quarteto, Debussy convoca a paleta sonora relativamente limitada das quatro cordas a produzir seus efeitos colorísticos únicos.
Maurice Ravel (1875-1937) produziu seu único quarteto de cordas ainda mais moço que Debussy. Estava só com vinte e sete anos, no Conservatório de Paris, quando escreveu seu Quarteto em fá, obviamente imitando o Quarteto de Debussy, de nove anos antes, mas dedicado a seu mestre, Fauré. Ao encontrar sua linguagem artística, Ravel não experimentou nada parecido com os conflitos que atormentaram Debussy. Seu talento e temperamento estavam mais de acordo com o grupo não-wagneriano de compositores franceses e ele trabalhou com facilidade sob a orientação de Fauré, cuja a influencia neste Quarteto foi tão forte quanto a de Debussy.
No Quarteto em fá maior, o tradicional estilo da sonata é tratado com muito respeito do que no de Debussy, embora seu colorido instrumental e harmonia devam muito ao Quarteto deste último. Aqui Ravel, pela primeira vez, conseguiu em escala ampla, aquela síntese do aspecto “impressionista” de Debussy com a habilidade conservadora de Fauré, que iria caracterizar tanta de sua melhor musica da maturidade.
Quando de suas primeiras apresentações, ambos os Quartetos levantaram hostilidades e controvérsias. Quando Debussy ouviu que Fauré havia aconselhado Ravel a reescrever o movimento final do Quarteto em fá, disse ao compositor mais jovem: “Em nome dos deuses da música, e no meu, não altere uma só nota do que você escreveu em seu quarteto”.
Philip Hart.
“O Quarteto Julliard representa o próprio modelo de execução quartetística moderna em sua melhor forma”
- Harold Schomberg The New York Times
“A extraordinária unidade que o Quarteto Julliard consegue não é o compromisso de quatro músicos que misturam uma infusão ricamente homogeneizada com qualquer ingrediente musical à mão; em vez disso, os executantes afirmam dinamicamente sua individualidade, intensificando a tensão entre um e os demais. As desinibidas execuções do Quarteto Julliard crepitam de eletricidade...”.
- Newsweek
O primeiro violinista do Quarteto, ROBERT MANN, nasceu em Portland, Oregon, onde recebeu seus primeiros ensinamentos musicais da Escola Juilliard, estudou violino sob a orientação de Edouard Dethier. Depois de ganhar um Prêmio Naumburg, Mann estreou em 1941, excursionando daí em diante como violinista do Quarteto de Cordas do Festival de Albuquerque. A contribuição de Robert Mann ao Quarteto Juilliard foi bem descrita pelo crítico do Courier-Jornal de Lousville, em fevereiro de 1970: “Um dos magníficos artista da sua geração, por mais de vinte anos tem sido luz orientadora e o mentor espiritual do Quarteto...o mundo da música de câmara não da lugar para o estrelismo e certamente Robert Mann negaria que ele tem maior responsabilidade na excelência do Juilliard do que qualquer de seus colegas. Ainda assim, sente-se que são seu intelecto e sua devoção que moldam o Quarteto Juilliard e inspiram a espécie de execução transcendente tão frequentemente atingida.”
O segundo violinista, EARL CARLYSS, também aluno da Juilliard, é natural de Chicago. Depois de ter ganho primeiramente um subsidio da David Epstein Memorial Foundation, na Califórnia, depois uma bolsa do Conservatório de Paris, foi agraciado com uma bolsa da Escola de Música Juilliard em 1957, na qual se formou com o maior titulo de excelência da escola, o Morris Loeb Memorial Prize para Cordas. Fez sua estréia profissional com a Sinfônica de Pasadena, excursionou pela Escandinávia e atuou como primeiro violinista da Orquestra de New York City Ballet. 1962 marcou o seu recital de estréia em Nova York.
SAMUEL RHODES, violista, nasceu na cidade de Nova York. Estudou primeiramente com Sidney Beck e depois com o destacado violista Walter Trampler. Compositor bem como instrumentista, Samuel Rhodes possui o titulo de Máster em Belas Artes, da Universidade de Princeton, onde estudou com Earl Kim e Roger Sessions. Alem das participações em nove verões no Festival de Musica de Marlboro, em Vermont, tem sido apresentado numerosas vezes na serie Música de Marlboro, no Town Hall e em excursão. O Sr Rhodes toca numa viola Nicolo Amati feita em 1663, de propriedade da Corcoran Gallery em Washington, D.C.
O violoncelista do Quarteto CLAUS ADAM, nasceu na Indonésia, de pais austríacos. Sua primeira aparição profissional não foi como violoncelista, mas com um coro de meninos de Salzburgo, na Áustria. Veio depois para os Estados Unidos, onde ganhou uma bolsa da Filarmônica ganhando também um premio da Gabrilowitch Memorial, tendo estudado finalmente com Emanuel Feuermann. Em seguida serviu como violoncelista solista com a National Orchestral Association e a Sinfônica de Mineápolis sob a regência de Dimitri Mitropoulos, juntando-se depois aos músicos que formaram o New Music Quartet, grupo ao qual pertenceu durante sete anos. É compositor; sua sonata para piano e outras obras suas foram executadas na celebração do 30º da Sociedade Internacional de Música Contemporânea em Salzburgo.
Teresa Alfieri
Lado 1
Debussy: Quarteto em Sol Menor Op. 10
Lado 2
Ravel: Quarteto em Fá Maior
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