sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

LP BRASIL INSTRUMENTAL KUARUP DISCOS


LP BRASIL INSTRUMENTAL

CAEMI

KUARUP DISCOS

KLP KM 4/5


Este álbum musical oferta da Companhia Auxiliar de Empresas de Mineração – CAEMI e suas controladas, vem reunir uma seleção de música brasileira apresentada em forma instrumental, cordas e sopro, cuja linguagem universal dispensa tradução. O intuito do oferecimento das Empresas CAEMI – expressão de amizade e apreço – é, pois, contribuir para a difusão da musica brasileira, transmitida por alguns dos seus interpretes mais destacados.

A OBRA PARA VIOLAO DE PAULINHO DA VIOLA
É no mínimo irônico que o violão – por tanto tempo tido entre nós como instrumento maldito, coisa dos boêmios e capadócios de antigamente – seja justamente o elo que desempenha hoje o formidável papel de unir a musica popular àquela que se ouve nas salas de concerto. É verdade que ainda há quem resista essa união. Felizmente, uma minoria. Cada vez mais os dois mundos – se é que realmente são dois e não um só – estão interligados. No Brasil, deve-se isso principalmente ao violão. Ou a violonista que, a exemplo do Mestre Villa Lobos, amam a música acima de todas as fronteiras formais, dos rótulos e dos preconceitos.
João Pedro Borges (São Luis, 23 de junho de 1947) é um desses violonistas. Um clássico com formação de choro, um apaixonado por Bach que reverencia Pixinguinha. Começou a estudar em sua terra natal, ganhou uma bolsa do então governador do Maranhão, Jose Sarney, e mudou-se para o Rio. Associou-se a outros rompedores de barreiras, como Turíbio Santos, e passou a formar na linha de frente dos que querem tornar o elo cada vez mais forte. Fez-se professor, mostrou sua arte na África e nos EUA, gravou discos, não parou.
Foi em 1976 que ele conheceu Paulinho da Viola (Rio de Janeiro, 12 de novembro de 1942). Um encontro sabemos agora, enriquecedor para os dois. E para a música. Paulinho é das estrelas mais radiosas das muitas que cintilam no céu da nossa música popular. Sensível inspirado, polivalente, pode-se firmar que nenhum outro consegue, como ele, fazer tanta coisa tão bem ao mesmo tempo. Compositor, letrista, instrumentista, arranjador, produtor, ritmista, há sempre um brilho incomum em qualquer das suas muitas faces de artista. Em matéria de multiplicidade (leia-se multiplicidade com talento), é caso raro, para não dizer único.
Muito ligado as tradições do samba, no que pode ser considerar o mais legitimo continuador dos pioneiros do Estácio, de Cartola, dos grandes poetas e cantores dos morros cariocas, Paulinho não tem deixado vir muito a tona (na verdade tem quase mantido em segredo) uma de suas faces mais luminosas: a do chorão. Também aqui ele é um legitimo continuador, no caso daqueles admiráveis compositores e executantes que há mais de um século, abencoadamente teimosos, tem feito do choro a mais rica e representativa musica instrumental brasileira. Paulinho nem todos sabem, sempre bebeu nessa fonte. Não tivesse ele nascido e crescido numa casa onde o pai violonista, César Faria, costumava presentear mulher, filhos e amigos com intermináveis e saborosas rodas de choros. O Paulinho sambista e o Paulinho chorão são inseparáveis. Enquanto um, menino ainda, reinventava Bide e Marçal, cultuava Cartola e Ismael, revisitava Wilson e Geraldo, o outro deixava-se embalar por Nazareth e Pixinhguinha. Sabe-se lá por que, o sambista sempre se mostrou mais que o chorão. E acabou prevalecendo. Mais que isso, um acabou ofuscando o outro.
O que João Pedro se propõe com este disco é justamente trazer a tona esta incrivelmente soberba face oculta de Paulinho da Viola. Conhecendo de reuniões caseiras, de saraus improvisados, de papos de amigos, os choros que Paulinho vem compondo – e guardando – há muito tempo, João Pedro decidiu investir tempo e amor num projeto destinado a preservar esse pequeno mas precioso projeto patrimônio. Com a colaboração do próprio compositor – que participa com o pai de algumas faixas – reuniu o repertorio, passou-o para a pauta, trabalhou em cima dele, deu forma definitiva em termos violonístico aquilo que parecia destinado ao ineditismo.
A muitos pode surpreender a qualidade das peças instrumentais de Paulinho da Viola, aqui executadas, com grande empatia, por João Pedro. São peças difíceis, elaboradas, tecnicamente irrepreensíveis. Elegante como Paulinho, presas a profundas raízes e ainda assim com cheiro de coisa nova. Este trabalho também é um retrato atual do violão brasileiro. Ao mesmo tempo síntese e mágica. Síntese do tradicional e do moderno, João Pernambuco e Dilermando Reis, Villa Lobos e Garoto, mas acima de tudo Paulinho da Viola. A mágica fica por conta de João Pedro.
João Maximo.

BRASIL, SAX, VIOLAO, CELLO & TROMBONE
Paulo Moura é desses músicos que jamais hesitam em viver a aventura de uma nova experiência. Mesmo que isso lhe custe o nariz torcido de alguns e o espanto de muitos. Indiferente a tais reações – e por amar a musica alem das fronteiras e acima dos preconceitos – experimenta. Tem o talento e a verdadeira inquietação dos verdadeiros artistas. E coragem também. Afinal, num país onde Ernesto Nazareth já foi chamado de Chopin dos Pobres, Pixinguinha de americanizado e Jacob do Bandolim de deturpador (o próprio Jacob chegou a pedir desculpas aos eventuais nariz torcidos pela ousadia de reinventar o MURMURANDO, do Maestro Fon Fon), coragem é fundamental. Principalmente para enfrentar a intolerância que ainda paira como uma maldição sobre os grandes inovadores da musica instrumental entre nós. Como Nazareth, Pixinguinha, Jacob. E como Paulo Moura.
Este disco tem tudo a ver com as considerações acima. É uma aventura pelos caminhos do novo. E reflete a inquietação e o talento de Paulo Moura no sentido de abrir frente formais que só fazem enriquecer a musica instrumental. Na verdade, mais que a experiência, é realização, produto acabado, meta atingida, alquimia plenamente bem sucedida.
Cabem aqui algumas palavras sobre essa alquimia feita de uma aparentemente insólita mistura de elementos. Sax, violão, trombone e violoncelo, um quarteto que derruba de vez a teoria dos instrumentos afins, isto é, a crença muita acadêmica de que existem casamentos impossíveis em musica. No caso presente, basta ouvirmos a primeira faixa para concluirmos que as afinidades se criam. E que o insólito não passa mesmo de aparência. Paulo Moura e seus companheiros de aventura nos provam que, no mundo dos sons, nada é impossível para quem tem sensibilidade e competência. E um pouco das bruxarias dos alquimistas.
É de tal modo soberbo o resultado obtido por esse “Quarteto Impossível” que logo nos perguntamos porque não se pensou nele antes. Já imaginaram se tivesse ocorrido a Villa Lobos juntar o seu violoncelo ao sax de Luiz Americano, o trombone de Ismerino Cardoso e o sete cordas de Tute? Teríamos com meio século de antecedência a sonoridade que Paulo Moura nos da agora ao lado de Jacques Morelembaum, Zé da Velha e Rafael Rabello. Ou não? Ou será que cada obra de arte vem a seu tempo? O próprio Paulo Moura parece acreditar nisso, vendo nos dias de agora, com a bossa nova cada vez mais revisitada, o clima ideal para este disco:
- Foi a bossa nova que possibilitou a certos instrumentistas se apresentarem de forma mais intimista, em recintos pequenos, uma varanda, a sala de um apartamento. Abriu caminhos para formação pouco numerosas, trios, quartetos. Com a volta da bossa nova, o clima se reinstaurou.
Paulo, Jacques, Zé e Rafael tocaram juntos pela primeira vez, neste quarteto, durante um festival em meados de 1985, em Antibes, França. Foi um sucesso. Mas não sei se os franceses atentaram para algumas sutilezas – brasileiríssimas – da alquimia. Se por um lado houve, intencionalmente, uma quase negação da percussão, por outro o violão funciona como algo entre o chorão e o seresteiro, temperado de afro e modernidade. Se o violoncelo parece, de inicio, um intruso “clássico” no universo do popular, não tardamos a perceber que não é nada disso e sim um instrumento emprestando sua dignidade quase humana ao quarteto, como outros, Villa Lobos a Tom, já fizeram em sua musica. Se o trombone tem participações mais discretas, numa passagem aqui, num breve solo ali, tais participações colorem de preguiçosa e gafieiríssima tonalidade as melhores faixas do disco. E se o sax tem jeito de brilhar mais, porque mais presente, na verdade cumpre a perfeição seu papel centralizador.
Tudo muito brasileiro. Por mais que haja uma fusão de linguagens musicais, o choro, o jazz, o camerístico, o samba, a modinha. Bruxos, afinal, Paulo Moura, Jacques Morelembaum, Zé da Velha e Rafael Rabello, trilhando caminhos novos, levantam vôo na primeira faixa, riscam o céu com as suas admiráveis acrobacias sonoras, viajam por entre nuvens belíssimas e pousam, depois de nos fazerem participar de uma aventura fascinante.
João Maximo.


DISCO 1

Lado A
Valsachorando
Relembrando Pernambuco
Tango Triste
Romanceando
Itanhangá

Lado B
Salvador
Abraçando Chico Soares
Valsa da Vida
Evocativo
Lilá


João Pedro Borges (violão solista)
Paulinho da Viola (cavaquinho) (2º violão)
César Faria (2º violão)

DISCO 2

Lado A
Sandoval em Bonsucesso
(Carioca)
Isso é Brasil
(J.Mde Abreu / Luis Peixoto)
Corta Jaca
(Chiquinha Gonzaga)
Modinha
(Antonio Carlos Jobim / Vinicius de Moraes)
Bons Amigos
(Toninho Horta / Ronaldo Bastos)
Saxofone por que Choras?
(Ratinho)

Lado B
Lamento
(Pixinguinha)
Urubu Malandro
(João de Barro / Louro)
Tarde de Chuva
(Paulo Moura)
Bronzes e Cristais
(A.P. Vermelho / N. de Brito)
Espinha de Bacalhau
(Severino Araújo)

Paulo Moura: sax
Rafael Rabello: violão
Jacques Morelembaum: violoncelo
Zé da Velha: trombone

Arranjos Radamés Gnatalli

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