LP SIDNEY MAGAL
1990
CBS231250
UM GOSTO DE SOL
Os tempos são novos. A postura de Magal também. Sidney, o Ciganinho inventado, o andaluz armado sobre romances fabulosos para chegar à mídia, estes são resíduos arquivados para sempre. O verdadeiro Magal deles emerge integro e recomeça a partir deste disco.
Os valores reais e acumulados por ele, os valores que o fizeram “chegar lá”, evidentemente esses se somarão à nova proposta que tem inicio aqui. A tela de cores vivas segue mais forte que nunca, apenas todas as suas molduras perderam o sentido. Com um estilo profundamente definido, foi difícil a Magal – esse geminiano de metro e noventa – resistir aos muitos protótipos que lhes eram seguidamente apresentado a partir de uma desistência dele, Magal não queria continuar inserido naquela postura sobrecarregada e bastante defasada, talvez por isso.
Ele foi paciente. Sem gravar, sem apresentações públicas de relevo, separou dois anos e pouco para uma revisão, uma reavaliação do seu trabalho. Estava disposto a parar caso não lhe fosse apresentado um modelo ao qual se incorporaria com espontaneidade, ao qual se incorporaria sem usar aqueles expedientes que atuaram sobre ele como verdadeiras navalhas. As mesmas lâminas que o serviram acabaram por esquartejá-lo.
Foi quando a lambada ascendeu aos píncaros, rebocando afluentes que lhe eram familiares como o mambo, o merengue, o bolero e a salsa.
Tudo isso lhe caiu como uma luva. E a lambada, esse “ritmodança” lindíssimo e agilíssimo que até aqui só possui esse corpo, ganhou a cara de Magal. A sinceridade desse encontro ninguém explica, mas a verdade dele é indiscutível.
A CARA DO SOL
São dez sois indicando que no rosto de Magal. São dez faixas com muita luz. Não procura sombras por aqui porque não as encontrarás. Talvez algumas zonas de mormaço para reflexões menos acesas. Evidentemente toda essa canícula é suportada, até com prazer, porque esses dez sóis brilham sobre praias cheias de mordomias gostosas e sensuais pelas quais é responsável o armador musical desse redil, Ary Sperling. Ele oferece prodigamente frutos e sucos musicais através de sons tropicais e gostosos.
Nesse decór fantástico, todos os drinks são servidos em ritmos alucinantes pelo próprio Magal. E a medir a distribuição de toda essa orgia musical, a dosar o tesão que isso resulta, o mestre Max Pierre, produtor musical deste trabalho. Às vezes presente, a lambada dá toda a identidade a esse climão.
Chamemos de praia as quatro faixas que vocês conhecem: “Haja Amor”, “Beijo na Boca”, “Meia Lua Inteira” e principalmente “Lança Perfume”. Posso lhes garantir, entretanto, que sem perder os contornos que as fizeram famosas, elas, ungidas de magia e andamentos renovados, lhes parecerão mais novas e mais belas.
A virgindade das demais praias dessa viagem possuí aquele cheiro de Bahia. Aroma que tem gosto e forma “Mixigenado” aos paladares “tropicaribenhos”, dele exala o cheiro no qual lhes quero situar.
O cheiro deste disco.
A mais eminente dessas praias tem um nome tentador: “Me Chama Que Eu Vou”. Seguem-se as praias de “Morena Bonita”, da “Eloisa” e uma praia; que, à noite, das nossas fantasias, lhes confere “Um Brilho Cor de Prata”. E se as forças lhe sobrarem, cheguem à mais sensual dessas praias: a “Bate-Coxa”. Certamente depois vocês se entreolhando deduzirão: “Só Fiz Bem Querer-te”.
O CRUZEIRO TROPICAL
Este cruzeiro gostoso, sensual e cheio de sol só nos foi possivel pela união de Max Pierre à audácia de Alberto Traiger, os comodoros desta escuna moderna. Max produziu todo o roteiro musical dessa nossa viagem. Traiger viabilizou-a. “By appointment” da sofisticadíssima CBS. Com toda essa estrutura e com uma tripulação assim, não foi difícil a Magal – que sempre teve acesso as coisas boas da vida – comandar a festa deste disco que percorre as praias paradisíacas.
O rosto da lambada, no caso Magal, foi todo ele produzido por Cristina Franco, moça cheia de dedinhos e intimidade com o que seja internacional.
Com tantos elementos tão positivos, só lhe resta entrar nessa “trip” tropical e colorida. Um drink na mão, muitas fantasias na cuca, dance, cante, sinta, curta todo esse clima cheio de charme. Aparentemente desarrumado, mas sabiamente produzido. Elegante, enfim.
Ronaldo Bôscoli.
A
BEIJO NA BOCA
MORENA BONITA
BATE COXA
HAJA AMOR
SO FIZ BEM QUERER TE
B
ME CHAMA QUE EU VOU
ELOISA
LANÇA PERFUME
BRILHO COR DE PRATA
MEIA LUA INTEIRA
Tienda Café Com Che
Porque é Imprescindível Sonhar
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