terça-feira, 30 de junho de 2009

LP STUDIO VERDE MUSICA 1989


LP STUDIO VERDE MUSICA

1989

LP803763



Esta é uma iniciativa de abertura de espaço para novos artistas. É um trabalho independente e endereçado aos meios de comunicação, em resposta à carência no mercado musical de renovação, com valores de grande potencial.
STUDIO VERDE
Diretor de Marketing

PAULO SOLEDADE é bastante conhecido no meio artístico musical. Nos seus 12 anos de carreira como músico, arranjador e produtor, já participou de discos de artistas como Gilberto Gil, Marina, Beto Guedes, Ritchie, Xuxa e outros.
Suas músicas fizeram parte de trilhas de novelas como Brega e Chique, Bebê a Bordo, filmes e peças teatrais. Participou de alguns festivais de música entre eles o festival de Montreux em São Paulo e foi semifinalista do Festival dos Festivais da TV Globo recentemente.


RICARDO BOMBA de influências jazzísticas e pop, a música de Ricardo Bomba pode ser considerada basicamente romântica e, por certo, muita apreciada por aqueles que buscam uma linguagem leve, com musicalidade competente. Neste Mix, Bomba apresenta um pouco de sua “nova safra”, que sucede ao excelente trabalho lançado em 88 – Ultralight – seu primeiro LP, que recebeu o Prêmio Sharp 1989.


RENATA MORAES vem de uma família supermusical: Golden Boys, Trio Esperança, Marizinha, Evinha e Os Abelhudos. Começou seus estudos de música aos dez anos no piano clássico, desde então, decidiu-se pela música, passando a participar profissionalmente em gravações. Fazendo backing vocal, Renata já participou em discos de artistas como: Xuxa, Trem da Alegria, Os Abelhudos, Gal Costa, Sandra de Sá, Lobão, Angélica, Simone, Tim Maia, Patricia, Fagner e outros.


RANA bailarina, atriz, cantora e compositora, Rana, de voz e interpretações marcantes, mostra grande personalidade como artista.
Após participar como atriz em algumas novelas de televisão e alguns shows pelas noites cariocas, parte agora para um novo trabalho em disco, prosseguindo em sua carreira, presenteando o público com seu virtuoso talento.

Músicos que participam do projeto:
Júlio Camarra, Eric Daniel, Paulo Soledade, Téo Lima, Luis Casé, Ricardo Bomba, Charles Murray, Hugo Fattorusso, Celso Fonseca, Sizão Machado, Widor Santiago, Beto Saroldi, Marcio Lott, Ronaldo Barcelos, Gerli Araujo, Jussara Lourenço, Ana Leuzinger, Seginhos Bastos, João Batista e Fred Maciel.

LADO 1
VOU A LUA E VOLTO JÁ Paulo Soledade
(Paulo Soledade)
UMA LUZ DEPOIS DA ESCURIDAO Ricardo Bomba
(Ricardo Bomba)
INFINITO Renata Moraes
(Djavan)
SONHAR E NECESSARIO Rana
(Rana)

LADO 2
APAIXONADO SEM TER Ricardo Bomba
(Ricardo Bomba)
SORTE DEMAIS Paulo Soledade
(Paulo Soledade)
RARAS MANEIRAS Renata Moraes
(Tunai/Marcio Borges)
ME PROTEJA Rana
(Rana)

domingo, 28 de junho de 2009

LP LOS HUASOS LAS CANCIONES DE CLARA SOLOVERA CHILE LINDO 1968 EMI ODEON

Café Con Che © 2004
La LBV considera que para hallar las soluciones reales a todos los problemas humanos,de los más simples a los más complejos, es preciso tener Amor en el corazón.



LP LOS HUASOS LAS CANCIONES DE CLARA SOLOVERA CHILE LINDO…!


1968

EMI 4080

HECHO EN CHILE




CLARA SOLOVERA no ha aportado a música chilena – hasta donde nosotros sabemos – recopilaciones de temas autóctonos, ni se ha aferrado a un purismo docto sobre el cual pode babar tesis académicas. Hay momentos en que, al calor de una discusión sobre folklore, se asegura que las tonadas de Clara Solovera no son “folklore”, y en ese terreno no faltarán algunas razones atendibles para ello. Finalmente, el sello que caracteriza a la música vernacular, la rusticidad , también suele considerarse ausente de su producción, impregnada de una jerarquía no carente de cierto refinamiento.
Bien, entonces ¿por qué esa fabulosa popularidad de las canciones de Clara Solovera, y por qué el público las asimila rotundamente al folklore nacional?
Creemos tener la respuesta. Las tonadas de esta compositora son pinturas costumbristas a descriptivas acertadísimas de las gentes campesinas y el paisaje chilenos, en especial los de la zona central. No podrían describir gentes de ninguna otra comarca ni costumbres de ningún otro habitante del mundo, sino del chileno campesino y sus tradiciones. Estas tonadas son pinturas nacidas de una intuición pura, pero de una intuición musical inspirada en la captación exacta de lo que describen.
Y como a nuestro turno estamos planteando una tesis, - y pretendemos hacerla irrefutable – colocamos en primer lugar de la lista la tonada “CHILE LINDO”. Aquí, de partida, concluye la discusión. Y quedamos todos en perfecto ánimo para gustar una vez más de “MANTA DE 3 COLORES”, poema a la prenda tejida con hilos de amor; “HOJITA DE VERDE TREBOL”…”EL CANTAR DE MI GUITARRA”…”PONCHO DE OLVIDO”…cada hecho, cada detalle de las cosas pequeñas o grandes, se entrelazan con seres y sentires inimitables, de profunda emotividad, de alegría espontánea y genuina. Todas las canciones contiene un mensaje que no sería posible confundir, en su caracterización de los hechos, las personas y los animales y plantas de nuestros campos.
Párrafo aparte para “TE JUISTE…PA’ RONDE”, pareja auténtica de bueyes, lentos, serenos y rústicos, que con su paso inalterable marcaron el devenir mismo de una vida que existió en un rincón del mundo, en el Sur de Chile.
Esta bellísima tonada es ya un clásico en su género; imposible escucharla sin evocar los mejores momentos de una existencia auténticamente feliz, hecha de trabajo campesino, de trillas, de esteros, bosques y montañas.
Debemos rendir un homenaje de gratitud a LOS HUASOS QUINCHEROS, intérpretes ideales de las tonadas de Clara Solovera. Sobre este famoso conjunto se ha dicho aparentemente todo, pero se dirá aún mucho más porque seguirán dando famosas creaciones a la tradición musical nuestra. La última canción que han grabado hasta ahora de Clara Solovera, es “PAJARO DE SEPTIEMBRE”; eso fue poco antes de publicarse el presente disco, lo que nos demuestra que este “equipo” musical de compositor-intérprete sigue obteniendo resultados tan felices con el de “Chile Lindo”.
Públicamente exhortamos a Clarita Solovera y a Los Huasos Quncheros a que de vez en cuando nos regalen con nuevas creaciones y permanente a la mejor tradición de la música folklórica de Chile.
R. Nouzeilles
(Director Artístico)

Faz 1
CHILE LINDO
MANTA DE TRES COLORES
HOJITA DE VERDE TREBOL
EL CANTAR DE MI GUITARRA
PONCHO DE OLVIDO
PAJAROS DE SEPTIEMBRE

Faz 2
¿ DONDE HABRA COMO MI CUECA?
TE JUISTE P’ RONDE
BUENAS NOCHES MISIA MARIQUITA
LA FELPA U ÇA BUENAMOZA
ALAMO HUACHO
HUASO POR DONDE ME MIREN

domingo, 21 de junho de 2009

LP CHARLY GARCIA PARTE DE LA RELIGION 1987 EPIC

Café Con Che © 2004
Misión
Promover la capacitación, profesionalización y cooperación entre instituciones para mejorar en forma continua la calidad de vida de los pacientes hematológicos en Latinoamérica.

Visión
Facilitar la profesionalización continua de las organizaciones
Ser interlocutor de las organizaciones de pacientes ante organismos internacionales
Promover la mejora y la humanización de los tratamientos




LP CHARLY GARCIA PARTE DE LA RELIGION

1987


EPIC 400005


O MAIOR IDOLO DO ROCK ARGENTINO
Sinônimo de vanguarda musical, ao longo de quatorze anos na liderança do rock argentino, Charly Garcia é um verdadeiro ídolo, um mágico do som que se utiliza do pop moderno, jazz, música progressiva, clássico e, para não fugir as raízes, o tango, produzindo o que já se institui como o “estilo Garcia”.
Uma figura exótica, tanto pelo bigode chapliniano como pelo modo extravagante de vestir, Charly Garcia é autor de uma música gravada por Mercedes Sosa e Milton Nascimento – INCONSCIENTE COLETIVO – e outras por Patricio Bisso.
PARTE DE LA REGION é o primeiro disco do artista lançado no Brasil. Assinando a produção e tocando guitarra, teclados e baixo, Charly iniciou as gravações do álbum em março deste ano no Brasil, nos estúdios Sigla, continuando-as no Panda (Argentina) e nos estúdios Unique-Midi City, Chung King House of Metal e Electric Lady, em Nova Iorque, onde foram feitas também as mixagens.
Das dez composições incluídas no disco, apenas uma não foi escrita por Charly, REZO POR VOS, parceria com Luiz Alberto Spínetta. PARTE DE LA RELIGION é um caldeirão de sonoridades, onde os ingredientes misturados, inclusive no “sambarap” RAP DE LAS HORMIGAS, onde são usados cuíca, apitos e agogô, com a participação especial dos Paralamas do Sucesso.
BUSCANDO UN SIMBOLO DE PAZ traz um ritmo irresistivelmente dançante e também o vocal de Paula Toller (do Kid Abelha), cabendo a canção título, PARTE DE LA RELIGION, o ápice do satírico, conforme vem escrito nos versos: “Ele sente culpa e vive torturado / ele não é tão inteligente / nunca avança, caminha de costas / e tem medo de sua mente / é parte da religião.”
Charly Garcia, 34 anos, nasceu em Buenos Aires e traz uma bagagem musical uma formação clássica. Ainda no colégio formou o grupo TO WALK SPANISH, época em que começou a compor. Em 72 formou, junto com Nico Mestre, o SUI GENERIS, que foi um verdadeiro estouro no país – ritmos folk, baladas acústicas e rocks sinfônicos formavam o carro-chefe da banda. Ao mesmo tempo, a poesia de Charly Garcia definiria toda uma geração, marcando um perfil ideológico de ressonância popular.
O primeiro álbum, VIDA, gravado em 73, foi Disco de Ouro e Platina, o que se repetiu nos álbuns seguintes: CONFESIONES DE INVERNO e PEQUENAS ANECDOTAS, em 74. ADIOS SUI GENERIS, de 75, contem o registro dos concertos no Luna Park, gravados ao vivo, num álbum dublo, marcando o fim apoteótico da banda.
Charly passou a desenvolver nova carreira estreando com o LP LA MAQUINA DE HACER PAJAROS, gravado entre 76 e 77, ponto de partida para o aprimoramento harmônico e melódico de seu trabalho. O segundo LP chamou-se PELICULAS (77) e a banda LA MAQUINA foi dissolvida, dando oportunidade a que uma nova fase surgisse para Charly.
SERU GIRAN era o nome da nova banda formada por David Lebon, Pedro Aznar e Oscar Moro que, sob a liderança de Charly, desenvolveu um trabalho voltado para o místico misturado ao rock criollo, período entre 78 e 82, cujo resultado foram cinco Álbuns de Ouro – SERU GIRAN (78), LA GRASA DE LA CAPITALES (79), BICICLETA (80), PEPERINA (81) e NO LLORES POR MI, ARGENTINA (82) - , além das apresentações no Festival de Montreux e no Rio Jazz.
A trajetória solo de Charly tem inicio em 82 com a gravação do duplo YENDO DE LA CAMA AL LIVING e PUBIS ANGELICAL, trilhas de dois filmes. Em 83 grava nos Estados Unidos CLICS MODERNOS. Em 85 é a vez de PIANO BAR e, no inicio do ano passado, TANGO, um mini-álbum que rapidamente conquistou o Disco de Platina.
Com PARTE DE LA RELIGION, Charly Garcia estréia para os brasileiros demonstrando seu indiscutível talento e comprovando, como ele mesmo diz, que “depois das Malvinas o rock se tornou mais popular na Argentina.”
CBS.

A
NECESITO TU AMOR
BUSCANDO UN SIMBOLO DE PAZ Part. Paula Toler
PARTE DE LA RELIGION
RAP DE LAS HORMIGAS Part. Os Paralamas do Sucesso
ADELA EN EL CARROUSELL

B
NO VOY EN TREN
REZO POR VOS
EL KARMA DE VIVIR AL SUR
ELLA ADIVINO
LA RUTA DEL TENTEMPIE

sexta-feira, 19 de junho de 2009

LP MUDA BRASIL PLAY LIST NACIONAL 1985 PHILIPS

Educação: esse é o nosso jeito de melhorar o futuro.
Quando a LBV chamar, Atenda com o coração:
DIGA SIM!
Café Con Che © 2004





LP MUDA BRASIL PLAY LIST NACIONAL

1985

PHILIPS 2809169



TODAS é, segundo a própria Marina, seu disco mais romântico. Assim, não poderia faltar uma composição como NADA POR MIM, uma música que é amor puro, criada pelos talentos reunidos de Herbert Vianna e Paulo Toller.


DELICIA é o novo hit do Ciclone, o conjunto que estourou com Tipo One Way, e que agora está lançando seu primeiro LP, TIPO ONE WAY chegou a ser o compacto mais vendido no Rio (pesquisa Nopem) e DELICIA – mesmos autores de Tipo One Way – promete repetir a dose.

DROPS DE HORTELA é uma canção do ganhador de festivais Oswaldo Montenegro. Nela , ele divide os vocais com a atriz Glória Pires. Novidade, talento e, claro, sucesso na certa.

LOUCA, DOCE E ATREVIDA é uma faixa do disco que está comemorando os 20 anos de carreira de Jerry Adriani. O sucesso da canção tem sido tanto que ela virou até título de uma fotonovela estrelada pelo próprio Jerry e inspirada na letra da música: uma letra LOUCA, DOCE E ATREVIDA.

O COMPLOT é um grupo novo, formado por jovens músicos influenciados pelos jazz e pelo rock. VIDEO CLIP é uma canção de feição moderna, apoiada na marca registrada do Complot: o Estilo.

NAHIM é um campeão de vendas e um campeão de shows. Recentemente comemorou seu milésimo show com uma grande festa num programa de televisão. CORAÇAO DE MELAO é uma versão feita sob medida para as legiões de fãs do cantor.

O samba não podia faltar. GUERI-GUERI é uma faixa que puxa o LP da Turma do Pagode, formado pelos talentos reunidos de AS GATAS, SAMBA SOM 7. ADEZONILTON E GENARO. O clip de GUERI-GUERI no Fantástico contou com a participação de pesos-pesados do samba, como Agepê, João Nogueira, Benito de Paula, Roberto Ribeiro e muita gente mais de igual categoria. O samba, realmente, não podia faltar.

Uma cantora moderna, cantando uma letra moderna, com um arranjo moderno. Romantismo moderno. DIFICIL tem tudo a que MARINA, moderna, dá direito. O lado dançante de TODAS, o novo disco de Marina Lima.

ROMANCE INTERNACIONAL traz FRED NASCIMENTO com seu som jovem, dançante, apoiado numa guitarra definida por Ezequiel Neves como “pós-Mark Knopfler”. ROMANCE INTERNACIONAL tem o som da década de 80.

De repente, nas rádios, uma música, que mais parecia fita pirata de um show, começou a fazer sucesso. Mas ninguém sabia quem era OS MELHORES sãos os músicos da banda que acompanham Léo Jaime e que estão sempre se lançando como conjunto. COMO É BOM TE AMAR é uma versão LIVE IS LIFE, hit do conjunto europeu Opus, que está estourando nas paradas do velho continente neste verão.

TIRANDO ONDA abre o novo disco de SIDNEY MAGAL – ME ACENDE – um disco de arranjos modernos, inteiramente identificado com a alegria, a positividade, a energia de Magal. TIRANDO ONDA tem tudo para ser sucesso, além de ser um ótimo “trailer” de ME ACENDE.

A DANÇA DA LUA é uma música da trilha sonora da novela ANTONIO MARIA, da TV MANCHETE. EUGENIA MELLO E CASTRO é uma compositora portuguesa conhecida e reconhecida; nesta faixa ela divide os vocais com o talento genial de Ney Matogrosso.

O QUERERES é a faixa de Velô preferida pelo CAETANO VELOSO. Isso é tudo.

METAMORFOSE AMBULANTE, a genial canção de Raul Seixas, é uma das faixas do primeiro disco – METAMORFOSE – de VERONICA SABINO que, após ter feito parte do conjunto CÉU DA BOCA, está debutando em carreira solo. METAMORFOSE AMBULANTE virou, na interpretação de VERONICA, um rock pesadíssimo, “irado”, uma recriação que nem Raul suspeitaria possível. Um excelente passaporte para a Voz desta nova cantora.


LADO 1
DIFICIL Marina
ROMANCE INTERNACIONAL Fred Nascimento
COMO E BOM TE AMAR (LIVE IS LIFE) Os Melhores
TIRANDO ONDA Sidney Magal
A DANÇA DA LUA Eugenia Melo e Castro
O QUERERES Caetano Veloso
METAMORFOSE AMBULANTE Verônica Sabino

LADO 2
NADA POR MIM Marina
DELICIA Ciclone
DROPS DE HORTELA Oswaldo Montenegro e Gloria Pires
LOUCA DOCE E ATREVIDA Jerry Adriani
VIDEO CLIP Complot
CORAÇAO DE MELAO Nahim
GUERI GUERI As Gatas e Samba Som 7

Café Con Che © 2004

quarta-feira, 10 de junho de 2009

TURIBIO SANTOS MENTIRAS...OU NÃO? UMA QUASE AUTOBIOGRAFIA JORGE ZAHAR

Café Con Che © 2004



TURIBIO SANTOS MENTIRAS...OU NÃO?
Uma quase autobiografia

Jorge Zahar Editor
2002
103p
ISBN 8571106592



Turíbio Santos deixa registrados neste livro episódios pitorescos e significativos de sua vida e carreira como violonista. Escrito com a simplicidade e graça dos autênticos contadores de “causos”, percorre desde sua estréia em São Luis do Maranhão até momentos de glória internacional – como um concerto com a Royal Philarminic Orchestra em Londres e um recital em Versailles, no Petit Château de Maria Antonieta.
Demonstrando a mesma intimidade de que esbanja com suas guitarras, o cronista musical narra seus encontros e desencontros pelo mundo: como teve de aprender em um mês o CONCERTO DE ARAJUEZ para gravá-lo com uma orquestra francesa; os animados saraus na casa de Jacob do Bandolim; considerações filosóficas sobre as mãos dos violonistas; o relacionamento musical com Andrés Segovia; o intercambio com Rafael Rabello e Guinga; as criticas ao mercado fonográfico brasileiro e mundial; e muitos outros casos deliciosos.
Este depoimento de um apaixonado pela música e pela vida traz ainda uma fotobiografia e uma discografia completa do autor.

“Eu gosto muito de boteco. De contar e ouvir histórias. Às vezes, no entusiasmo de um causo me pergunto: Será que foi verdade? Será que foi isso mesmo?
Aí fui escrevendo essas crônicas aos poucos. Algumas eliminei, outras refiz, e o resultado é este livro de recordações. Foi tudo verdade mesmo.”

TURIBIO SANTOS é considerado pela crítica e pelos especialistas internacionais um dos maiores violonistas clássicos da atualidade. Viajou o mundo inúmeras vezes para tocar nos mais importantes centros musicais, merecendo críticas entusiastas por seus concertos, seus 54 discos gravados até hoje e suas coleções de partituras.
Numa manifestação clara de respeito pela música brasileira, Turibio vem realizando um trabalho de preservação e divulgação de partituras para o violão – objetivo da série VIOLAO AMIGO, coordenada pelo autor e já com três volumes publicados por esta editora (o quarto trará, além de uma suíte de caráter popular do próprio Turíbio, uma valsa inédita de ninguém menos que Villa Lobos).
É membro e fundador do Conseil d’Entraide Musicale da Unesco e, desde 1986, diretor do Museu Villa Lobos. Recebeu a comenda de Chevalier de La Légion d’Honneur, do governo francês, e a de Oficial da Ordem do Cruzeiro do Sul.
Café Con Che © 2004
Música, Cine, Literatura, Desporte Etc e Sorte

segunda-feira, 8 de junho de 2009

EUGÊNIO EVTUCHENKO AUTOBIOGRAFIA PRECOCE BRASILIENSE 1984

Café Con Che © 2004
Ajude a construir um futuro melhor




EUGÊNIO EVTUCHENKO AUTOBIOGRAFIA PRECOCE
Brasiliense
1984
Tradução Yedda Boechat




A autobiografia de um poeta são seus próprios poemas. O resto é suplementar.
O poeta tem o dever de se apresentar aos leitores com seus sentimentos, atos e pensamentos, de coração aberto.
Para ter o privilégio de exprimir a verdade dos outros, ele deve pagar um preço: entregar-se, impiedosamente, à sua verdade.
Enganar lhe é vedado. Se desdobra a sua personalidade – de um lado, o homem real e, do outro, o homem que se expressa – se tornará estéril. É inevitável.
Quando Rimbaud tornou-se traficante de negros, agindo contra os seus idéias poéticos, deixou de escrever. Foi a solução honesta.
Infelizmente, nem sempre é assim. Alguns se obstinam em escrever mesmo quando sua vida não coincide mais com a sua poesia. Abandonando-os, a poesia se vinga. Mulher rancorosa, ela não perdoa a mistificação, nem mesmo as meias-verdades.
Diante de um espelho, que os homens digam, não quantas vezes mentiram, mas simplesmente, quantas vezes preferiram o conforto do silêncio.
Sei que eles têm um álibi, com certeza, inventado por seus similares: o silêncio é de ouro. A eles eu responderia: essa espécie de ouro não é pura. Esse silêncio é falso.
Isso é válido para todos os mortais, mas cem vezes mais ainda para os poetas, que devem expressar uma verdade concreta. Quando se começa por silenciar a sua própria verdade, acaba-se inevitavelmente por silenciar sobre as verdades, sofrimentos e infelicidades dos outros.
Durante muito tempo, os poetas soviéticos se recusaram a desvendar seus próprios pensamentos, suas contradições e a complexidade de seus problemas pessoais. Como conseqüência, emudeceram sobre aqueles que os rodeavam.
Houve uma época, após a Revolução, em que os poetas comunistas fundaram a “Associação da Cultura Proletária” e acreditando, ingenuamente, servir assim aos seus idéias, decidiram falar unicamente no plural. Com desespero, ruflaram os tambores do seu talento para abafar a pobreza do seu método.
Os seus sucessores escreveram na primeira pessoa do singular, mas continuaram a carregar o peso deste gigantesco acessório chamado: “nós”.
Prisioneiros forçados de seus artifícios, quando um deles dizia “eu amo” entendia-se que afirmava “nós amamos”!
Nesta época é que os nossos críticos literários engendraram a teoria do “herói lírico”. Diziam eles que o poeta deve cantar as virtudes superiores. Nas suas obras ele deve aparecer não como realmente é, mas como protótipo de homem perfeito.
Os adeptos dessa teoria escreveram muitas vezes acreditando produzir poemas autobiográficos. Em suas obras encontram-se o nome da sua cidade natal, a lista das regiões visitadas e outros detalhes pessoais. Mas essas poesias eram de tal maneira vazias que não se distinguiam umas das outras.
Ora, bem sei que alguns poetas possuíam talento bastante para se exprimir com maior beleza que outros. No entanto, o pensamento era estereotipado. O que distingue os seres humanos, não é a forma que emprestam ao seu modo de expressão, mas sim, a unidade do pensamento que expressam. Não é possível uma autobiografia que não seja reflexo fiel do que há de único e imitável em cada um de nós.
Não desejo rotular assim toda a poesia soviética. Não quero acusá-la de ter desnaturado o “eu” do poeta. Maiakovski sempre escreveu “nós”, mas era Maiakovski. O “eu” de Pasternak é, precisamente, o “eu” de Pasternak.
Poderia citar muitos outros poetas que tiveram o mérito insigne de conservar suas próprias individualidades durante esse período difícil, mas seus nomes pouco diriam aos leitores ocidentais.
A obra de um verdadeiro poeta é a imagem viva, palpitante, dinâmica e expressiva de seu tempo. Mas é, também, o seu auto-retrato permanente e total.
Se assim penso, porque teria me proposto a escrever este ensaio autobiográfico?
Porque os poemas se traduzem mal e porque, no Ocidente, em vez de conhecerem minha obra, são conhecidos apenas certos artigos, que refletem uma imagem minha muito diferente da realidade.
Pretenderam fazer de mim uma figura isolada, destacando-se, ao que parece, como um facho luminoso sobre o fundo cinzento da sociedade soviética.
Não sou, porém, essa figura.
Um grande número de homens soviéticos detesta com igual paixão tudo aquilo contra o que luto. As coisas preciosas para mim, o são, igualmente, para inúmeros companheiros soviéticos.
Sei da existência de homens capazes de marcar sua época por suas idéias pessoais. Trazem-nas para a sociedade como armas de combate. É a forma mais elevada da criação do espírito. Infelizmente não pertenço a esta categoria de criadores.
As idéias novas, os sentimentos novos que se encontram nos meus poemas, já existiam para a sociedade soviética muito antes que eu começasse a escrever. Na verdade ainda não haviam recebido uma forma poética. Mas se eu não o fizesse, um outro o teria feito.
Dirão que estou me contradizendo de uma página para outra; depois de ter exaltado o individualismo indivisível do poeta, eis que me apresento como um defensor das idéias coletivas.
É uma falsa contradição.
Creio que é necessário ter uma personalidade bem característica, bem determinada, para poder exprimir na própria obra o que há de comum em muitos homens.
Esta é a minha ambição como poeta. Gostaria de poder, durante a minha vida, imprimir aos meus poemas os anseios dos outros, sem renegar o meu próprio “eu”. Aliás estou convencido de que o dia em que perder esse “eu”, perderei também a faculdade de escrever.
Mas o que é meu “eu”?


Café Con Che © 2004


"Patria es Humanidad"

sábado, 6 de junho de 2009

TRAÇANDO PORTO ALEGRE LUIS FERNANDO VERISSIMO JOAQUIM FONSECA ARTES E OFICIOS

Café Con Che © 2004
Torne-se voluntário e faça a diferença!




LUIS FERNANDO VERISSIMO E JOAQUIM FONSECA TRAÇANDO PORTO ALEGRE
Artes e Oficios
3º edição
ISBN 858541825
144p
1994





A CIDADE TRAÇADA
Toda cidade que tem um rio é bela. Porto Alegre exagera, esparrama-se ao longo de vários que, de lambuja, se transforma num lago imenso. Com toda essa lindeza, gosto de tomar nossa cidade como modelo e temática. Tenho desenhado como ela era, como ela é e como a desejo.
Pode parecer estranho atribuir sexo a uma cidade. Porto Alegre, que tem alma, eu vejo feminina. Caprichosa e temperamental, é a um só tempo provinciana e avançadinha, mantendo hábitos recatados, porém sem nunca perder o compasso com o nosso tempo. Metrópole, é neurótica, opiniática e exigente. Também aldeia, é pudica, singela e dócil.
Sensualmente lânguida, se deita estirada no seu sinuoso contorno fluvial. Dominadora e envolvente, avança voraz sobre os morros, pelos vales e pelas planuras. Impetuosa, lança-se ao alto em pontas de concreto. Fogosa, vibra entrelaçada por artérias dinâmicas e congestionadas. Carola, reza com fé na Festa dos Navegantes. Peleadora, trabalha feito louca nas oficinas do quarto distrito. Ciumenta, esconde com o muro seu perfil mais lindo.
É faceira quando se veste com as flores do jacarandá, anunciando a primavera é manhosa ao se derreter nos dias tórridos de verão. Romântica, se pinta toda nos fins de tarde, no outono. Malvada, venta fria e cinzenta nas noites de inverno.
Quando aqui cheguei, nos tempos do bonde, do rolo compressor e das balas esportivas, Porto Alegre ainda matinha, ao menos no centro, um certo ar tradicional que lembrava Buenos Aires. Com o tempo, foi se tornando mais interesseira, substituindo seus cafés de esquina pelas agências financeiras. Além da inocência, perdeu nos últimos anos muito de sua identidade original. As matinês e as anedotas de rua, por exemplo, foram sumindo, dando lugar aos cômicos da tevê. Mas foi ganhado outras coisas que a fazem moderna, adulta e madura, como a Feira do Livro, espaços de cultura, museus, teatros, galerias de arte.
Tanto o LFV como eu conhecemos outras, é verdade. Mas cada um na sua, elegemos este porto como nosso ponto de referência. Traçá-la, para nós, é literalmente e graficamente um ato de amor.
Joaquim da Fonseca.

OS BONDES
Falam que os bondes podem voltar. Que voltem os bondes. Dizem que os bondes são econômicos, que não poluem, que os bondes nunca deviam ter acabado. Não sei. Que peçam desculpas aos bondes e os coloquem na linha de novo.
Mas a economia é a menor das virtudes do bonde. A importância cultural do bonde vai muito além da sua utilidade. O bonde foi uma lição de vida para algumas gerações. Foi uma parte importante da minha educação e, se hoje tenho um pouco de equilíbrio emocional, bons reflexos e o mínimo de caráter para não dar na vista, devo tudo ao Petrópolis até o fim linha ou J. Abbott. O desvairio da juventude atual se explica facilmente: é fruto de uma infância sem bondes. Que voltem os bondes, antes que seja tarde.
Os bondes ensinavam tudo.
DESTREZA, CORAGEM E AUTOCONFIANÇA
_Certamente o período mais importante da minha vida foi dedicado à preparação psicológica para a minha primeira grande prova de bravura (e, pensando bem a última): subir no estribo com o bonde andando. Corresponderia ao primeiro encontro solitário com um bisão da planície do Guri de Neanderthal. Um ritual de passagem. Depois do feito, você era um homem. Não precisava ter ninguém olhando. Era um triunfo pessoal e secreto, e depois o mundo nunca mais era o mesmo. Descer com o bonde em movimento não era nada, uma menina faria. Bastava continuar correndo depois de tocar com os pés no chão. E pular para a calçada antes que o carro que viesse atrás fizesse você voar. Fácil. Subir com o bonde andando era outra história. Levei uns dois meses para criar coragem antes do meu primeiro pulo. Não falhei. Nunca falhei. É um orgulho que eu carrego no bolso até hoje como um amuleto.
RESPEITO AO PROFISSIONAL, A IMPORTANCIA DE UM OBJETIVO NA NOSSA EXISTENCIA.
_ Fora o Tesourinha e dois ou três personagens do Globo juvenil, meu herói da infância era o fiscal de bonde. Aquele cara que pulava de um bonde em movimento para o outro, sem nunca perder o quepe, olhava para o marcador do bonde e fazia misteriosas marcas num papel verde com um carimbo vermelho que tirava do bolso. Durante algum tempo hesitei entre ser aviador ou fiscal de bonde quando crescesse. Decidi ser fiscal de bonde. Se os bondes voltarem, terei a minha chance.
HONESTIDADE E CONFIANÇA NO PROXIMO
_O cobrador passava pelo corredor, perguntando: “Já pagou?”. O mundo era mais simples, então. E a passagem mais barata.
CONTROLE MUSCULAR
_Andar na parte detrás de um bonde gaiola, na descida, sem segurar em nada, só no jogo de perna, preparava o individuo para todos os percalços. Diziam que quando o São José ia jogar nos Eucaliptos, o time entrava em forma na viagem de gaiola.
Que voltem os bondes.
Luis Fernando Veríssimo / Joaquim da Fonseca

A MAL ENTENDIDA
Porto Alegre vive à beira de alguns mal-entendidos.
Para começar, vive à beira de um rio que não é rio. O Guaíba é um estuário, ou como quer que se chame essa espécie de ante-sala onde cinco rios se reúnem para entrar juntos na Lagoa dos Patos. Mas todos o chamam de Rio Guaíba.
A rua principal da cidade não existe. Você rodará toda a cidade à procura da Rua da Praia e não a encontrará. Usando a lógica – o que é sempre arriscado, em Porto Alegre – procurará uma rua que margeia o rio (que não é rio), ou que comece ou termine numa praia. Se dará mal. Não há praias no centro da cidade, e nenhuma rua ao longo do falso rio se chama “da praia”. Finalmente, desconfiado de que a rua principal só pode ser aquela que concentra a maior parte do tráfego de pedestres no centro, você consultará a placa e lerá “Rua dos Andradas”. Mas ninguém a chama de Rua dos Andradas, chamam pelo nome antigo, Rua da Praia. Por que da praia? Ninguém sabe. Só se sabe que ela vai da Ponta do Gasômetro, que não é mais Gasômetro, até a Praça Dom Feliciano, que todos chamam Praça da Santa Casa, passando pela Praça da Alfândega, que já foi Praça Senador Florêncio, mas voltou a ser Praça da Alfândega, porque ficava na frente da Alfândega – que não existe mais.
Confuso, você talvez entre no prédio da prefeitura para pedir satisfações, só para descobrir que entrou no prédio errado. Existe outra prefeitura, a nova, atrás da velha, que por sua vez tem na frente uma praça chamada não Porto Alegre mas Montevidéu.
Na prefeitura certa talvez lhe digam para ir se queixar ao bispo, tendo que, para isto, subir a Rua da Ladeira até a Praça da Matriz, onde fica a Catedral. Desista. Você não encontrará a Rua da Ladeira, que hoje se chama (só ele se chama, porque ninguém mais a chama assim) General Câmara, e a Praça da Matriz na verdade é a Praça Marechal Deodoro, embora poucos porto-alegrenses saibam disso.

A única vantagem de toda esta confusão é que você precisará de muito tempo para ir decifrando Porto Alegre, ao contrario do que acontece em cidades previsíveis e sem graça como Paris, Roma, etc., onde tudo tem o mesmo nome há séculos – e ir degustando-a aos poucos. Acho que não se decepcionará.
Vencidos os primeiros mal-entendidos e localizada, por exemplo, a “Praça da Matriz”, você pode fazer uma visita ao Theatro São Pedro, um dos orgulhos da cidade com seu prédio em estilo barroco português e sua pequena platéia em forma de ferradura. Há quem diga que é o teatro mais bonito do Brasil. Certamente é o mais bem cuidado. Inaugurado em 1858, esteve fechado por uns tempos e foi magnificamente restaurado para sua reinauguração há poucos anos. Da sacada do seu primeiro andar, onde ficam o foyer e o café, você pode olhar a Praça de cima. Se tiver sorte, os jacarandás estarão florindo. Do outro lado da praça estão a Catedral e o palácio do governo estadual, ou Palácio Piratini, esse no estilo neoclássico francês. Duas coisas surpreendem alguns visitantes em Porto Alegre pela quantidade insuspeitada: a arquitetura neoclássica e os jacarandás.
Saindo do Theatro São Pedro você pode aproveitar para dar uma olhada na Biblioteca Pública (outro exemplo do estilo neoclássico), e principalmente uma espiada no seu Salão Mourisco, ricamente decorado. Desça a Rua da Ladeira. Está bem, a General Câmara. Você chegará ao chamado Largo dos Medeiros e a outro mal-entendido municipal. O largo tem este nome extra-oficial em homenagem a um café que tinha ali e não tem mais. Não, não se chamava Café Medeiros, os donos é que se chamavam assim. Não importa, vire a esquerda e siga pela Rua da Praia – dos Andradas! Dos Andradas! – passando a Praça da Alfândega, onde todas as primaveras se realiza a famosa Feira do Livro de Porto Alegre.
Depois de uma curta caminhada você chegará ao antigo Hotel Majestic, hoje belissimamente transformado na Casa de Cultura Mario Quintana, com teatros, cinemas e salas para cursos e exposições. Vale a pena entrar para ver o que foi feito do velho hotel e ir até o Café Concerto na sua parte superior, ou então deixar para voltar lá na hora do pôr-do-sol. Um pouco mais adiante na mesma Rua da Praia, à sua esquerda, você verá a igreja Nossa Senhora das Dores, com uma grande escadaria na frente. A fachada e a escadaria são iluminadas à noite, é uma das bonitas visões da cidade.
Volte pela mesma Rua da Praia em direção ao centro. Ao chegar à Avenida Borges de Medeiros, pegue a esquerda e desça até o Mercado Público, perto da prefeitura e da já citada Praça Montevidéu, onde está a graciosa Fonte de Talavera de La Reina, um presente da comunidade espanhola à cidade. Passeie dentro do mercado e veja as suas “bancas” especializadas, como a que vende vários tipos diferentes de erva para o chimarrão. Os morangos com nata batida da Banca 43 são famosos.
O pôr-do-sol não pode ser reivindicado como atração turística de Porto Alegre, já que tecnicamente ele acontece fora dos limites estritos do município, mas sabe se colocar para assisti-lo é uma das artes da cidade. O novo Café Concerto, na cúpula do antigo Hotel majestic, com uma vista despendida do “rio” e do poente, já tem seus adeptos, mas o ponto tradicional dos crepusculistas é o mirante do Morro de Santa Teresa. Você precisará de transporte para ir do contra até lá e se for de táxi, para evitar outro mal-entendido, diga ao motorista que quer ir ao “Morro da Televisão”. Do mesmo mirante você terá a melhor vista da cidade, cuja topografia já foi comparada à de São Francisco na Califórnia, e verá, lá embaixo, o imponente estádio do grande Sport Club Internacional.
Outro bom lugar para se olhar a cidade e o pôr-do-sol é o Morro do Turista. Para chegar lá você precisa pedir para ser levado ao Morro da Polícia. É o mesmo morro.
Aos domingos pela manhã, boa parte da população de Porto Alegre vão ao “Brique da Redenção”, assim chamado porque fica no Parque Farroupilha. Calma. O Parque Farroupilha, um dos maiores parques urbanos do mundo, é conhecido pelos porto-alegrenses como Parque da Redenção. Ou, sucintamente, “a Redenção”. “Brique”, na língua gaúcha, é o encurtamento de “Briqueabraque” e é uma feira de antigüidades em que tudo, até revista da semana passada, é considerado antigüidade. Mas em meio as porcarias assumidas, há loucas e pratarias, livros valiosos, selos e moedas e principalmente muita gente vendendo, comprando ou só passeando.
O parque se chama Farroupilha em homenagem à revolução do mesmo nome que os gaúchos fizeram em 1835 contra o império, proclamando a República Rio-Grandense. Mas embora todo mundo aqui hoje comemore a insurreição, Porto Alegre manteve-se fiel ao governo central e por isto mereceu o titulo de “leal e valorosa cidade” conferido pelo imperador Pedro II, e que está no seu brasão.
Outro mal-entendido.
Luis Fernando Veríssimo / Joaquin Fonseca

BAIXO ASTRAL
E os argentinos não vieram.
Soluçam as ondas e o vento: não vieram, não vieram.
Onde estão seus filhos chatos, suas mulheres estridentes, e os seus dólares, e os parentes?
Não vieram, não vieram.
E a sua fome? E os seus dentes?
Não vieram, não vieram.
Se arrependimento matasse haveria mais corpos na praia do que óleo e restos de arraia. Donos de hotéis e lancherias se unem em homilias. Como os tratamos mal! Fomos insensitivos. E agora estamos aqui, reduzidos a explorar os nativos...
Choram as gaivotas: no veniram, no veniram. E os sorveteiros gritam “Ki-ruim!” e os milhos se quedan en su tinta. Diz um corvo “nunca más” e não há quem o desminta. E de Torres ao Chuí, passando por Cidreira e Pinhal, só se vêem as conseqüências de um tremendo baixo astral. Tragédia conjuntural.
Só agora lhes damos valor. Boa gente, boa gente. Um pouco prepotente. Aquele ar de quem não nos liga, de quem tem o Maradona na barriga, mas simpáticos à sua maneira – e que carteira ligeira!
Grandes consumidores, e não só de alfajores. Eletrodomésticos, horrores. Nos encantava seu canto: “Me encanta, me encanta, quanto?”. Nunca mais, nunca mais.
Não discutiam aluguel, nem o preço do pastel. E só ficavam um pouco assim se não encontrassem o Clarin. Boa gente, boa gente. Só um pouco diferente.
Agora é tarde, Inez não vem. Nem Carlito, nem Mercedes e muito menos Menem. Dizem que a crise é a culpada mas é uma história mal contada. Pois nossa crise é igual a deles, tudo nos iguala e junta, e nem por isso, convenhamos, há menos brasileiros em Punta.
Luis Fernando Veríssimo / Joaquim da Fonseca


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