sábado, 5 de janeiro de 2008

VINIL MARIA LIVIA SAO MARCOS VILLA LOBOS 1975 FERMATA


LP MARIA LIVIA SAO MARCOS HEITOR VILLA LOBOS

DOUZE ETUDES POUR GUITARE


12 ESTUDOS PARA VIOLAO


1975


FERMATA 3051039



APONTAMENTOS BIOGRAFICOS
É já bastante significativo o numero de compositores de âmbito internacional que aparecem na literatura moderna do Violão Clássico, e que por consenso geral se entronizou na tradição programática do ensino, pelo teor substancial de suas obras, do ponto de vista técnico e artístico. Quase todos identificam a Espanha e o Violão numa síntese afetiva evidentemente justificável em razão da abundancia e originalidade de seus cantos, e culto tradicional e histórico da nação ibérica à guitarra.
Demasiado seria alinhar aqui tantos nomes do imenso rol mas forçoso é que se mencione Manuel Ponce – mexicano – com a sua majestosa Folias de Espanha, encimando um acervo de composições valiosas; Mario Castelnuovo Tedesco – italiano – autor de Capriccio Diabólico, Tarantella, Sonatas e Prelúdios, Concerto em Ré com acompanhamento de Orquestra, etc...Joaquim Turina e suas peças típicas espanholas: Fandanguillo, Ráfaga, Homenagem a Tárrega, Sonatina; F. Moreno Torroba de cuja messe de trabalhos se destaca Peças Características, Suíte Castellana, Sonatina Meridional, Concierto Del Sur com acompanhamento de orquestra (não publicado) e ainda outros itens significativos; Joaquin Rodrigo que o mundo inteiro conhece através do célebre Concierto de Aranjuez, autor da Fantasia para um Gentil Hombre e mais onze peças variadas; Alexandre Tasman, autor de Cavatina, Dança Pomposa, etc.; Benjamin Britten e o Nocturnal Op. 70, peça extensa de intrincada elaboração, etc...
HEITOR VILLA LOBOS surge como astro de primeira grandeza, nessa constelação radiante, cujo nomes e obras realizam a nova historia da arte violonística. O Mestre brasileiro contudo, afasta-se da rota usual em que muitos se confundem por uma elaboração semelhante de sabor espanhol. Ele vale-se das fontes inexauríveis da tradição brasileira, já de si caldeada de elementos heterogêneos que a enriquecem: são ritmos diversificados, melodias galantes e sentimentais, uma caracterização de motivos que Villa Lobos integra nas progressões harmônicas que, como jamais alguém, soube tão bem explorar. E sendo musica brasileira, não apenas porque o Autor o é, mas pela emanência da alma do povo que a fundamenta, portanto particularizada, impõe-se, assim mesmo, á apreciação e ao gosto do mundo inteiro, por sua estrutura erudita e universal.
Gerou um novo campo de pesquisa na gama harmônica que a afinação do instrumento, caprichosa e cientifica, oferece e que ele bem conhecia, estendeu a todos os recursos sua influencia genial e tudo fez no alcance da capacidade técnica e musical possíveis do executante credenciado, sem necessidade de posteriores adaptações, dando ensejo à efusão da fantasia em que o interprete cria o próprio “modus sensibilis”, para fazer fluir, em evidencias incomuns, a real personalidade artística. Assim como se tivesse incondicionalmente, ao seu dispor “o engenheiro e a arte”
A grandeza da obra de Villa Lobos não reside na quantidade, mas na originalidade, na abundancia de cenas que revela o espírito, na variedade de movimentos, na expressividade dos quadros melódicos que evidencia na trama harmônica e faz fluir com espontânea naturalidade. E os itens aqui registrados na primorosa interpretação de Maria Lívia São Marcos, em que os agentes ideais da estrutura musical vivem no ímpeto da inspiração fluente, tendo a mecânica estritamente subordinada à realização da estética, fundamentam, à saciedade, o juízo sereno e natural exarado, sobre o autor.
DOZE ESTUDOS: - Tal denominação não designa com absoluta severidade a forma especifica de composição destinada ao desenvolvimento exclusivo de elementos técnico-dinamicos, na execução, mas porque não compreende morfologicamente os cânones consagrados em determinados gêneros, não sendo, portanto, sonatas, suítes, etc., etc., o Autor preferiu, a outra a qualquer nomenclatura, essa mesma. Os termos usados pelos clássicos dos séculos passados variam: baladas, capriccios, improvisos, invenções, etc., foram tantos outros títulos de que se serviram para o mesmo fim. No entanto os Estudos de Villa Lobos atendem plenamente ao detalhamento que envolve a ampliação de recursos mecânicos alem de um conteúdo musical que os elege à magnificência, na concertista universal, em igualdade de condições daquelas que exornam e completam a literatura dos demais instrumentos de classes nobre. Por isso é comum nota-los nos programas de maior relevo, nas salas de concerto, nos mais eminentes centros de cultura musical.
Assim o estudante, como o ouvinte interessado em tópicos elucidativos podem, ao transcurso da audição deste disco, admirar os valores psicológicos em que se reúne destreza e musicalidade do Autor e da interprete, não obstante a rotulagem a despretensiosa que assinala a presente obra.
No aprofundamento do estudo para realização interpretativa Maria Lívia São Marcos extraiu, do texto, as idéias que transubstanciou na linguagem descritiva que se segue:
_ ESTUDO Nº. 8: é impregnado de malicia e sensibilidade, característica do povo brasileiro que conheceu a mistura de raças, as mais diversas. O estilo “rubato” impõe-se, esse estilo que permite encontrar o ritmo de base depois de momentos de abandono.
ESTUDO Nº.1: faz imaginar o céu aberto com suas impetuosas vagas. E tal imagem esta implícita na mudança das harmonias, colocando-nos no plano da técnica, e do ponto de vista da interpretação. É o mais celebre.
ESTUDO Nº.3: aqui encontram-se os ligados – forma diferenciada de pulsação – em todas as suas variantes e sua particularidade essencialmente violonística, próprios ao desenvolvimento da mão esquerda, como força e independência.
ESTUDO Nº.5: é atravessado por correntes misteriosas. O acompanhamento prende e retém a atenção, pois ele se repete diversas vezes com uma certa monotonia. Depois, contrastando, um canto se eleva! Um canto sem palavras de inflexões populares...
ESTUDO Nº.7: apresenta outras exigências técnicas: escalas rápidas, trinos e ritmos marcantes como a síncopa.É um estudo particularmente brilhante em que se destaca, na parte central, um canto nostálgico e profundo.
ESTUDO Nº.9: eis aí uma evocação das florestas amazônicas, onde retumba o canto de pássaros exóticos. A melodia é uma seqüência repetida, enriquecida, na segunda parte, de ornamentos, cuja execução se encarrega a mão esquerda.
ESTUDO Nº.6: revela um caráter viril e pomposo. O tema é marcial e exige perfeita sincronização das duas mãos.
ESTUDO Nº.2: é acadêmico por excelência, um notável exercício de arpejos sobre toda a extensão do instrumento, cuja acentuação se exerce do grave para o agudo.
ESTUDO Nº.10: requer pronta ação das pontas dos dedos, cuja flexibilidade e resistência são postas à prova, notadamente na parte central que comporta um ligado tríplice que exige claridade cristalina para fazer ressaltar os ritmos da batucada, mistura de compassos binários e ternários imitando os instrumentos primitivos de percussão, utilizado nas danças frenéticas do carnaval brasileiro.
ESTUDO Nº.11: reflete a alma brasileira em que se fundem três sentimentos fundamentais: o misticismo dos índios, o ritmo das danças dos escravos africanos, e a nostalgia do colonizador português. Esse estudo compõe-se de dois temas: o primeiro que se toca na 4º corda e vamos encontrar nas oitavas arpejadas com efeito de tremulo, o segundo, mais animado, é uma melodia acompanhada de notas duplas, em terças, onde se intercalam acordes inesperadamente cortados.
ESTUDO Nº.12: é a coroação da obra de HEITOR VILLA LOBOS. Risos parecem sair do contexto, gargalhadas evocando o lado sarcástico das inumeráveis lendas que tem como fundo a floresta tropical. Para caracterizar essa hilaridade, os acordes se repetem ate o paroxismo, terminando o Estudo num suspiro, no acorde final.

O conjunto desses estudos compostos em Paris, em 1929, constitui a obra mestra da literatura do Violão Clássico, o que explica o sonho de cada interprete de tocar da maneira mais fiel essas paginas inspiradas do celebre compositor brasileiro.

MARIA LIVIA SÃO MARCOS: por sugestão sua e em consideração ao trabalho intenso que vem realizando na Suíça como catedrática do Conservatório de Genève e Concertista, o Violão foi, este ano de 1975, introduzido, pela primeira vez, no CONCOURS INTERNATIONAL D`EXECUTION MUSICALE, tendo a concertista brasileira integrada o Corpo de jurados ao lado de André Segovia e Julian Bream.
Ainda nesse período foi participe do Corpo Docente no 12º Festival “TIBOR VARGA”, o mais famoso da Europa, que se realiza em Sion – Suíça – atuando, alem disso, em vários concertos com orquestra.
Em novembro parte para os Estados Unidos da América, em “tournée” artística, sob contrato.
As ultimas criticas apontam-na como prodígio, entre os melhores valores musicais da atualidade.

Comentário e redação de Manoel São Marcos, professor da Escola Livre de Seminários de Música Pró-Arte.

FACE1
No. 8. MODERE, DO DIESE MINEUR.
No. 1. ALLEGRO NON TROPPO, MI MINEUR
No. 7. TRES ANIME, MI MAJEUR
No. 9. TRES PEU ANIME, FA DIESE MINEUR
No. 6. POCO ALLEGRO, SOL MAJEUR
No. 2. ALLEGRO (DES ARPEGES, LA MAJEUR)

FACE 2
No. 2. ALLEGRO MODERATO (DES LIES), RE MAJEUR.
No. 5. ANDATINO, DO MAJEUR.
No. 4. UN PEU MODERE (DES ACCORDS REPETES). SOL MAJEUR
No. 10. TRES ANIME, SI MINEUR
No. 11. LENT (BIEN CHANTE ET TRES EXPRESSIF DANS LA QUATRIEME CORDE) MI MINEUR
No. 12. ANIME, LA MINEUR

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