sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

LP RAYMOND LEWENTHAL SINFONIA DE BRINQUEDO E OUTRAS BRINCADEIRAS BRILHANTISSIMO VOL 23 ANGEL 1975 TOY SYMPHONIES E OTHER FUN

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Café Con Che © Records
LP SINFONIA DE BRINQUEDO E OUTRAS BRINCADEIRAS
BRILHANTISSIMO VOL 23

1975
ANGEL 31C06385516

Toy Symphonies & Other Fun

Regidas, do piano, por
RAYMOND LEWENTHAL

Reinecke, Gurlitt & Franklin Taylor: Sinfonias de Brinquedo
Kling: Sinfonia da Cozinha
Steibelt: Três Bacanais
Méhul: Abertura burlesca





LADO 1
CARL REINECKE: SINFONIA DE BRINQUEDO (KINDERSYMPHONIE) EM DÓ Para piano, dois violinos e violoncelo com rouxinol, cuco, trompete de brinquedo, tambor, matraca, sino de pau, sino de vidro e bandeja de chá (faixas 1/4-15’57). Allegro um poço maestoso (5’45); II. Andantino (5’55); Moderato (1’48); IV. Corrida de Cavalo (Moito Vivace) (1’49).



FRANKLIN TAYLOR: ADAGIO & FINALE DA SINFONIA DE BRINQUEDO Para piano, violino e violoncelo com cuco, rouxinol, sinos, guizos, triângulo, trompete de brinquedo, tambor, bombo e pratos. (faixas 5/6 – 11’31). Adagio sostenuto (5’31); Finale (Lento-Allegro molto) (6’01).


LADO 2
HENRY KLING: SINFONIA DA COZINHA OP 445 Para piano com trompete, trompete de funil, copo de vinho, garrafa, caçarola, ferros de fogão, leiteira e tampas de lata. (faixa 1-5’57)
Para piano com pandeiro e triângulo (faixa 2-4’32) Nº 1 em sol; Nº 2 em mi bemol; Nº 3 em lá.

DANIEL STEIBELT: TRES BACANAIS OP 53 Para piano, violino e violoncelo, com cordoniz, rouxinol, triângulo, trompete de brinquedo e tambor. (faixas 3/5 – 12’00). I. Allegro con fuoco (4’38). II. Scherzo (Poco Vivace) (3’18); III. Rondo buriesco (Allegro, non troppo) (4’04).



CORNELIUS GURLIT SINFONIA DE BRINQUEDO (KINDERSYMPHONIE) EM DÓ OP
ETIENNE NICOLAS MEHUL: ABERTURA BURLESCA Para piano e violino com três mirlitons (flautas de cana), triângulo, trompete de brinquedo, tambor, matraca e assobio. (faixa 6-4’26).



RAYMOND LEWENTHAL Regendo do piano
Violino: Nathan Ross (e, em Reinecke, Marshall Sosson)
Violoncelo: Eleanor Aller – Trompetes: Malcolm McNab.
Instrumentos de brinquedo e percussão: Tom Raney (inclusive solo de pandeiro) e ainda:
Dale Anderson – Hubert Anderson – Larry Bunker – Riche Lepore – Wally Snow – George Sponhaltz.


Aqui está um disco para quem tem tudo. Música para acordar. Música para surpreender os amigos. Música para o Natal. Música para as crianças. Uma açucarada aula sobre pílula. Uma pesquisa sobre os costumes de tempos idos.
Ouça e ria!
Mas acima de tudo, e para variar, aqui está a música feliz – frívola, até mesmo tola, dirão alguns...mas quem pode negar sua felicidade? Foi escrita para ocasiões felizes, para um mundo que era próspero, seguro e certo, um tempo em que a vida de família era o centro da vida e quando a música no lar era feita no próprio lar. Vem de um tempo em que as rachaduras no reboco da sociedade eram escassamente visíveis a olho nu.
Este disco é a evocação de uma era: o século 19; e de um lugar; o lar...o lar confortável do burguês bem posto, onde as pessoas tinham lazer mas não dinheiro muito que lhes permitisse ser muito indolentes ou muito preocupados com os cuidados de superintender suas fortunas para que pudessem tratar de seus próprios entretenimentos sem recorrer a alugá-los ou pagá-los.
Há muito tempo, há cem anos ou mais, quem quer que estudasse alguma coisa estudava música. Era parte da educação. Devia ser aprendida como se aprendia o ABC. Não se estudava música soe se a pretendêssemos como profissão, nem se decidia por ela profissionalmente apenas porque se era capaz de tocar uma escala decentemente ou emitir um som agudo (como acontece cada vez mais hoje em dia).
Não...a música, o desenho, a caligrafia, a declamação, tudo isso fazia parte da educação geral daquelas classes que podiam usufruir de algum lazer para adquirir qualquer tipo de educação que fosse, complementos da cultura de uma vida civilizada. A música naqueles dias era parte de todas as ocasiões familiares, das tranqüilas noites em casa às grandes reuniões festivas, quando parentes vinham de longe e a casa se enchia de risos (bem comportados!) de crianças, do calor da lareira e de toda a felicidade que os seres humanos são capazes naqueles períodos em que as preocupações, a miséria e a tristeza podem ser afastadas, esquecidas ou escondidas em armários. A única música mecânica disponível então era a da caixa de música que ficava a um canto da sala de visitas. Toda outra música tinha que ser feita. As pessoas elevavam suas vozes em canções e criavam sons com a ajuda de seus pulmões e de seus dedos. Os compositores eram mantidos ocupados fornecendo música para atender a todas as necessidades. Desse modo veio a maioria dos LIEDER de Schubert, Schumann e Brahms, a maioria da música de câmara e para piano e quatro mãos a grande quantidade de música escrita para duas mãos.
E também desse mundo veio a música para este disco. Esta era a música de que toda a família podia participar...os mais velhos tocando em instrumentos “sérios”, tais como o piano, o violino e o violoncelo, enquanto que as crianças cuidavam do barulho organizado na forma de guinchos, pipilar, batidas e tudo mais. Algumas vezes os mais velhos assumiam todas as partes, para a alegria das crianças. Outras vezes as crianças eram bastante adiantadas para cuidar de tudo, para vasto entretenimento dos embevecidos adultos.
Assim, as sinfonias de brinquedo formam uma literatura não desconsiderável. (Os franceses as chamavam SYMPHONIES BURLESQUES, ou FOIRES DES ENFANTS – Feiras das Crianças; os Alemães as chamavam KINDERSYMPHONIEN – Sinfonia das crianças). Sua popularidade as tornou um negócio lucrativo para os editores, que vendiam não apenas a música mas também os instrumentos de brinquedo. As sinfonias de brinquedo recuam bem mais no tempo. Tanto Carl Philipp Emanuel Bach quanto Michael Haydn fizeram experiências com a idéia, e agora parece bem concludentemente provado que a “Sinfonia dos Brinquedos de Haydn” foi realmente escrita por Leopold Mozart. Uma inspiração para escrever esta espécie de música veio, no século 18, da existência de uma industria de brinquedos mundialmente famosa nas montanhas vizinhas de Salzburgo...não distante de Berchtesgaden (que, ironicamente, mais tarde se tornou abominável por ser o ninho de Adolf Hitler). Durante os longos meses de inverno os camponeses, confinados na maior parte do tempo em suas cabanas, manufaturavam toda espécie de brinquedos musicais...canto de pássaros, tambores, matracas, assobios, trompetes de brinquedo e similares. A tradição das sinfonias de brinquedo cresceu e se expandiu nos países de fala alemã por todo o século dezenove e também em outros países, ainda que nunca na mesma extensão.
Um dos meus hobbies musicais (eu os tenho muitos) tenho sido a coleção de Sinfonias de Brinquedos. As apresentadas aqui são uma seleção entre as melhores dentre muitas. Todas estas peças foram escritas com afeto, com imaginação e cuidado e, dadas as limitações de afinação dos brinquedos (os cucos são um tanto ingênuos), deve-se admitir que contém música deliciosa. As partes para os brinquedos são sempre escritas muito especificamente. Nada é AD LIBITUM ou deixado ao acaso. Pretende-se dos executantes que sigam todos os ritmos e marcações com escrupulosa atenção e as obras realmente só soam bem quando tocadas com o mesmo cuidado com que foram escritas.
A primeira vez que regi uma Sinfonia de Brinquedo foi numa apresentação beneficente de gala, há poucos anos, em Newport, o famoso lugar elegante de veraneio americano. O concerto teve lugar no “cottage” de cem aposentos dos Vanderbitts, The Breakers. Os brinquedos - bandejas, taças de vidro etc. – foram manejados por pilares do matronato de Newport. Essas formidáveis damas levaram seu trabalho muito a sério e formaram uma orquestra muito conscienciosa. No concerto cobriram-se de glória (e fizeram apenas o mínimo de entradas erradas). Outras execuções de brinquedos que dirigi, incluindo entre os executantes alguns musicistas bem conhecidos, algumas vezes tiveram menor nível artístico devido ao fato de que alguns dos executantes profissionais pareciam tem mais dificuldades em contar corretamente do que as minhas matronas de Newport.
Em Newport houve, porém , um grande desastre. Antes do primeiro ensaio foi feito um tour pelas grandes casas com o propósito de “ouvir” as taças de vidro, a fim de encontrar uma que tivesse o timbre e o tom apropriado. A dama responsável pela parte muito importante da taça, embora excelente musicista, não havia ainda dominado a técnica de operar a baqueta com um pouco mais de vigor e estilhaçou em mil pedaços uma enorme taça de cristal, muito cara e muito preciosa...pondo assim quase um fim às sinfonias de brinquedo em Newport.
Notas de RAYMOND LEWENTHAL.

Um comentário:

Anônimo disse...

oi
como consigo ouvir este disco?
tudo bem com vc?
se tiver como me avise
abraços

claudia
cantos encantos