Carta Resposta a uma Amiga Legionária.
THEMA
O Autor de O Vampiro (A Bíblia dos Adolescentes) (1)
- Este livro é de tua autoria ou estás transcrevendo uma obra de outro autor ?
Cara Amiga Legionária, o Livro O Vampiro (A Bíblia dos Adolescentes). Autor: Alcio. O nome dele é Alcio, simplesmente Alcio (sem sobrenome, sem história).
Pode parecer fantasioso, mas assim ele sempre se apresentou. Assim o era, assim o é.
Seu passado, sua história, um enigma. Nunca fazia um comentário sequer sobre sua vida, só sabíamos que era Médico Pediatra - e dos bons, segundo todas as mães que usavam de seu atendimento ao visitá-lo, seja qual fosse a hora, ele sempre atendia as mães e as crianças...
Eu estava de frente pela primeira vez com um discípulo do Irmão Bezerra de Menezes(2) e não sabia...
Não sabia nada, como nada sei hoje. Só sabia que Ele, o Alcio, somente Alcio (com ênfase), amava a cultura, era apaixonado pelas Artes e foi esta uma das razões de minha aproximação daquele ser singular, que andava com trajes simples, camisas brancas amareladas pelo tempo e calça jeans desbotada, falava e tinha como seus maiores amigos os cachorros e tantos outros afazeres considerados anormais para um grupo da sociedade. Um personagem da literatura ou de algum samba dos anos 50.
Assim o viam os poetas e sonhadores, (me incluo nesta lista). Já para os que dele se serviam com uma consulta a qualquer hora do dia e alguma ajuda financeira: Um bom homem muito obrigado e adeus!!
Assim o viam os poetas e sonhadores, (me incluo nesta lista). Já para os que dele se serviam com uma consulta a qualquer hora do dia e alguma ajuda financeira: Um bom homem muito obrigado e adeus!!
As histórias eram tantas que seguro daria outro livro. Lá fui eu conhecer sua 'casa', que tinha na fachada letras caídas, dava-se para perceber que algo ali não aconteceu como o dono gostaria pois ainda que as letras fossem em madeiras caras e bonitas, estavam dependuradas por míseros pregos - "CENTRO CULTURAL TEATRO DOS ADOLESCENTES" Isso soube depois, pois o que restava era "CE T O CULT TEATRO D ADOLES E T " Pode parecer poético mas, de fato, o que estava ainda inteiro, sem um desgaste, naquela casa era o "Teatro", que Alcio construiu sublime e rico em detalhes, lindo, belo, encantador. É preciso sinônimos e redundância.
Em meus olhos de ver ainda estão as poltronas vermelhas aveludadas, o camarim... Que luxo!!Era um oásis, para nós sedentos de artes, no meio daquela balburdia, de ruas sem asfalto e sem esgoto, de lixos nas esquinas, de gente sem esperança.
Quiçá aquele teatro em um bairro da Zona Sul do Rio seria mais um, porém alí, naquele bairro era único, em este o motivo de meu entusiasmo e inspiração para redigir esta carta cibernética, como a letra de um velho samba que compus (Voltei para resgatar a "primeira caridade"(4). Em verdade, Em verdade ouça o que diz o Espírito....) e vamos a piscina...
Sim Legionária e Amiga, ainda havia uma piscina de ladrilho, uma glória nos dias quentes de verão, assim dizia o sorriso das crianças que nela nadavam, o mesmo sorriso que dei ao mergulhar naquele teatro de sonhos...
Era totalmente abissal para mim, ao menos naquele momento, pensar que havia um teatro a em cima de uma casa em um longínquo sub-bairro do Rio de Janeiro.
Tão absurdo como a minha ideia de abrir um Café, por consequência, três meses depois fechava Falido, com F maiúsculo... "Atelier Café" ... Por falta de recursos financeiros, também neste sub-bairro.
Nome pomposo, não é Amiga Legionária?... Atelier Café... Pois foi neste, ainda que pareça fantasia, ao som de um "chorinho" na hora da Ave, Maria!, que meu pai chegou e sentou-se à mesa. O Café estava vazio como de costume. Eu, do outro lado do balcão, saudei-o e recordo que (reclamando um pouco da situação) e disse:
_ Vou preparar um café!
Quando fui levá-lo à mesa, papai já estava a desfrutar de "A Morte e a Morte de Quincas Berro D'agua" de Jorge Amado.
No Atelier Café, havia uma espécie de cestos de livros, a ideia era enquanto "uno" tomara um bom café, desfrutaria da leitura que lhe apetecesse mais, caso gostasse do livro, poderia comprá-lo, porém na maioria das vezes levava-o de graça. Eu não suportava a ideia de alguém gostar de um livro e não poder desFrutá-lo...(Óia o F maiúsculo ahi.... E por ironia houve, depois, um momento em minha vida, que não tinha no bolso 50 cents para tomar um café... Barbaridade!!! E eu que já tive um Café!!!!!! )
Bem, voltemos ao papai, que saboreava um bom café e ria com a história de Jorge Amado. Meu Pai quis dizer-me tantas coisas naquele dia que não fui capaz de compreender. Seu olhar está em mim, até hoje. Doce e singular. Dias depois de este acontecimento papai voltaria a pátria espiritual(5) e eu me perderia, até achar-me novamente na casa do Alcio, a do teatro em cima, no quintal a piscina, na varanda gente. Gente pobre e sopão...
Bem, sem esperança e sem pai , comecei a frequentar a Casa de Alcio.
A Casa Cultural que não aconteceu.
No pequeno rádio na cozinha Alcio (ouvinte que liga e não desliga) da Super Rede Boa Vontade de Rádio(6), José de Paiva Netto(7) pregava o Apocalipse de Jesus para os Simples de Coração, (agora sei e escrevo com Bom Animo, porque sou Legionário da Boa Vontade Sim, porém na época zumbido em meus pobres ouvidos).
Recordo uma vez a tarde, enquanto tomávamos café.
Alcio disse-me: _
_Escuta o que Paiva diz!
Porém estava distante de esta sintonia. Me considerava intelectual, ora bolas! Intelectual não misturava Deus nas coisas dos homens e quando o fazia, Meu Deus! Era um discurso antropomórfico, deus com d minúsculo, o deus semelhante ao homem!!
Ainda recordo muito bem e claramente minha prepotência e fala sem conhecimento de causa!! Não há Amiga Legionária, coisa mais a gosto para um ser brasileiro que se diz socialista, esquerdistas, marxistas e outros istas mais, ainda que não haja lido um livro inteiro destes pensadores, que falar mal do sistema, de Deus e das religiões...(Amigos(as) e irmãos(ãs) intelectuais, não incluo todos somente os que não lêem toda a obra).
Havia uma biblioteca pequenina e humilde na Casa, como sempre fazia questão de dizer seu dono, em esta havia vários autores e títulos de José de Paiva Netto, também não foi ali que o lí.
Havia a Sopa do Zarur (3), pois, na casa havia um quintal com uma parte coberta ao lado da piscina. Em este pedaço coberto ele realizava o Sopão. Se não me engano, três dias na semana mas sua vontade mesmo era que fora todos os dias....
Ainda conservo sua imagem de alegria única, na frente de um pequenina 'mureta' que separava as 'panelonas' em cima de um fogão industrial do quintal. Seu rosto era a expressão de uma felicidade que somente um servo de Deus pode ter!!
Com o braço direito cruzando os peitos, a mão servindo de apoio ao cotovelo esquerdo para que esta mão pudesse livremente acariciar toda a barba espessa.
Assim estava nosso Ermitão Alcio, um de tantos, como disse acima ,apelidos dados pelo povo, como sempre, criativo. O chamava de todos estes nomes que os homens costumam denominar: os 'loucos' na face da terra (não os loucos maníacos, esta é outra categoria).
Alcio, o autor de O Vampiro, é o poeta sonhador. O que resgatou num sub-bairro em pleno século XXI a Sopa do Zarur. Ah!! Quando os mais antigos chegavam lá e assim o comparavam ele ficava mais feliz do que actor em início de carreira ,sendo assediado por fãs a lhe pedir autógrafo....
Era totalmente abissal para mim, ao menos naquele momento, pensar que havia um teatro a em cima de uma casa em um longínquo sub-bairro do Rio de Janeiro.
Tão absurdo como a minha ideia de abrir um Café, por consequência, três meses depois fechava Falido, com F maiúsculo... "Atelier Café" ... Por falta de recursos financeiros, também neste sub-bairro.
Nome pomposo, não é Amiga Legionária?... Atelier Café... Pois foi neste, ainda que pareça fantasia, ao som de um "chorinho" na hora da Ave, Maria!, que meu pai chegou e sentou-se à mesa. O Café estava vazio como de costume. Eu, do outro lado do balcão, saudei-o e recordo que (reclamando um pouco da situação) e disse:
_ Vou preparar um café!
Quando fui levá-lo à mesa, papai já estava a desfrutar de "A Morte e a Morte de Quincas Berro D'agua" de Jorge Amado.
No Atelier Café, havia uma espécie de cestos de livros, a ideia era enquanto "uno" tomara um bom café, desfrutaria da leitura que lhe apetecesse mais, caso gostasse do livro, poderia comprá-lo, porém na maioria das vezes levava-o de graça. Eu não suportava a ideia de alguém gostar de um livro e não poder desFrutá-lo...(Óia o F maiúsculo ahi.... E por ironia houve, depois, um momento em minha vida, que não tinha no bolso 50 cents para tomar um café... Barbaridade!!! E eu que já tive um Café!!!!!! )
Bem, voltemos ao papai, que saboreava um bom café e ria com a história de Jorge Amado. Meu Pai quis dizer-me tantas coisas naquele dia que não fui capaz de compreender. Seu olhar está em mim, até hoje. Doce e singular. Dias depois de este acontecimento papai voltaria a pátria espiritual(5) e eu me perderia, até achar-me novamente na casa do Alcio, a do teatro em cima, no quintal a piscina, na varanda gente. Gente pobre e sopão...
Bem, sem esperança e sem pai , comecei a frequentar a Casa de Alcio.
A Casa Cultural que não aconteceu.
No pequeno rádio na cozinha Alcio (ouvinte que liga e não desliga) da Super Rede Boa Vontade de Rádio(6), José de Paiva Netto(7) pregava o Apocalipse de Jesus para os Simples de Coração, (agora sei e escrevo com Bom Animo, porque sou Legionário da Boa Vontade Sim, porém na época zumbido em meus pobres ouvidos).
Recordo uma vez a tarde, enquanto tomávamos café.
Alcio disse-me: _
_Escuta o que Paiva diz!
Porém estava distante de esta sintonia. Me considerava intelectual, ora bolas! Intelectual não misturava Deus nas coisas dos homens e quando o fazia, Meu Deus! Era um discurso antropomórfico, deus com d minúsculo, o deus semelhante ao homem!!
Ainda recordo muito bem e claramente minha prepotência e fala sem conhecimento de causa!! Não há Amiga Legionária, coisa mais a gosto para um ser brasileiro que se diz socialista, esquerdistas, marxistas e outros istas mais, ainda que não haja lido um livro inteiro destes pensadores, que falar mal do sistema, de Deus e das religiões...(Amigos(as) e irmãos(ãs) intelectuais, não incluo todos somente os que não lêem toda a obra).
Havia uma biblioteca pequenina e humilde na Casa, como sempre fazia questão de dizer seu dono, em esta havia vários autores e títulos de José de Paiva Netto, também não foi ali que o lí.
Havia a Sopa do Zarur (3), pois, na casa havia um quintal com uma parte coberta ao lado da piscina. Em este pedaço coberto ele realizava o Sopão. Se não me engano, três dias na semana mas sua vontade mesmo era que fora todos os dias....
Ainda conservo sua imagem de alegria única, na frente de um pequenina 'mureta' que separava as 'panelonas' em cima de um fogão industrial do quintal. Seu rosto era a expressão de uma felicidade que somente um servo de Deus pode ter!!
Com o braço direito cruzando os peitos, a mão servindo de apoio ao cotovelo esquerdo para que esta mão pudesse livremente acariciar toda a barba espessa.
Assim estava nosso Ermitão Alcio, um de tantos, como disse acima ,apelidos dados pelo povo, como sempre, criativo. O chamava de todos estes nomes que os homens costumam denominar: os 'loucos' na face da terra (não os loucos maníacos, esta é outra categoria).
Alcio, o autor de O Vampiro, é o poeta sonhador. O que resgatou num sub-bairro em pleno século XXI a Sopa do Zarur. Ah!! Quando os mais antigos chegavam lá e assim o comparavam ele ficava mais feliz do que actor em início de carreira ,sendo assediado por fãs a lhe pedir autógrafo....
ArnaldoNepu
1) Livro O Vampiro (A Bíblia dos Adolescentes) Alcio
2) Dr. Bezerra de Menezes: uma vida dedicada ao Bem http://www.religiaodedeus.org.br/inc/interno.php?cm=79423&ci=1&cs=52
3) LBV — Paiva Netto e Alziro Zarur — História, Educação, Fundação http://www.lbv.org.br/index.php/a-lbv-/historia-mainmenu-30
4) Primeira Caridade — Carta à Igreja em Éfeso (Apocalipse de Jesus, segundo João, 2:4). http://www.paivanetto.com.br/index.php/pt/artigo?cm=20776&cs=31
5) Conheça a Origem da Religião de Deus a Religião do Amor Fraterno. http://www.religiaodedeus.com.br/index.php
6) Super Rede Boa Vontade de Rádio
José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta, nasceu em 2 de março de 1941, no Rio de Janeiro/RJ, Brasil. É diretor-presidente da Legião da Boa Vontade (LBV), membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter). Filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central.
Um comentário:
Vida,Sonho,Esperança,Perda,Renascimento...Palavras que são puros sentimentos....e sentimentos reais e não obra de ficção.
Assim é tua história, assim é tudo que faz...
Pe Zezinho disse e eu digo-lhe:
Queria ser tua amiga.
Nem demais nem de menos,
Nem tão longe, nem tão perto,
Na medida mais precisa que eu puder.
Sem tirar-te a liberdade,
Sem jamais te sufocar,
Sem forçar a tua vontade.
Nem ausente, nem presente por demais,
SIMPLESMENTE,CALMAMENTE , SER-TE PAZ.
Jesus esteja sempre presente.
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